quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Psicologia da Felicidade


 
A Psicologia da Felicidade

Depois de quase trinta anos cuidando de pacientes deprimidos, o psicólogo Martin Seligman, de 61 anos, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos e também ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, resolveu inverter a situação, isso porque “sabia-se muito a respeito da depressao , mas quase nada sobre a essência comum das pessoas felizes”¹ –, declara Seligman. Com essas idéias na cabeça e diante de um teclado, Seligman escreveu seu novo livro Felicidade Autêntica (Editora Objetiva), desta vez para falar da “psicologia positiva”; o resultado foi um sucesso.


A “
psicologia positiva” tem como objetivo determinar o valor das emoções boas no equilíbrio físico e mental e foi criada há cerca de vinte anos, por um grupo de psicólogos e psiquiatras, entre eles, o psicólogo Martin Seligman.

Como dizia o poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), “é melhor ser alegre do que triste”; é
verdade, os felizes têm pressão arterial mais baixa e sistema imunológico mais ativo. O Ministério da Saúde divulgou o relatório de 2001 com as 100 principais causas de morte divididas em faixas etárias e o resultado é surpreendente. Na faixa etária de 45 a 64 anos a hipertensão arterial ficou em quinto lugar com 6.697 mortes; na faixa etária de mais de 64 anos a hipertensão arterial ficou em sétimo lugar com 16.086 mortes.²


Os felizes vivem mais? Essa pergunta quem vai responder é o dr. Seligman:


“O
estudo mais notável feito até hoje sobre felicidade e longevidade analisou o cotidiano de 180 freiras. Todas tinham a mesma dieta, leve e balanceada, e estavam livres, é claro, de drogas, álcool e cigarro. Como também convém a freiras, elas não eram suscetíveis a doenças sexualmente transmissíveis. Pois bem, mesmo assim, foi constatada uma diferença sensível de longevidade entre as mais e as menos alegres. Entre as primeiras, 90% ultrapassaram os 80 anos.

Do outro grupo, apenas 34% chegaram a essa idade”.¹


E o dinheiro traz felicidade? Com a palavra novamente o dr. Seligman:


“...Uma pesquisa baseada na lista elaborada pela revista F
orbes das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos constatou que, elas não são mais felizes que as de classe média. A riqueza tem uma correlação surpreendentemente baixa com o nível de felicidade. Os ricos são, em geral, só um pouco mais felizes que os pobres. Nos Estados Unidos, enquanto a renda aumentou 16% nos últimos trinta anos, o número de indivíduos que se consideram muito felizes caiu de 36% para 26%”.¹


E para re
forçar esta idéia o dr. Seligman complementa:


“...Você me perguntou sobre a relação entre felicidade e dinheiro. Pois
bem: um estudo feito com ganhadores de gordos prêmios de loteria revelou que, passada a euforia causada pela entrada de uma grande soma de dólares, todos retornaram a seu nível básico de felicidade”.¹


Kardec não podia deixar um assunto como esse fora dos livros básicos doutrinários, daí o s
eu comentário:


“...Para a maioria dos homens, o dinheiro tem ainda irresistível atrativo e
bem poucos compreendem a palavra superflúo, quando de suas pessoas se trata. Por isso mesmo, a abnegação da personalidade constitui sinal de grandíssimo progresso.”³

E complementa:


“Dar-se-ia o inverso, se a
opinião geral fustigasse o vício dourado, tanto quanto o vício em andrajos; mas, o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizeis. Sem dúvida; mas por que deixastes que as necessidades materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as consequencias.”


