É
VERDADE, ACONTECEU NA CASA DO CAMINHO (10).
“E falou-lhes muitas coisas em parábolas...” (Mateus, 13:3)
Jesus
“ELE falou de lírios, da
vida, do trigo
Do corvo e do passarinho.
Foi simples e foi sábio ao
mesmo tempo
Por isso Suas palavras se
gravaram no coração do homem.
Falou do fermento, do pão,
De vestidos, de ovos,
peixes e candeias...
E vede como em Seus lábios
as coisas comezinhas
Divina luz destilam! ”
(AUTOR DESCONHECIDO)
Maria Eulina
Barbosa (Foto abaixo)
Seu nome é
Maria Eulina Barbosa, dizia que era cearense, da Capital, foi
casada, teve filhos, era dona de casa e desde que mora na “Casa do Caminho”,
tem um comportamento alegre, gosta muito de conversar sobre a família com quem convivia
antigamente. Um dos fatos mais interessantes sobre ela é que, morando há mais
de 16 anos na “Casa do Caminho” chega sem nenhum documento de identidade e nem
mesmo registro de nascimento, por esse fato, resolvemos adotar o dia da
criança, 12 de outubro, para comemoração do seu aniversário. Atravessou provas
quase insuportáveis, agressões físicas e morais diariamente, durante muitos
anos. Tendo noção e consciência da pobreza do seu plantio, foi obrigada a
colher o que plantou. Quanta ilusão com a beleza do corpo, quantas lágrimas
derramadas por seus filhos deixados ao léu. Como doí, dizia Eulina, não poder
voltar atrás e desfazer escolhas equivocadas. Na verdade, nos disse Chico
Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um
pode começar agora e fazer um novo fim.” Sua fortaleza intima já buscava o
Mestre ao afirmar: - Oh! Nosso amigo divino Jesus! Abrandai nossos corações!
Relatava para as visitas, de que era mãe de um filho
muito inteligente, bonito e carinhoso, e, por motivo de seu trabalho, no Exército
brasileiro, era muito ocupado e não podia visitá-la na Casa do Caminho. Por esse
motivo, a sua felicidade era saber do importante papel que exercia em defender
a Pátria amada.
Um fato interessante, foi a proteção que ganhou
dentro da Casa do Caminho, de um Idoso que a respeitava pelo dor que atravessou
nessa existência, sempre atento, se condoendo de sua fragilidade e conhecedor
daquilo que ela gostava, por exemplo, adorava laranja, e em cada prato vinha
duas laranjas descascada para cada Idoso. Esse Idoso sabendo de sua predileção,
deixava de chupar suas laranjas e passava para Eulina. No domingo, o almoço era
galinha cozinhada, cabendo a cada um dois pedaços de galinha, contudo, esse
bondoso Idoso, deixava de comer sua galinha e repassava para Eulina, que rindo
e admirada, percebia que seu prato continha quatro pedaços. Apenas sorria graciosamente
e agradecia tanta bondade, para consigo.
Era comum esse Idoso protetor, soluçar, rezar e
perguntava à Deus.
- Porque permitiu tanto sofrimento a uma criatura
tão bondosa, tão alegre e tão desprendida dos bens materiais?
Durante sua permanência na Casa do Caminho, Maria
Eulina foi, por dois anos consecutivos, a idosa mais bonita de Sousa, essa festa
em homenagem aos Idosos, era promovida pela Prefeitura Municipal de Sousa, cuja
vencedora ganhava uma faixa e o privilégio de dançar com o Prefeito Municipal.
Era bonito constatar a sua alegria, todos tocando sua faixa, admirando e
aplaudindo-a. A infinita misericórdia de Deus paira sobre todos nós. Parecia
que a Mão de Deus a envolvia, pois, colocava num cantinho distante, bem
escondido, a dor d’alma amargurada, sofrida e só alegria, naquele momento, externava.
Somos gratos a Maria Eulina, pois, nos legou uma profunda lição de vida,
criatura extraordinária, onde afirmamos que, se tivéssemos passado por cinco
por cento de suas provas e dificuldades, provavelmente, seríamos acometidos de
grandes deficiências em nosso corpo físico.
Para finalizar, relembro quando Maria Eulina, debilitada, já acamada, e, todos os dias, Lizete fazia a sua higiene, Eulina nos surpreende em tom de brincadeira, que Lizete estava com ciumes dela.
Dizia Eulina:
- Ela pensa que eu vou fugir com seu bonito esposo Gentil, é por isso que Lizete está triste hoje.
Ao ouvir aquela brincadeira, Lizete abre um sorriso maternal e beija-lhe a testa, abençoando-a. Ecoa uma gargalhada da boca de Maria Eulina. Todos riem.
Momento espiritual de muita beleza, no ar aquele encanto angelical envolve a todos e lágrimas de agradecimento são derramadas.
Oh morte, não te orgulhes.
John Donne
Oh Morte, não te orgulhes, pois ruim
Como dizem não és, medonha e forte;
Quem pensa que abateste, pobre Morte.
Não morre; nem matar podes a mim.
Se o sono, o teu retrato, agrada assim,
Contigo fluirá melhor a sorte;
E o bom, ao conhecer o teu transporte,
Descansa o corpo e se liberta enfim.
Serva de reis, destino, acasos e ânsia,
À droga, à peste e à guerra te associas;
E adormecem-nos ópios e magias
Mas que teu golpe. Então, por que a jactânia?
Um breve sono a vida eterna traz,
E vai-se a morte. Morte morrerás.
O vovô Casimiro, observa feliz um verdadeiro Apóstolo
de Jesus,
o Padre Elias (10.10.2006), após celebrar a Santa
Missa, com os
Idosos da Casa do Caminho, em seus braços a garota
Isabela.
Vovô
Casimiro, Vovó Raimunda, Vovó Eulina (por trás de Casimiro)
e
Vovó Rosa, aguardando o início da Santa Missa (10.10.2006).
Walter
Sarmento de Sá Filho
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