SUPORTAR NOSSA CRUZ
A cruz do Cristo é a do exemplo e
do sacrifício, induzindo-nos à subida espiritual, nos domínios da elevação.
A nossa, porém, será, sobretudo,
nós em nós mesmo.
Aguentar-nos como temos sido nas
múltiplas existências passadas.
Carregar-nos com as imperfeições
e dívidas que inadvertidamente acumulamos; entretanto, agradecendo e abençoando
a lixívia de suor e pranto no resgate ou na tribulação com que as extirparemos.
* * *
Em muitos episódios difíceis da
existência, consideramos demasiadamente amargo o cálice da prova redentora que
se nos destina, mas, de maneira geral, não é a medicação providencial nele
contida que nos aflige e sim a nossa própria debilidade em aceita-la.
Em numerosas crises do mundo,
julgamos excessivamente pesada a carga dos desenganos que nos fustigam o
espírito; no entanto, não é o volume das desilusões educativas, que nos são
indispensáveis, aquilo que nos faz vergar os ombros da alma e sim o nosso
orgulho ferido a se nos esfoguear por dentro do coração.
* * *
Suportar a nossa cruz será
tolerar as tendências inferiores que ainda nos caracterizam, sem acalenta-las,
mas igualmente sem condenar-nos, por isso, diligenciando esgotar em serviço, em
paciência, em serenidade e em abnegação a sucata de sombras que ainda transportamos
habitualmente no fundo das nossas atividades de auto aprimoramento ou
reabilitação.
* * *
Chorar, em muitas ocasiões, mas
nunca desesperarmos.
Errar ainda vezes muitas, no
entanto, retificar-nos, em todos os lances da estrada, tantas vezes quantas se
fizerem necessárias.
* * *
Reconhecer-nos no espelho da
própria consciência, resignar-nos com as nódoas e cicatrizes emocionais da
culpa que ainda se nos estampam na face espiritual e acatar no trabalho e no
sofrimento a presença de cirurgiões divinos, cujo esforço nos regenerará os
tecidos sutis da alma, preparando-nos e instruindo-nos para o Mundo Melhor.
* * *
Suportar nossa cruz jamais será
maldize-la ou lamenta-la e sim acolher-nos imperfeitos como ainda somos,
perante Deus, mas procurando, por todos os meios justos, melhorarnos e
burilar-nos, avançando sempre, mesmo que vagarosamente, milímetro por
milímetro, nos caminhos de ascensão para a Vida Eterna.
Emmanuel
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