domingo, 10 de julho de 2016


A mediunidade de madre Teresa de Ávila 

 
Num velho sebo (loja de livros usados), folheei um livro interessante: Os santos que abalaram o mundo, de René Fülöp-Miller, tradução de Oscar Mendes, Livraria José Olímpio Editora – 1948. 

Abro na página 353: Santa Teresa. Numa nota de rodapé, o tradutor informa que certos fenômenos de ordem sobrenatural são considerados pelo autor de maneira puramente natural. 

Cognominada  A Santa do Êxtase, que ela  descrevia como um voo para o alto, que se efetua no interior da alma com a velocidade de uma bala disparada de uma arma, Teresa de Cepeda y Ahumada, ou madre  Teresa de Ávila (ou Teresa de Jesus), canonizada em 1622, quarenta  anos após a sua desencarnação, foi uma religiosa e “mística” espanhola, reformadora da Ordem das Carmelitas e doutora da Igreja, nascida em Ávila, em 1515 e desencarnada em Alba de Tormes, em 1582. 

O autor do livro informa que “na vida extraordinária desta santa os acontecimentos naturais cruzam-se sobre esferas sobrenaturais, as ordens terrenas e celestes se misturam, visões emergem da percepção, o som de vozes humanas foi absorvido pelos chamados celestiais e a frágil forma humana serviu, em momentos de êxtase, de nave da abundância divina”. 

Ou seja, uma grande médium. Explica Allan Kardec, no capítulo XIV de  O Livro dos Médiuns, que toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium, e que essa faculdade é inerente ao homem. Pode-se dizer que todos são  mais ou menos médiuns, embora, usualmente, essa qualificação  se aplique somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada. 

Interessante que mesmo considerando os fenômenos como de ordem puramente natural, o autor confirma, nas entrelinhas, a mediunidade de madre Teresa: 

“Madre Teresa escreveu o que tinha aprendido na quieta solidão de sua cela, fora da confusão do tempo e do espaço, para além do dogma e da demonstração racional, para além de sua própria compreensão e da percepção dos seus sentidos. Descreveu as visitas de seu invisível Senhor e anotou a Sua vontade, que Ele lhe comunicava em palavras inaudíveis”. 

Entendemos que René Fülöp-Miller se refere a uma comunicação direta com Deus, mas sabemos que esta comunicação acontecia entre madre Teresa e os Bons Espíritos, naturalmente, sob a proteção de Deus. 

Grande Espírito! “Por meio de Teresa, a Igreja aprendeu uma vez mais que o Cristo era uma realidade viva, esse Cristo que os discípulos viram na estrada de Emaús, que Saulo de Tarso encontrara no caminho de Damasco...”, enfatiza  o autor. 

Sofreu. Mas soube suportar todas as dores. Como disse Van Gogh, em carta a seu irmão, “quanto mais caio aos pedaços, quanto mais inválido e fraco me sinto, tanto mais artista me torno; pois graças à doença concebo ideias em profusão para trabalhar”. Foi a doença que deu a Dostoievski o poder de produzir as suas maiores obras.   

Informações correlatas:

Segundo informações da contracapa do livro Perdoo-te: Memórias de um Espírito, da médium e grande vulto do Espiritismo na Espanha, Amália Domingo Soler – L.G.E. Editora (8. edição - 2003), o Espírito que ditou os escritos oralmente a Eudaldo Pagés, que os transmitiu a Amália, a qual os passou para o papel, embora se identifique como Íris, teria sido  Madalena. As comunicações aconteceram em Gracia, na Espanha, de 18 de fevereiro de 1897 a 23 de novembro de  1899. Eduardo ditava, Amália transcrevia. 

Os relatos do Espírito antecederam à existência de Madalena, quando fez parte de uma civilização que teria existido na Atlântida. Um dos últimos capítulos fala sobre a reencarnação do Espírito  como uma revolucionária religiosa – que teria sido a madre Teresa de Ávila. 

Observa o texto: 

“Nominá-la em um livro espírita causaria demasiado impacto há cem anos atrás? E quanto a elucidar que as visões e transes de madre Teresa eram simplesmente manifestações mediúnicas?”     

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br

São Paulo, SP (Brasil)
 

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