quarta-feira, 25 de novembro de 2020

 

                          É VERDADE, ACONTECEU NA CASA DO CAMINHO (10).

 

 

“E falou-lhes muitas coisas em parábolas...” (Mateus, 13:3)

 

 


      Jesus

 

       “ELE falou de lírios, da vida, do trigo

       Do corvo e do passarinho.

       Foi simples e foi sábio ao mesmo tempo

       Por isso Suas palavras se gravaram no coração do homem.

 

       Falou do fermento, do pão,

       De vestidos, de ovos, peixes e candeias...

       E vede como em Seus lábios as coisas comezinhas

       Divina luz destilam! ”

 

       (AUTOR DESCONHECIDO)

 

 

Maria Eulina Barbosa (Foto abaixo)

 


             Seu  nome  é  Maria  Eulina  Barbosa, dizia que era cearense, da Capital, foi casada, teve filhos, era dona de casa e desde que mora na “Casa do Caminho”, tem um comportamento alegre, gosta muito de conversar sobre a família com quem convivia antigamente. Um dos fatos mais interessantes sobre ela é que, morando há mais de 16 anos na “Casa do Caminho” chega sem nenhum documento de identidade e nem mesmo registro de nascimento, por esse fato, resolvemos adotar o dia da criança, 12 de outubro, para comemoração do seu aniversário. Atravessou provas quase insuportáveis, agressões físicas e morais diariamente, durante muitos anos. Tendo noção e consciência da pobreza do seu plantio, foi obrigada a colher o que plantou. Quanta ilusão com a beleza do corpo, quantas lágrimas derramadas por seus filhos deixados ao léu. Como doí, dizia Eulina, não poder voltar atrás e desfazer escolhas equivocadas. Na verdade, nos disse Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.” Sua fortaleza intima já buscava o Mestre ao afirmar: - Oh! Nosso amigo divino Jesus! Abrandai nossos corações!

 

Relatava para as visitas, de que era mãe de um filho muito inteligente, bonito e carinhoso, e, por motivo de seu trabalho, no Exército brasileiro, era muito ocupado e não podia visitá-la na Casa do Caminho. Por esse motivo, a sua felicidade era saber do importante papel que exercia em defender a Pátria amada.

 

Um fato interessante, foi a proteção que ganhou dentro da Casa do Caminho, de um Idoso que a respeitava pelo dor que atravessou nessa existência, sempre atento, se condoendo de sua fragilidade e conhecedor daquilo que ela gostava, por exemplo, adorava laranja, e em cada prato vinha duas laranjas descascada para cada Idoso. Esse Idoso sabendo de sua predileção, deixava de chupar suas laranjas e passava para Eulina. No domingo, o almoço era galinha cozinhada, cabendo a cada um dois pedaços de galinha, contudo, esse bondoso Idoso, deixava de comer sua galinha e repassava para Eulina, que rindo e admirada, percebia que seu prato continha quatro pedaços. Apenas sorria graciosamente e agradecia tanta bondade, para consigo.

Era comum esse Idoso protetor, soluçar, rezar e perguntava à Deus.

- Porque permitiu tanto sofrimento a uma criatura tão bondosa, tão alegre e tão desprendida dos bens materiais?

 

Durante sua permanência na Casa do Caminho, Maria Eulina foi, por dois anos consecutivos, a idosa mais bonita de Sousa, essa festa em homenagem aos Idosos, era promovida pela Prefeitura Municipal de Sousa, cuja vencedora ganhava uma faixa e o privilégio de dançar com o Prefeito Municipal. Era bonito constatar a sua alegria, todos tocando sua faixa, admirando e aplaudindo-a. A infinita misericórdia de Deus paira sobre todos nós. Parecia que a Mão de Deus a envolvia, pois, colocava num cantinho distante, bem escondido, a dor d’alma amargurada, sofrida e só alegria, naquele momento,  externava.  Somos gratos a Maria Eulina, pois, nos legou uma profunda lição de vida, criatura extraordinária, onde afirmamos que, se tivéssemos passado por cinco por cento de suas provas e dificuldades, provavelmente, seríamos acometidos de grandes deficiências em nosso corpo físico.

Para finalizar, relembro quando Maria Eulina, debilitada, já acamada, e, todos os dias, Lizete fazia a sua higiene, Eulina nos surpreende em tom de brincadeira, que Lizete estava com ciumes dela. 

Dizia Eulina:

- Ela pensa que eu vou fugir com seu bonito esposo Gentil, é por isso que Lizete está triste hoje.

Ao ouvir aquela brincadeira, Lizete abre um sorriso maternal e beija-lhe a testa, abençoando-a. Ecoa uma gargalhada da boca de Maria Eulina. Todos riem. 

Momento espiritual de muita beleza, no ar aquele encanto angelical envolve a todos e lágrimas de agradecimento são derramadas.

 



Oh morte, não te orgulhes.


John Donne

Oh Morte, não te orgulhes, pois ruim
Como dizem não és, medonha e forte;
Quem pensa que abateste, pobre Morte.
Não morre; nem matar podes a mim.
Se o sono, o teu retrato, agrada assim,
Contigo fluirá melhor a sorte;
E o bom, ao conhecer o teu transporte,
Descansa o corpo e se liberta enfim.

Serva de reis, destino, acasos e ânsia,
À droga, à peste e à guerra te associas;
E adormecem-nos ópios e magias
Mas que teu golpe. Então, por que a jactânia?
Um breve sono a vida eterna traz,
E vai-se a morte. Morte morrerás.

 

 

O vovô Casimiro, observa feliz um verdadeiro Apóstolo de Jesus,

o Padre Elias (10.10.2006), após celebrar a Santa Missa, com os

Idosos da Casa do Caminho, em seus braços a garota Isabela.



 

Vovô Casimiro, Vovó Raimunda, Vovó Eulina (por trás de Casimiro)

e Vovó Rosa, aguardando o início da Santa Missa (10.10.2006).

 

Walter Sarmento de Sá Filho

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