Saudades do valoroso irmão Emerson Linhares, pois, após trabalhar na Casa do Caminho em Sousa, por motivos profissionais, vai residir, em 1996, na cidade de Mossoró-RN. Observando os documentos da Casa, relemos a sua carta de despedida, assim redigida:
Carta aos Irmãos
Jamais direi adeus, mas até logo.
É demasiado cedo para dizer adeus; e não direi. Até logo, vá lá! Então. “Até logo”.
Assim, caros irmãos que fazem a Casa do Caminho, despeço-me, saudoso, e ciente de que cumpri meu ciclo nesta terra tantas vezes pisada pelos velhos dinossauros; aqui me refiz, Graças a bondade de Deus.
Não parto com nenhuma mágoa das pessoas e da cidade. Não é necessário. Para mim, não há um mal que não traga o bem.
Mas não vou me deter em pormenores problemáticos, pois venho utilizar, acho que indevidamente, este pequeno e humilde veiculo de nossa comunicação para informar a minha partida - inevitável!
Não iria sem antes me despedir - e peço a compreensão de todos - da melhor maneira que achei ser: escrevendo.
Jamais direi adeus, mas até logo; jamais direi até amanhã, mas até um dia, porque mesmo longe de corpo, meu pensamento fica com vocês, e isso é o que verdadeiramente importa.
Também, não iria sem antes escrever, em mal traçadas linhas, sobre o pouco que aprendi. Mas creia: o pouco é de um valor inestimável, visto que nem todo dinheiro da terra poderia comprá-lo.
Pratiquemos o bem acima de tudo, pois tudo é fonte salvadora e caminho retilíneo para nosso objetivo primordial: a perfeição moral.
Sejamos humildes, pois de nada adianta subjugar nossos semelhantes. Ontem Senhor de Engenho que maltratava escravos, hoje escravo, de alguma forma, das misérias que assolam este planeta. Nada fora da Lei de Deus, que, do alto de Sua bondade, concede-nos uma nova chance para que refaçamo-nos do mal que praticamos em vidas passadas.
Vamos disseminar o Amor. Não na sua acepção vulgar e efêmera, mas na mais alta tradução espiritual. Para se ter Amor é preciso saber sentir; e para saber sentir tem que amar a Deus sobre todas as coisas. E amar a Deus não é render-lhe contemplação eterna. Ele não precisa disso. Precisa, sim, do nosso trabalho e do nosso esforço para que nos tornemos melhores a cada dia, a cada hora, a cada minuto e segundo; e, também, amemos ao próximo como a nós mesmos. Perdoando nossos inimigos; ajudando nossos irmãos carentes; entendendo os que sofrem por qualquer motivo.
Não, senhores! Não pensem que sou a sumidade espírita, porque verdadeiramente não o sou.
A teoria é bem mais fácil que a pratica, reconheço.
Pelo menos estou tentando e estou aprendendo.
Se não pôr em prática o que digo, de que adianta?
Deus não escuta as palavras, mas o sentimento. Mas os primeiros passos foram dados, e espero caminhar!
Agradeço sobretudo a Deus, nosso Pai, e aos irmãos do Espiritismo por ter reconhecido na Doutrina o verdadeiro sentido da vida.
Sem o Espiritismo estaria “morto”, acabado! Mas estou vivo e caminhando para a vida eterna coma certeza da recompensa.
A caminhada é longa e íngreme, bem o sei. E é isso que a torna mais gratificante.
Que o Senhor abençoe a todos. Que assim seja!
EMERSON LINHARES
Colaborador
Emerson,
A Casa do Caminho, em nome dos Irmãos do Caminho, manifesta o mais profundo sentimento de gratidão quando do seu convívio, há quinze anos, na certeza de que o Evangelho de Jesus fez morada em teu coração e lembramos aquela frase de Galileu Galilei (1564-1642) que tão bem comentavas: “Não se pode ensinar nada a um homem; só é possível ajudá-lo a encontrar a coisa dentro de si.”
Que o meigo Nazareno o fortaleça agora e sempre.
A Casa do Caminho e todos os Irmãos sempre de braços abertos.
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