domingo, 21 de agosto de 2011

O CISCO E A TRAVE NO OLHO




O CISCO E A TRAVE NO OLHO

Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho? Mt, 7: 3-5


É típico do ser humano ver o defeito, o erro, o mal do outro e não admitir o mal que está em si mesmo. Por orgulho, costumamos disfarçar nossos defeitos, tanto no plano físico quanto no plano moral. Ora, o orgulho é essencialmente contrário à caridade. A verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. Alguém que se considera muito importante e acredita na supremacia de suas qualidades dificilmente destacará no outro o bem que poderia fazer sombra à sua personalidade. Mais facilmente, apontará o mal que poderá realçar sua aparente “virtude”.


Aquele que vive apontando erros e falhas nos outros incorre em outra atitude censurável: a de julgar. Jesus disse: “Não julguem e vocês não serão julgados. De fato, vocês serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão medidos com a mesma medida com que vocês medirem”. (Mt, 7: 1-2) E quando lhe trouxeram a mulher que fora pega em flagrante cometendo adultério, lembrando-lhe que a lei de Moisés mandava que mulheres desse tipo fossem apedrejadas, o Mestre limitou-se a responder: “Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra”. (Jo, 8:7)


Com essa máxima, Jesus fez da indulgência um dever. Ninguém pode abrir mão da indulgência para si mesmo. Assim, não devemos julgar os outros mais severamente do que nos julgaríamos, menos ainda condenar no próximo o que desculpamos em nós mesmos. Antes de censurar uma falta de alguém, verifiquemos se não merecemos idêntica reprovação.


Censurar a conduta de uma pessoa para reprimir o mal pode ser louvável e até um dever, em certos casos, se disso resultar um bem. Se assim não fosse, o mal não seria reprimido na sociedade. Afinal, todos devemos ajudar o progresso dos semelhantes. Quando, porém, a censura tem por motivação tão-somente desacreditar a pessoa cujos atos são censurados, trata-se de maledicência; um mal, portanto.


Jesus não proibiu de censurar o mal. Ele mesmo fez isso em termos enérgicos quando expulsou os vendilhões do Templo, por exemplo. O que ele quis deixar claro é que a autoridade da censura é proporcional à autoridade moral daquele que a pronuncia. Quem se torna culpável daquilo que condena nos outros perde essa autoridade e se torna agente de repressão. Não há autoridade legítima aos olhos de Deus, senão aquela que se apóia sobre o exemplo que dá do bem.


Fonte: Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo X.
Site: Forum Espírita.


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