Allan Kardec |
NA DIFUSÃO DO ESPIRITISMO
“E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos se não desfalecermos.” — Paulo. (GÁLATAS, 6:9.)
Difundamos sempre o Bem — falando, escrevendo e, sobretudo, esforçando-nos por sua exemplificação na vida cotidiana — mesmo que o mal resida ainda em nós, retendo-nos nas faixas da insegurança.
Divulgando-o, em todas as suas faces, esta¬remos não só consolidando o “pouco” já adquirido, mas, também, induzindo os que nos ouvem, nos lêem e nos observam, a que amem o Bem e ao Bem procurem afeiçoar-se.
Falemos, escrevamos e exemplifiquemos o Bem, segundo nossas possibilidades, ainda que se não tenha ele instalado em nossa alma, de forma definitiva.
Falemos de tudo que edifica.
Da Alegria — ainda que, muita vez, sejamos surpreendidos pelo desalento injustificável...
Do Altruísmo — embora observando que o egoísmo ainda se não ausentou de nossa realidade espiritual...
Do Desprendimento — como recurso à felicidade maior, mesmo que sintamos, em nós, o apego aos bens perecíveis...
Da Simplicidade — ainda que a ostentação, interior e exterior, fale de nossa condição...
Da Humildade — por sublime virtude evangélica, notando, embora, que o orgulho ainda é um companheiro semimorto nos escaninhos do nosso pensamento
Do Equilíbrio — por norma de engrandecimento moral; mesmo verificando que ainda não apresentamos condições para vivê-lo integral e plenamente...
Utilizemos as energias de que dispomos para exemplificar o Bem junto aos nossos semelhantes, como precioso recurso de aproximação fraterna, embora ainda não o possamos praticar da maneira preceituada pelo Evangelho do Reino e pela Doutrina Espírita.
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A orientação do doutor de Tarso é oportuna e convincente, inclusive sob o ponto de vista da lei de Causa e Efeito, da qual o Espiritismo se fez também arauto: “E não nos cansemos de fazer o Bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.
Sim, companheiros de Ideal Espírita, difundam os sempre as coisas que edificam e constroem para a Eternidade.
Não consintamos que a nossa boca ou as nossas mãos se prestem à inglória tarefa de, pela palavra e pela pena, expandir o mal.
Nossas imperfeições não nos dão o direito de apologizarmos o mal, em qualquer de suas expressões; apesar delas, sentimos o imperativo de enaltecer da vida, que é tão sublime e bela em seus objetivos, o lado bom, a fim de, que, servindo-nos ainda da inspiração de Paulo, não tenhamos a boca “cheia de maldição e de amargura”.
Emmanuel, iluminado Instrutor, no sentido mais exato que a palavra encerra, acentua, em educativa mensagem, que “a disciplina antecede a espontaneidade” — frase que, em nosso entendimento, pode ser assim traduzida: Até que atinjamos posição espiritual em que a atividade no Bem se realize com naturalidade, cabe-nos o imperativo de praticá-lo, contrariando, inclusive, nossos impulsos e sentimentos.
A evolução é fruto de constante esforço. Quem se entrega ao erro, ao erro se escraviza; quem dele sai, reintegra-se no equilíbrio, renova-se para a Luz.
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Difundamos e pratiquemos, incansavelmente, tudo quanto, pelo conhecimento já adquirido, constitui a razão de ser de nossas lutas e aspirações atuais — e que, no Grande Porvir, será luminosa e definitiva realidade em nosso caminho.
Usemos a palavra e a pena em favor do que é bom, do que ajuda, harmoniza e constrói; no entanto, é imprescindível não esqueçamos o imperativo da aplicação do que difundimos.
Todo o nosso empenho deve ser no sentido de nunca desmentirmos o que pregamos, muito embora nem sempre isto seja possível, dada a fragilidade de nossas conquistas espirituais.
Eventuais desacertos e enganos, consequentes da instabilidade que ainda assinala nossa posição evolutiva, não devem nem podem justificar, em hipótese alguma, transformemo-nos em semeadores do desânimo e do egoísmo, da avareza e da ostentação, do orgulho e do desequilíbrio.
Nosso dever imperioso, na difusão do Espiritismo, consiste em fazermos que nossas mãos e bocas veiculem sempre, em quaisquer circunstâncias de nossa vida, a frase de esclarecimento e de consolação. Falando, escrevendo e praticando, na medida de nossos recursos, o Infinito Bem, contribuiremos para que a Doutrina Espírita, sob o radioso pálio do Evangelho do Senhor, cumpra, por divino emissário da Esperança e da Caridade, seus objetivos junto ao coração humano.
Fonte: Reformador – agosto, 1964
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