quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019


Se Te Dizes

Se te dizes tão pobre, alma querida,
Que nada tens a dar
Para contribuir na construção do Amor,
Oferece no prato da humildade
A tua dor
Nos tropeços da vida,
Em favor dos irmãos de nossa própria estrada,
Recordando esta mesa,
Terna e sacrificada,
Que foi árvore em flor, brilho da natureza,
E se deixou serrar para servir
De apoio às novas preces,
Sofrendo humilhações que desconheces,
Nobre e formoso lenho,
Cuja bondade não mereço,
De maneira a expressar-te o meu apreço,
Nas palavras humílimas que tenho...


Se te dizes com tanta imperfeição
Que não consegues trabalhar
Em nossa própria redenção,
Olvidando o teu dom de agir
No socorro a quem chora,
Fita uma das lâmpadas, à frente,
Fabricada sem pompa e sem grandeza,
Que, aceitando viver em disciplina,
Vive ligada à usina,
Faz-se flâmula acesa,
Estrela maternal,
Que nos serve e ilumina,
A fim de que vejamos
Toda e qualquer lição que nos eleva,
Procurando mais luz que nos livre da treva.


Se te dizes no tempo, em tamanho cansaço
Que não podes ser útil a ninguém,
Contempla o chão que nos mantém
E se deixou cercar
Para que a nossa idéia tenha um lar.
Chão é que faixa de terra em estreito pedaço,
Que suportou enxadas e tratores,
Lamentando perder o seus lauréis de flores
E a música dos ninhos
Que lhe vinha da voz dos passarinhos,
Em troca de verdura e acolhimento,
Chão que prossegue sempre esquecido e pisado,
Prestimoso e calado,
Qual benfeitor sem voz,
Que nunca reclamou salário junto a nós.


Nunca digas “não posso”, “eu não tenho”, “é impossível”.
Seja qual for o nível
Que a existência te dá,
Alma querida, vem!...
Vem estender conosco a Seara do Bem,
Deus te utilizará.


CAMINHOS DO AMOR

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
MARIA DOLORES

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