terça-feira, 17 de dezembro de 2019


O advento de Jesus

O povo judeu aguardava ansiosamente o Messias anunciado pelos profetas da Antiguidade, o qual, em chegando ao mundo, certamente libertaria Israel do jugo de Roma, mas Jesus veio e não foi absolutamente entendido pelos israelitas. Os sacerdotes não esperavam que o Redentor procurasse a hora mais escura da noite para surgir na paisagem terrestre, pois, segundo sua concepção, o Cristo deveria chegar em um carro correspondente ao seus poderes celestes e conferir a Israel a direção suprema dos povos que habitavam, então, o planeta.

Evidentemente, houve quem o reconhecesse como o Cristo anunciado pelos profetas da Antiguidade, embora tenha ele chegado humilde entre os animais de uma manjedoura e como filho de um simples carpinteiro. Entre os que o reconheceram devemos destacar aqueles que mais tarde se tornariam seus discípulos, apóstolos e seguidores, os quais puderam ouvir de sua própria voz, em diversas ocasiões, ser ele o Enviado do Pai, como mostram estes textos colhidos nos Evangelhos:

“Quem quer que me receba, recebe aquele que me enviou.” (Lucas, 9:48.)

“Aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou.” (Lucas, 10:16.)

“Aquele que me recebe não me recebe a mim, mas recebe aquele que me enviou.” (Marcos, 9:37.)

“Ainda estou convosco por um pouco de tempo e vou em seguida para aquele que me enviou.” (João, 8:42.)

Está bem caracterizado nas citações transcritas que Jesus falava em nome do Pai e que foi por Ele enviado, fato que mostra com clareza uma dualidade de pessoas e exclui a igualdade entre elas, visto que o enviado é, necessariamente, alguém subordinado àquele que o envia. Este pormenor merece ser meditado por todos quantos pensam que Jesus e Deus constituem uma única pessoa, ou que se situam em um mesmo nível evolutivo, um equívoco igualmente contestado pelas citações seguintes:

“Se me amásseis, rejubilaríeis, pois que vou para meu Pai, porque meu Pai é maior do que eu.” (João, 14:28.)

“Não tenho falado por mim mesmo; meu Pai, que me enviou, foi quem me prescreveu, por mandamento seu, o que devo dizer e como devo falar; e sei que o seu mandamento é a vida eterna; o que, pois, eu digo é segundo o que meu Pai me ordenou que o diga.” (João, 12:49 e 50.)

Os apóstolos, evidentemente, acreditavam ser Jesus o Messias aguardado, o que pode ser deduzido com facilidade das seguintes citações constantes de Atos dos Apóstolos:

“Que, pois, toda a Casa da Israel saiba, com absoluta certeza, que Deus fez Senhor e Cristo a esse Jesus que vós crucificastes.” (Atos, 2:33 a 36.)

“Moisés disse a nossos pais: O Senhor vosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta como eu. Escutai-o em tudo o que ele disser.
Quem não escutar esse profeta será exterminado do meio do povo. Foi por vós primeiramente que Deus suscitou seu Filho e vo-lo enviou para vos abençoar.” (Atos, 3:22, 23 e 26.)

 “Foi a ele que Deus elevou pela sua destra, como sendo o príncipe e o salvador, para dar a Israel a graça da penitência e a remissão dos pecados.” (Atos, 5:29 a 31.)

 “Mas, estando Estêvão cheio do Espírito Santo e elevando os olhos ao céu, viu a glória de Deus e a Jesus que estava de pé à direita de Deus.” (Atos, 7:55 a 58.)

 Não é difícil compreender que a vinda de Jesus à crosta da Terra envolveu intenso trabalho por parte de todos os Espíritos convocados a participar de sua gloriosa missão. Cada qual recebeu uma tarefa específica, de devotamento e amor, a fim de facilitar a vinda do governador espiritual da Terra aos planos inferiores.

Antes disso, Jesus já havia enviado às sociedades do globo o esforço de auxiliares valorosos nas figuras de Ésquilo, Eurípedes, Heródoto e Tucídides e, por fim, a extraordinária personalidade de Sócrates, entre os gregos. Na China encontraremos FoHi, Lao-Tsé e Confúcio; no Tibet, a personalidade de Buda; no Pentateuco, Moisés; no Alcorão, Maomé, de modo que cada povo recebeu, em épocas diversas, os instrutores enviados pelo Mestre.

A família romana, cujo esplendor conseguiu atravessar múltiplas eras, parecia atormentada pelos mais tenazes inimigos ocultos que, aos poucos, minaram-lhe as bases mais sólidas, mergulhando-a na corrupção e no extermínio de si mesma. A vinda do Cristo estava próxima e Roma, sede do mundo, parecia não se dar conta disso. A aproximação e a presença consoladora do Divino Mestre no mundo era, no entanto, motivo suficiente para que todos os corações experimentassem uma vida nova, ainda que ignorassem a fonte divina daquelas vibrações confortadoras.

As entidades angélicas do sistema, nas proximidades da Terra, movimentaram-se e várias providências de vasta e generosa importância foram adotadas. Foram escolhidos os instrutores, os precursores imediatos, os auxiliares divinos. Uma atividade única registrou-se, então, nas esferas mais próximas do planeta e, quando reinava Augusto na sede do governo romano, viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas maravilhosas, enquanto harmonias divinas cantavam um hino de sublimadas esperanças no coração dos homens e da natureza.

Cumpriam-se ali as profecias. Nascia Jesus e iniciava-se para o globo terrestre uma nova era, cujo advento é recordado pelos homens todos os anos, por ocasião do Natal.

Relembrando tais fatos, desejamos a todos os que nos leem um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo pleno de realizações, com muita paz, saúde e harmonia.

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO  

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