sábado, 8 de outubro de 2011

Os deveres do Espírita


Os deveres do Espírita



Todo aquele que aceita a Doutrina Espírita assume o grave compromisso de Solidariedade, irmã gêmea da Responsabilidade. Elas andam sempre juntas.

O espírita verdadeiro não tem o direito de desconhecer os princípios básicos da Doutrina, porque, se não os conhece, não pode considerar­-se propriamente um espírita.

É tão grande a responsabilidade do espírita que ele não pode desvencilhar-se da responsabilidade que, mais do que antes, decorre dos seus atos e palavras. Quem está integrado na Dou­trina e sabe respeitá-la, transforma-se numa força atuante, positiva, no ambiente em que viva. Não é passivo nem dissimulado, não é indiferente nem apático. Pelo contrário, a sua integração nos postulados doutrinários confere-lhe a faculdade de se mostrar sempre ativo e franco, honesto e positivo, bem humorado e discreto. Todavia, a sua franqueza hão deve ser rude, contundente e negativa. Para ser útil, precisa mostrar-se amena, educativa e construtiva.


 
Há mil maneiras de se dizer e demonstrar o que nos vai na alma. Entre essas maneiras, há a que nunca se separa da compreensão, da tolerância, do comedimento, da sinceridade e, sobre­tudo da verdade simples.

O espírita tem o dever de policiar mais os seus atos e palavras do que os alheios, sem que isto importe em estimular, pela omissão ou tibieza, a má ação de que tenha conhecimento. Queremos dizer: se enérgico em profligar o que não lhe parece bem, quando feito por seus semelhantes, bem mais enérgico quando analisar os próprios atos e palavras.


 
Nunca o “conhece-te a ti mesmo” foi mais necessário do que em nossos dias. O espírita, antes de pensar reformar os outros, deve começar a reformar-se a si mesmo.

O exemplo é que define a legitima personalidade da criatura humana.

A Doutrina Espírita é um roteiro de auto-educação. Seu primacial objetiva é tornar cada

um de nós melhor, mais .humano, mais compreensivo, mais cristão. O mundo está cheio de cristãos sem Cristo, isto é, de criaturas que se intitulam cristãs quando não o são, porquanto não procedem consoante as lições do Mestre.


 
A Doutrina codificada por Allan Kardec educa, reforma, eleva, redime. Tudo, porém, depende de nós. Jesus veio dar-nos ensinamentos e exemplos para que saibamos buscar a salvação pelo nosso próprio esforço. Esta é a verdade. A sua missão na Terra foi grandiosa, sublime, incomparável. Desvirtuaram-na, deixaram-na ficar na superfície da pele, quando ela deveria alojar-se no coração humano.

A Doutrina Espírita está restabelecendo, a pouco e pouco, o domínio da idéia cristã na vida do homem, ensinando-o a compreender a razão da existência terrena, a necessidade retificadora da dor, o mapa cármico e sua ligação com e problema da reencarnação.

A solidariedade sadia é fraternidade cristã. “O Espiritismo amplia a noção de fraternidade. Demonstra por meio de fatos que ela não é unicamente um mero conceito, mas uma lei funda­mental da Natureza, lei cuja ação se exerce em todos os planos da evolução humana, assim no ponto de vista físico como no espiritual, no visível como no invisível. Por sua origem, pelos destinos que lhes são traçados, todas as almas são irmãs. Assim, essa fraternidade, que os messias proclamaram em todas as grandes épocas da História, encontra no ensino dos Espíritos uma base nova e uma sanção. Não é mais a inerte e banal afirmação na fachada dos nossos monumentos, é a fraternidade palpitante das al­mas que emergem, conjuntas, das obscuridades do abismo, e palmilham o calvário das existências dolorosas; é a iniciação comum no sofri­mento; é a reunião final na plena luz.” (Léon Denis.)

Solidariedade e responsabilidade são elos de uma mesma corrente. A vida nos mostra a todos os instantes que o auxílio mútuo se afirma eloqüentemente como força de coesão da existência moral. Essa é também uma imposição biológica a que ninguém escapa, nem, os mais fracos nem os mais fortes.

Todos somos como que elementos moleculares da vida de relação, na vida social, na vida espiritual. Isto esclarece a razão das pequenas e grandes coletividades, quer entre os chamados irracionais, quer entre os ditos racionais.

O instinto desempenha papel preponderante na aglutinação do seres. Mas só a educação facilita, com acerto, o disciplinamento do instinto. Ela refina o sentimento e prepara o homem para uma vida progressivamente mais compreensiva e melhor. Todavia, não podemos eximir-nos às conseqüências da Lei de Causa e Efeito, que é a bússola do Carma. Do nosso comportamento, em face dessa lei, depende a felicidade que ambicionamos.

O Espiritismo educa o homem para uma vida mais simples e sadia. O Espiritismo respeita a personalidade humana, porque lhe reconhece o livre-arbítrio, acatando-o. Nada impõe, nada exige, nada reclama. Mostra o roteiro e ensina como se pode segui-lo.

Eminentemente democrática, a Doutrina Espírita envolve toda a Humanidade, mas são os humildes e sofredores que nela encontram mais depressa o bálsamo para as suas dúvidas e aflições. Respeitando a liberdade da pessoa humana o Espiritismo afirma a necessidade de deixar ao homem, depois de esclarecido, a decisão dos rumos que desejar tomar, convencido, como diz Kardec, que, “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas a épocas da Humanidade”.

Com a Doutrina Espírita, o homem se torna senhor do seu destino.

Indalício Mendes
Revista Reformador.

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