DJALMA ARGOLLO



Expositor espírita muito conceituado, escritor com vários
livros publicados e outros no prelo, médium e presidente
do Núcleo Espírita Sintonia em Ilhéus-Ba. Graduado em
Processamento de Dados e Análise de Sistemas. Já
proferiu belíssima palestra em Sousa.



Entrevista com Djalma Argollo.

OÁSIS - Fala-se muito, atualmente, no apocalipse, em virtude da crise de valores  que a humanidade está vivendo. O que significa este momento para nós?

DJALMA - Estamos num momento de transformações profundas. Os sociólogos dizem que estamos vivendo já o período que chamam: Pós-industrial. Os valores da Sociedade Industrial estão caindo um por um, principalmente no que se refere à visão do trabalho. Allan Kardec, com sua profunda intuição já chamava a atenção em A Gênese para o fato de que a humanidade não passaria por um cataclismo, como auguravam as profecias, mas que suas entranhas seriam

revolvidas. É isto que está acontecendo. O resto é apenas histeria de fundamentalistas.

OÁSIS - O Dr. Hernani Guimarães Andrade acredita que até o ano 2010 ou 2015, no máximo, a reencarnação estará oficialmente inserida no contexto acadêmico.

Como você vê essa perspectiva?

DJALMA – Dr. Hernani é um homem bem informado, que mantém ligações com todo o mundo científico, principalmente na área da Parapsicologia. Acredito que ele diz ele pelo notável trabalho de pesquisa que Ian Stevenson vem realizando, o qual é um monumento de coerência precisão científicas. É pena que esse trabalho seja ignorado, principalmente, pelo público Espírita no Brasil.

OÁSIS - A Doutrina Espírita respeita todas as convicções filosófico-religiosas, mas, em contrapartida, é atacada sistematicamente por determinadas religiões, que na ânsia de denegri-la usam de má fé, confundindo-a propositadamente com seitas afro-brasileiras, amedrontando os fiéis até com o mito do diabo. Por que o Espiritismo incomoda tanto esses religiosos, que terminam agredindo a lei do amor preconizada por Jesus?

DJALMA - Como o Consolador, o Espiritismo é atacado pelos modernos Saduceus por ferir seus interesse, principalmente econômicos, da mesma forma que Jesus, que o prometeu, o foi. Libertando consciência diminui o lucro que eles procuram auferir, na tosa sistemática de sua ovelhas. Observe-se que Jesus chegou a condenar o sacrifício, base econômica de sobrevivência do clero judeu de sua época.

OÁSIS - O Professor Milton Santos afirmou que a globalização é o lado perverso do imperialismo econômico. Qual a sua visão sobre esta questão?

DJALMA - Esta é uma visão distorcida por um viés esquerdista. Desde que a primeira cidade-estado dominou a outra, a globalização começou. Atacá-la tem caráter demagógico e quixotesco, portanto sem qualquer resultado específico. Aliás, Jesus já lhe fixou o caráter determinista, quando preconizou o "um só rebanho e um só pastor". O Espírito Emmanuel, em "A Caminho da Luz", chega a colocar que o Império Romano já teria sido uma experiência nesse sentido. A globalização é um fato consumado, os sofrimentos sociais estão sendo causados pela incompetência governamental e dos órgãos de classe, principalmente os sindicatos, que não conseguem ver além do diminuto horizonte de seus interesses menores.

A globalização é uma fatalidade histórica. Durante o seu longo processo, as sociedades amargaram sofrimentos setoriais. Ficando da 1a. Revolução Comercial para cá, tivemos uma série de trabalhos que foram modificados, gerando desempregos setoriais. Desde que os artesãos perderam os seus instrumentos de produção, até a invenção do tear mecânico, foram modificações tão graves, que deu início ao “período dos vagabundos”, que alcançou maior gravidade, quando a máquina a vapor desbancou os meios de transporte tradicionais.

Hoje o fato se repete, numa escala maior, pois aqueles que estão na direção dos países, não deram o valor devido à revolução eletrônica, e não desenvolveram políticas de treinamento e de relocação de mão de obra. Hoje não tem desculpa, existem instrumentos adequados de verificação, por índices estatísticos, que sinalizam os problemas, antes que eles atinjam uma gravidade maior. A nossa crise, na verdade, não é de desempregados, mas de “inempregáveis”. O que é muito mais grave. Agora é correr atrás do prejuízo. Ficar condenando a globalização, é o mesmo que condenar os terremotos por destruir cidades. Não adianta nada. Melhor fazer como os japoneses, desenvolver métodos de treinamento e técnicas de construção que ajudem a minimizar suas conseqüências.

OÁSIS - Você acredita que a realidade do Espírito será a grande "descoberta" do século XXI?

DJALMA - Assim como a globalização, tratada na resposta anterior, o Espírito é uma realidade indiscutível. Allan Kardec o chama "uma das forças da Natureza", como tal, será impossível passarmos outro milênio, com os recursos que temos, sem que se o "descubra".

OÁSIS - O Brasil, no próximo milênio que se avizinha, atingirá a situação de coração do mundo e pátria do Evangelho, prevista pelo Espírito Humberto de Campos?

DJALMA - Particularmente não acredito, mas tenho para mim que entramos na rota que conduzirá a uma ascensão econômico-social sem precedente. Com a descoberta do Espírito, oficialmente, os olhos se voltarão para nós, pois somos o celeiro mediúnico do mundo, e aí, descobrirão a imensa contribuição do Espiritismo Brasileiro para a humanidade.

OÁSIS - Suas palavras finais para os leitores do OÁSIS.

DJALMA - Almejo que todos meditem mais sobre o momento que estamos atravessando, o qual significa a crise de passagem do planeta do nível de Provas e Expiação, para o de Regeneração. Isto implicará em mudanças econômicas e sociais profundas. E, como espíritas temos o dever de contribuir para que a crise seja menos dolorosa do que se apresenta. Por isso, deixemos a demagogia retórica dos retrógrados, que imaginam poder impedir a evolução humana.

O Espiritismo é a grande esperança para o ser humano sofrido destes dias, mas ele só poderá agir por nosso intermédio, não sejamos empecilho, mas facilitadores. Aos queridos irmãos de Vitória da Conquista, que vêm prestando inestimáveis serviços de esclarecimento neste período de transformações necessárias, minha gratidão e meu abraço.

DJALMA ARGOLLO

Publicado no Jornal Espírita "Jornal Oásis"

UEVC - UNIÃO ESPÍRITA DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA