domingo, 29 de agosto de 2021

 

A BRANDURA


 

 Andradina América de Andrada E Oliveira*

 


Asserena-te e vara a desventura

No caminho de dor, áspero e azedo;

Serenidade – o lúcido segredo

Em que a vida se eleva e transfigura.


 

Tudo cresce na força da brandura.

 A água desgasta os punhos do rochedo;

Olha a chuva cantando no arvoredo,

A transfundir-se em pão, bondosa e pura.


 

De coração batido e lodo à face,

Inda que o fel da injúria te traspasse,

Semeia o bem que as mágoas  alivia...


 

Mesmo trazendo o peito por cratera,

Suporta, ampara e crê, ajuda e espera,

Que amanhã será sempre novo dia.


 

(*) Poetisa, contista, romancista, iniciou sua vida literária, quase menina, conforme afirma sua filha Lola de Oliveira em Minha Mãe!, escrevendo em inúmeros periódicos sul-riograndenses. Foi também teatróloga e aplaudida conferencista. Professora pela Escola Normal de Porto Alegre, com distinção em todas as matérias, a poetisa de Folhas Mortas lecionou em cursos particulares, em várias cidades gaúchas, depois de nove anos dedicados ao magistério público. Fundou um jornal literário feminino, O Escrínio, mais tarde transformado em revista ilustrada, e formou, segundo Antônio Carlos Machado, entre as maiores feministas brasileiras de sua época. De 1920 até à sua desencarnação, residiu na capital paulista. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 12 de Junho de 1878 – S. Paulo, 19 de Junho de 1935.)

 

BIBLIOGRAFIA: Folhas Mortas; Preludiando, contos; Cruz de Pérolas, contos ; etc.

 Do livro ANTOLOGIA DOS IMORTAIS

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

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