segunda-feira, 2 de julho de 2018


Na Tarefa Mediúnica

(Entrevistando o médium Francisco Cândido Xavier – Geraldo Lemos Neto, União espírita Mineira).

-No seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria falado algo mais depois?

-Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse:
-Temos algo a realizar.
Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o Benfeitor esclareceu:
-Trinta livros para começar.
Considerei então de minha parte:
-Como avaliar está informação se somos uma família sem maiores recursos além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda muito dinheiro...
Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei:
-Será que meu pai vai ganhar a sorte grande?
Emmanuel respondeu:
-Nada, nada disso, a maior sorte grande é o trabalho com a fé viva na Providência Divina. Os livros chegarão através de caminhos inesperados.
Algum tempo depois, enviando as poesias do “Parnaso de Além-Túmulo” para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grande surpresa de ver o livro aceito e publicado em 1932.
A este livro se seguiram outros e, em 1947, atingíamos os trinta livros.
Ficamos muito contentes e perguntei ao Amigo Espiritual se a tarefa estava terminada.
Ele então considerou, sorrindo:
-Agora começaremos uma nova série de trinta volumes.
Em 1958 indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara.
Os sessenta livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, aonde cheguei a 5 de janeiro de 1959.
O grande Benfeitor explicou-me com paciência:
-Você perguntou em Pedro Leopoldo se a nossa tarefa estava completa e quero informar-lhe que os Mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, advertiram-me que nos cabe chegar ao limite de cem livros.
Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram.
Quando alcançamos o número de vem volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos.
Ele esclareceu, com bondade:
-Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa.
Agora estou na obrigação de dizer-lhe que os Mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas cristãos, permanecendo a sua existência, no ponto de vista físico, à disposição das Entidades Espirituais que possam colaborar na execução do programa das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.
Muito desapontado, perguntei:
-Então devo trabalhar na recepção de mensagens de livros do Mundo Espiritual até o fim da minha vida atual?
-Emmanuel, acentuou:
-Sim, não temos outra alternativa.
Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar:
-E se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita nos ensina que somos portadores do livre-arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos?
Emmanuel fez então um sorriso de benevolência paternal e me cientificou:
-A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade da Terra.
Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os Orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles, os Orientadores, terão autoridade bastante para retirar você do seu atual corpo físico.
Quando eu ouvi esta declaração dele silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar por “Desígnios de Cima”.

(Espírito Mineiro – Belo Horizonte, Minas, abril/junho de 1988).

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