domingo, 11 de fevereiro de 2018


COLOMBINA

 

Júlia Cortines Laxe*

 

Mascarada mulher o rabecão trouxera.

Morrera em pleno baile a frágil Colombina

E, no egrégio salão de culto à Medicina,

4 O professor leciona, em voz veemente e austera:

 

-"Rapazes, contemplai! É rameira e menina.

6 Tombou ébria novicio e com certeza era

Devassa meretriz, mistura de anjo e fera,

8 Flor de lama e prazer, Vênus e Messalina.”.

 

Em seguida, a cortar, rompe a seda sem custo,

Desnuda-lhe, solene, a alva pele do busto,

Afasta, indiferente, as flores de rendilha...

 

No entanto, ao descobrir-lhe a face triste e bela,

O mestre cambaleia e chora junto dela...

Encontrara na morta a sua própria filha.

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4. Ler com sinérese: vee-men-te.

6. Leia-se com hiato: com/cer/te/za/e/era.

8. Para que possamos observar o gosto da poetisa para a alusão a nomes

celebres, quer mitológicos quer da vida real, cf. o soneto “A vingança de Cambises”

(apud Pan. III, págs. 246-247).

17.Cf. nota nº. 2, pág. 36.

21.Cf. nota nº7, pág. 62.

(*) “Júlia Cortines” – diz Péricles Eugênio da Silva Ramos (Pan.III, pág.246) – “é uma das poetisas selecionadas por Valentim Magalhães para figurarem na parte antológica de A Literatura Brasileira (1870 - 1895). Sua poesia afigura-se realmente parnasiana, de um comedimento e boleio de frases semelhantes ao de Francisca Júlia.” É ela, segundo afirma o poeta e ensaísta Darcy Damasceno (in A Lit. no Brasil, III. T.1, pág.376). quem “abre o desfile dos epígonos parnasianos”.

Sentimento, emoção, cuidado da forma, beleza expressional e correção métrica caracterizam-lhe os poemas, levando José Veríssimo a compará-la a celebre poetisa italiana Ada Negri (Apud E. Werneck, Ant. Brasileira pág. 507. (Rio Bonito, Estado do Rio, 12 de Dezembro de 1868 – Desencarnou em 19 de março de 1948.)

 

BIBLIOGRAFIA: Versos; Fragmentos; Vibrações.

 

ANTOLOGIA DOS IMMORTAIS

 

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Ditados por Espíritos Diversos

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