Em Vigilância
Ouves a triste balada do sofrimento respingando apelos.
Em todas as vozes uma só voz: fome de paz.
Este equivocou-se; aquele traiu-se; esse emaranhou-se na própria leviandade; este outro perturbou-se na ilusão; aquele outro, revoltado, investe contra si mesmo em desvario.
A colheita é intransferível. Cada um dispõe da liberdade para semear onde, quando e como melhor lhe aprouver.
Ninguém, porém, se eximirá a fazer a viagem de volta, recolhendo.
Responsáveis pelos próprios feitos, estes fazem-se senhores austeros e graves, cobradores às vezes odientos e perversos, ou benfeitores amoráveis.
Por esta razão, a vida é oportunidade que se sucede, uma após outra, favorecendo reparação.
A cada instante podes modificar inteiramente o destino, graças à utilização boa ou má do ensejo que se te apresente em permanente convite.
Não descoroçoes, pois, em tua lida.
Assumiste um compromisso com Jesus.
Não te promete Ele a Terra nem o triunfo barato que transita enganoso.
Incita-te a uma grande violência: arrebentar as amarras das mentiras douradas, da ambição injustificável e da glória perturbadora.
Em contrapartida, propõe-te o triunfo perene sobre as paixões que tisnam a beleza lapidar dos sentimentos, que um dia Lhe deves oferecer, neles refletindo a Sua paz.
Nem receios, nem desconsiderações, nem o pavor que te pode induzir a uma sintonia negativa, nem a negligência que te conduza a atitude arbitrária.
As lições conduzem uma finalidade: aprendizagem. E aprendizagem é uma experiência que deves insculpir em teu mundo íntimo a soldo de sacrifícios para a redenção;
Policia-te. Não te permitas os sonhos utópicos ou os prazeres que te possam infelicitar no trâmite dos sorrisos iniciais para as tragédias culminativas.
O crime passional começa entre os júbilos dos galanteios descabidos.
O alcoolismo inveterado principia no aperitivo que, ao suceder-se, escraviza em inditosa embriaguez.
O vício, sob qualquer aspecto em que se apresente, pode ser comparado à fagulha inocente capaz de atear incêndios terríveis.
Sê jovial, não leviano.
Cultiva o amor, não a vulgaridade.
Faze-te afável, não perturbado pela emoção.
Guarda a previdência, não a mesquinhez.
Detém-te na vigilância, não na obstinação negativa.
Jesus é, para todos entre nós, o exemplo. Na linha de comportamento, é o mediador.
Equilíbrio seja o fiel das tuas aspirações.
Joanna de Ângelis
Do livro Oferenda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
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