Pelo visto, dinheiro misturado com uma boa dose de
egoísmo e orgulho se transforma em um poderoso tóxico para a alma. Pois é, dinheiro é muito bom com bom-senso, razão e uma boa dose de altruísmo. O dinheiro não é tudo; parece, mas não é. Muitos pensam que só os ricos podem ajudar os pobres e por isso não fazem nada para minorar o sofrimento alheio. Leia o que diz Kardec:

“...Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar i
nativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva.”4


Outros associam felicidade a poder de compra. Será? Com a palavra o dr. Seligman:


“...Uma pesquisa realizada recentemente abordou um universo de mais de 1000
pessoas em quarenta países.
 Os responsáveis cruzaram o nível de satisfação pessoal com o poder de compra correspondente a cada lugar. O resultado trouxe obviedades e surpresas. Numa escala de 10 pontos, a nação de pessoas mais felizes e satisfeitas é a Suíça. Os Estados Unidos estão em sexto lugar. Já o Brasil aparece num surpreendente décimo lugar, à frente da Itália, um país rico, onde as pessoas têm um poder de compra quase quatro vezes maior. Isso significa que os brasileiros têm particularidades que contrariam a crença de que felicidade está necessariamente associada a mais dinheiro”.¹


Se não é o
sonho de consumo o ideal para a felicidade – que o digam os brasileiros – seria então a beleza física?


“A beleza física certamente traz vantagens adicionais. Mas o
fato é que a boa aparência exerce um efeito muito pequeno sobre a felicidade. Marilyn Monroe, para ficar num exemplo óbvio, era bela e profundamente infeliz”.¹


Depois do que disse o dr. Seligman, vale a
pena conferir o que diz os Espíritos superiores a Kardec:


“O novo corpo que ele (Espírito) toma nenhuma relação tem com o que foi anteriormente destruído. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Sem dúvida que este é unicamente
matéria, porém, nada obstante, se modela pelas capacidades do Espírito, que lhe imprime certo cunho, sobretudo ao rosto, pelo que é verdadeiro dizer-se que os olhos são o espelho da alma, isto é, que o semblante do indivíduo lhe reflete de modo particular a alma. Assim é que uma pessoa excessivamente feia, quando nela habita um Espírito bom, criterioso, humanitário, tem qualquer coisa que agrada, ao passo que há rostos belíssimos que nenhuma impressão te causam, que até chegam a inspirar-te repulsão. Poderias supor que somente corpos bem moldados servem de envoltório aos mais perfeitos Espíritos, quando o certo é que todos os dias deparas com homens de bem, sob um exterior disforme. Sem que haja pronunciada parecença, a semelhança dos gostos e das inclinações pode, portanto, dar lugar ao que se chama “um ar de família.”6


É
verdade que “as aparências enganam”; o corpo é como um espelho onde vemos o reflexo da realidade espiritual, como se fosse pincelado por um pintor impressionista, isto é, sobretudo pelo interesse em efeitos fugazes de luz e movimento, despreocupação com contornos, apesar da aversão aos tons sombrios.


E continua o dr. Seligman:


“A
depressão é dez vezes mais frequente hoje do que era em 1960. Ela também ataca cada vez mais cedo. Acredito que o que aconteceu foi um excesso de confiança nos atalhos que prometem a felicidade imediata: drogas, consumismo e sexo casual, entre outros exemplos. Tudo isso é fruto do narcisismo. E o narcisismo pode levar à depressão. Preocupar-se demais consigo próprio só faz intensificar tendências depressivas. Os profissionais da auto-ajuda vivem apregoando que todo mundo deve ‘entrar em contato com seus sentimentos’. Ora, há limite para isso. Talvez fôssemos mais felizes se nos preocupássemos mais com o outro”.¹


A conclusão do dr. Seligman é calcada no
puro bom-senso e eivada de humanismo cristão e não difere das palavras de Kardec, que diz:


“A sublimidade da
religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo. ”7


E mais adiante:


“Dentre os
vícios, qual o que se pode considerar radical?

 
Temo-lo dito muitas vezes: o
egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades.”


Se você que ser feliz entenda que “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO” e SORRIA, você está a caminho da felicidade!

Bernardino da Silva Moreira - RIE

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