AUTORITARISMO NA CASA ESPÍRITA – COMO COMBATER?
Autoritarismo e Espiritismo são duas coisas que não combinam.
A casa Espírita não é uma empresa e nem um clube de futebol onde se busca produção e grandes lucros e, sim, uma entidade religiosa assistencial onde se prega e se pratica o amor, a humildade e a caridade.
É um local onde congrega pessoas comprometidas com o amor e vontade de doar o melhor de si. É claro que ainda somos seres imperfeitos a caminho da evolução, e buscamos na casa Espírita através do trabalho voluntário e do aprendizado um atalho para esse longo caminho evolutivo.
Enquanto estivermos nessa escola aprendendo ainda com passos vacilantes como de uma criança que está aprendendo a andar levando alguns tombos e até se machucando estamos sujeitos a erros, mas esses erros podem ser corrigidos à medida que vamos assimilando os ensinamentos recebidos nessa escola que é o Planeta Terra.
Nessa escola precisamos de bons professores para que possamos aprender. Mas não de apenas um professor catedrático e técnico, mas sim de um professor que tenha bom senso, compreensão e amor.
Que saiba lidar com as deficiências de cada um. E quem são esses professores? Esses professores são os Dirigentes das Casas Espíritas que precisam estar habilitados para exercer suas tarefas. Para fundar uma casa Espírita hoje em dia não é tarefa fácil. Precisa-se antes de tudo já ter uma equipe. E como conseguir essa equipe?
Quando formamos essa equipe, congregamos pessoas de diversas aptidões, conhecimentos e costumes diferentes tornando-se muitas vezes difícil formar um grupo coeso e convergente. É então aí que o Líder, ou Dirigente precisa ser capaz; ter espírito de liderança; de compreensão; de fraternidade, amor e alteridade para entender as deficiências de cada um e procurar ajudá-los a se integrar ao grupo e se tornar um bom colaborador.
Não se deve desprezar nenhum trabalhador porque todos eles são úteis e necessitam da casa para a sua própria evolução. É claro que existe um limite de tolerância.
Temos que analisar e preservar a doutrina. Temos que avaliar o grau de risco que a casa pode sofrer quando deparamos com situações que podem prejudicar o bom funcionamento e a harmonia da Casa. Mas mesmo assim devemos tentar ajudar usando todos os recursos que forem possíveis.
O Dirigente Espírita não pode ignorar que nos serviços da causa Espírita a que se empenha, muitas vezes será chamado a conviver com os afins e contrários nas relações interpessoais.
Nessa hora, se afeiçoa à vivência da ética espírita cristã, e é convocado naturalmente a selecionar o teor de suas emoções com os que lhe partilham a tarefa.
Como se posicionar frente aos que assumem declarada oposição contra o líder e suas idéias?
Como conviver harmoniosamente com os que pensam diferentemente do dirigente? Como se diz: seremos colocados numa saia justa; se tomarmos definições levando em conta a tolerância seremos obrigados a abrir mão de aspirações e permear por uma postura conivente.
Se definirmos pela exclusão, colocando os menos afins na pauta das aversões e das incompatibilidades, a nossa consciência expedirá uma queixa sistemática ao nosso sensível coração clamando pela adoção da fraternidade. Então o que fazer?
Usar o bom senso, a ponderabilidade e principalmente o amor.
Há autoritarismo em algumas Casas Espíritas? Infelizmente há.
Como combater o autoritarismo na casa Espírita? Eu não vejo uma fórmula técnica e, sim, uma tática que dependerá única e exclusivamente daquele que é autoritário que é a sua transformação moral embasada na melhor compreensão dos ensinamentos da própria Doutrina.
Conhecimento da Doutrina não só teórico, mas a prática é questão fundamental, porque aqueles que são autoritários não têm conhecimento da doutrina ou não entenderam as mensagens evangélicas de Jesus.
Ser enérgico quando necessário é uma coisa, outra coisa é ser autoritário não respeitando os seus próprios limites. Líder autoritário é sempre aquele que não aprendeu a viver com as diferenças. Que não aprendeu a motivar sua equipe para um bom relacionamento, criar boas idéias.
Ser assertivo e falar o sim ou não com razão e com modos inteligentes, sem ferir a pessoa; comunicar de forma certa. Onde há amor, tolerância, compreensão e respeito, tudo fica mais fácil. A base de tudo é a fraternidade e o amor. A tolerância é fator importantíssimo na questão do combate ao autoritarismo. A tolerância construtiva é aquela que gera as condições propícias, no íntimo e no exterior, para que haja o respeito, a convivência pacífica e, até mesmo, a possibilidade da iniciativa conjunta. Deve-se tolerar sempre sendo indulgente.
Deve-se tolerar incondicionalmente, abnegadamente e com paciência.
Tolerar compreendendo, pois cada pessoa tem seu grau evolutivo.
Deve-se partir do seguinte princípio:
Cada ser dá o que pode e o que possui nas construções espirituais, e ninguém guarda consigo valores e conquistas suficientes para decretar sentenças condenatórias. Cada qual, conquanto suas imperfeições faz o melhor que pode para colaborar, porque o faz com espontaneidade, por isso o trabalho na casa espírita é voluntário, é um trabalho de doação que tem por objetivo auxiliar os necessitados, mas em contra partida, os mais beneficiados são sempre os colaboradores, como por exemplo, nos trabalhos de passe o primeiro a receber é o passista.
Compete então ao dirigente respeitar a todos, orar pelos que os maltratam e seguir os seus caminhos, porque todos indistintamente já têm uma sentença consciencial com a qual se defrontarão principalmente no além-túmulo. Não podemos olvidar que assim como eles, vamos também enfrentar a verdade, o tribunal de nossa consciência. E será a hora de se perguntar: – fiz ao próximo o que gostaria que ele me fizesse? O lema é respeitar a todos sem exclusão.
Exclusão jamais.
Francisco Eloy da Silva
(Presidente do C. Espírita Missionários da Luz - S. Pedro)

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