quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Mensagem a Pietro Ubaldi

O Calvário do Mestre não se constituía tão somente de secura e aspereza...

 Do monte pedregoso e triste jorravam fontes de água viva que dessedentaram a alma dos séculos.

 E as flores que desabrochavam no entendimento do ladrão e na angústia das mulheres de Jerusalém atravessaram o tempo, transformando-se em frutos abençoados de alegria no celeiro das nações.

 Colhe as rosas do caminho no espinheiro dos testemunhos...
Entesoura as moedas invisíveis do amor no templo do coração...
Retempera o ânimo varonil, em contato com o rocio divino da gratidão e da bondade!...
Entretanto, não te detenhas. Caminha!....

 É necessário ascender.

 Indispensável o roteiro da elevação, com o sacrifício pessoal por norma de todos os instantes.

 Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu. Mas erguido, em plena solidão, no madeiro doloroso por devotamento à humanidade, converteu-se em Eterna Ressurreição.

 Não temos outra diretriz senão a de sempre:

 Descer auxiliando para subir com a exaltação do Senhor.
Dar tudo para receber com abundância.

 Nada pedir para nosso Eu exclusivista, a fim de que possamos encontrar o glorioso NÓS da vida imortal.

 Ser a concórdia para a separação.

 Ser luz para as sombras, fraternidade para a destruição, ternura para o ódio, humildade para o orgulho, bênção para a maldição..

 Ama sempre.

 É pela graça do amor que o Mestre persiste conosco, os mendigos dos milênios derramando a claridade sublime do perdão celeste onde criamos o inferno do mal e do sofrimento.

 Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta.

 A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.

 O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e segurança.

 Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do céu para a defesa do aprisco?

 É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados.

 A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abismo.

 O cérebro sublimado não encontra socorro no coração embrutecido.

 A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegada à aflição ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos.

 Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humanidade, e o vento frio da desilusão soprará, de rijo, sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.

 É imprescindível a ascensão.

 A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior ainda mesmo coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram. Refaz as energias exauridas e volta ao lar de nossa comunhão e de nossos pensamentos.

 O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim.

 O farol no oceano irado é sempre uma estrela em solidão. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou.

 Avança.... Avancemos...

 Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor é o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.

 Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.

 Não exijamos esclarecimentos.

 Procuremos servir.

 Cabe-nos apenas obedecer até que a glória Dele se entronize para sempre na alma flagelada do mundo.
Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.

 O Evangelho é o nosso Código Eterno.

 Jesus é o nosso Mestre Imperecível.

 Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras, amedrontando, vergastando, torturando, destruindo...

 Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar.

Francisco de Assis

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