terça-feira, 1 de junho de 2010

Você está preparado para viver?

Você está preparado para viver?


Muitos falam em preparação para a morte. É compreensível, já que é a única certeza que temos desde que nascemos: a de que iremos morrer um dia. Mas se conhecemos as Leis Divinas e acreditamos plenamente na reencarnação, sabemos que a morte não existe, e que a vida continuará em outra dimensão. Então vem a pergunta: você está preparado para a vida? Isso está muito longe de apenas estudarmos todos os fatores que nos levam até o suspiro final. Está no depois. Tudo o que fizermos desta vida é o que levaremos conosco para onde quer que sigamos - o que "fizermos" e não o que ‟tivermos"!

Outro dia assisti ao encontro de um senhor de 102 anos de idade com sua tataraneta, na maternidade. Envolvido por todo aquele sentimento de alegria e amor que todos manifestavam, perguntaram a ele qual conselho poderia dar para a recém-nascida. E foi aí que presenciei um momento de pura emoção, ao ouvir daquele senhor as seguintes palavras: “pequena Mariana - que a este mundo retorna - muitos irão lhe falar que vivemos momentos de crise; que provavelmente lhe serão reservadas dificuldades de todas as espécies no decorrer de teu caminho. Eu mesmo passei por vários momentos de aflição e incerteza. Não tenho muita experiência, nem sabedoria para lhe aconselhar nada, mas ainda assim, te digo: não dê ouvidos a essas pessoas; não que elas não tenham suas razões, mas sim porque aqui não temos tempo a perder! Aproveite cada momento, cada sorriso, cada conquista e cada dificuldade, pois a vida aqui passa muito rápido, minha querida.”

Interessante uma pessoa de 102 anos dizer que a vida passa rápido demais, não é mesmo? Quantas pessoas reclamam dos fatos que lhe acontecem, se atentam apenas às desgraças e as dificuldades, sem ao menos por um momento se lembrarem que tudo isso é proveniente de suas ações e escolhas, e em prol de algo melhor. É bom seguir em frente, percorrer os dias e fatores que foram reservados a cada um enquanto vivos na matéria, buscando o que há de melhor para nós, aprendendo com os próprios erros; afinal todos erram, e o desacerto é o primeiro passo para a correção, quando aceitamos, compreendemos, e nos perdoamos.

Preparar-se para viver exige de nós pequeninas coisas que fazem toda a diferença; como escutar o filho que lhe implora atenção naquele minuto que você está saindo para o trabalho e já está atrasado; como dar atenção aos momentos de lazer e calmaria, sem ficar na espera ansiosa pela segunda-feira; como proporcionar ao companheiro uma fração de seu inteiro dispor, dividindo tarefas simples com sorriso despreocupado, ou assistindo um bom filme de mãos dadas, como na época em que se paqueravam; respeitar os mais velhos como se fossem seus próprios avós, lhes dando atenção pelas experiências de vida com carinho e presteza, e não com o incômodo da dificuldade que eles possam ter para se expressar ou a tremedeira do Alzheimer que insiste em te distrair; ligar para sua mãe e dividir com ela uma conquista sua, da mesma forma que você fazia quando era adolescente. Enfim, são tantos e tantas pequeninas coisas que possibilitam um turbilhão de emoções em nossos corações, mas nós simplesmente nos acostumamos com a rotina. São esses mesmos fatores que muitas vezes nos dificultam a percepção da grandiosidade da vida e a consequência de tudo isso ao fechar dos olhos.

Afinal, fecham-se os olhos da matéria, despertam-se os olhos do espírito, e é aí que nosso preparo para a vida pode fazer toda a diferença na maneira como continuaremos, pois não basta estar disposto a morrer por algo; é necessário aprender a estar pronto para vivê-lo. Engana-se aquele que imagina que vencedores são apenas aqueles que escreveram seus nomes nos tablóides da história; esses são necessários e possuem seu propósito, mas no geral, vencedores efetivamente são os que se fizeram nas pequenas coisas do dia a dia. Muitas vezes julgamos que os grandes feitos foram conseguidos sem tropeços, mas desconhecemos os fracassos que impulsionaram aquele ser, auxiliando-o à persistência.

Fazer um caminho é importante. Nosso ser clama por registrar a nossa passagem pelo mundo e assinalar com os pensamentos a nossa personalidade e individualidade. Os caminhos não existem por si mesmos, eles são traçados ao andarmos. A boa conduta conforme se desenvolve, aumenta progressivamente nossa firmeza interior, arando o solo sobre o qual podemos andar seguros. A cada novo despertar e nova oportunidade que Deus nos permite, é bom lembrarmos que somos seres viventes, e não apenas sobreviventes. E como nos transformamos em alimentadores de esperança que agem pela bússola da boa vontade, atentando às ações e pensamentos? Através do questionamento pessoal e individual. Então, questione-se, aceite seu ser, e reflita se você está realmente se preparando para viver.


Transcrito do Jornal Espírita “À Luz do Espiritismo"

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