quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


A Prece

No aperfeiçoar-se, no renovar-se, o homem se modifica, supera as circunstâncias que o limitam, vence-as e as transforma a seu favor.


A prece eficiente é aquela em que os pensamentos e a vibração se elevam ao mais alto grau que possamos atingir, porque, externando os melhores pensamentos e os melhores sentimentos, nos pomos em sintonia com os da mesma natureza, nos colocamos em comunicação com aqueles que têm a incumbência de nos orientar e conduzir, criando para nós as melhores influências. É aquela dirigida para o Criador, aceitando as suas leis ou vontade, a dirigida em benefício do próximo, dos necessitados de toda espécie: doentes, pobres, dementes, reclusos, da infância e da velhice abandonadas.


Diz Emmanuel: “Através da prece o homem pensa que muda as circunstâncias, enquanto ele apenas muda a si próprio, porque é através da transformação de si próprio que o homem modifica as situações.”


Também André Luiz, no livro Nos Domínios da Mediunidade, Cap. XX, repete o mesmo quando fixa a observância de Aulus a respeito de uma prece feita por uma entidade em favor de outras, que se envolviam em determinada situação. Diz ele:


“Encontramos aqui precioso ensinamento da oração. Anésia mobilizando-a, não conseguiu modificar os fatos em si, mas logrou modificar a si mesma. As dificuldades presentes não se alteraram. Jovino continua em perigo, a casa prossegue ameaçada em seus alicerces morais, a velhinha aproxima-se da morte, entretanto nossa irmã recolheu expressivo coeficiente de energias para aceitar as provas que lhe cabem, vencendo-as com paciência e valor. E um espírito transformado, naturalmente, transforma as situações.”

Em outra passagem Emmanuel explica: “A medida em que orava, funda modificação se lhe imprimia no mundo interior. Os dardos de tristeza, que lhe dilaceravam a alma, desapareceram ante os raios de branda luz a se lhe exteriorizarem do coração.”


A prece deve externar nossa conformação perante as leis de Deus, nossos melhores sentimentos e pensamentos: isso que Jesus ensina no Pai Nosso. E é na compreensão desta verdade que S. Francisco estrutura sua inconfundível prece:

Fazei, Senhor, de cada um de nós, um instrumento de vossa paz;

Que onde haja ofensa, derramemos o perdão;

Onde haja discórdia, consigamos união;

Onde haja dúvida, acendamos a certeza;


Onde haja erro, anunciemos a verdade;


Onde haja desespero, semeemos a esperança;


Onde haja a tristeza, conduzamos alegria;


Onde haja trevas, difundamos claridade.


Mestre bem amado, não procuremos ser consolados, mas procuremos consolar;


Não busquemos ser compreendidos, mas busquemos compreender;

Não desejemos ser amados, mas desejemos amar;


Porque é dando que recebemos; é esquecendo-nos, que nos encontramos;

É perdoando, que somos perdoados;


É morrendo, que ressuscitamos para a vida eterna.


Realizar para a produção do bem comum, desenvolver na prece o melhor de nós mesmos, eis as forças que nos favorecem o engrandecimento. Por isso, Emmanuel assim nos exorta:


Clareia para que te clareiem.


Auxilia para que te auxiliem.


Estuda, servindo, para que o cérebro, hipertrofiado, não te resseque o coração distraído.


Indaga, edificando, para que a inércia te não confunda.
Fortalece o bem, para que o bem te encoraje.


Compreende a luta do próximo, a fim de que o próximo te entenda igualmente a luta.


Lembra-te, pois, da eficácia da prece e ora, fazendo o melhor, para que o melhor se te faça, sem te esqueceres jamais de que toda rogativa alcança resposta segundo o nosso justo merecimento.

Rino Curti

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