A
alma, seguindo a lei de evolução que rege os corpos, se vem desenvolvendo
através dos reinos da natureza e através dos séculos até chegar à nossa espécie.
Ela
traz, portanto, ao entrar na vida humana, resíduos milenários, e daí a
selvageria, o egoísmo, a fereza, os sentimentos inferiores que parecem
constituir os caracteres da grande maioria dos seres.
Para
acelerar o nosso progresso espiritual vem o Criador enviando ao planeta os seus
Instrutores e eles nos comunicam as leis divinas, que são pauta de nossa
conduta, que são os ensinos que nos devem encaminhar ao bem e aos bons
sentimentos.
O
Bramanismo, cujas raízes se perdem no tempo, recomenda aos homens a coragem
moral, a sabedoria, o amor às criaturas, o sacrifício, a retidão, a austeridade.
No Prasada se atribui a Krishna as máximas que
estabelecem a moral dos povos; elas nos dizem que o orgulho, a avareza, a crueldade,
a cólera, o tédio, as paixões vergonhosas e os vícios tornam os homem
desprezível.
Zoroastro,
há muitos séculos, fundava na Pérsia uma religião digna de respeito.
Jeremias
toma a defesa dos oprimidos, clama pela paz, prega contra a tirania, a veniaga,
o assassínio, os maus costumes. Deixa ao mundo uma grande lição e um grande
exemplo. Era um homem que chorava, como choram todos aqueles que percebem as
fraquezas do povo, a falência da humanidade.
Buda,
600 anos antes do Cristo, apresenta uma religião fundada na misericórdia, no
bem, na instrução, no desprendimento, no altruísmo, na mansidão, no respeito
mútuo, na fraternidade, na ausência de desejos e paixões.
Recomendava
a ação reta, a existência reta, a linguagem reta, a aplicação reta, o
pensamento reto, a meditação reta. Em síntese, era o não pequeis por pensamentos, palavras e obras. Por toda parte aconselhava
e repetia a máxima bramânica – “Sede como o sândalo que perfuma o machado que o
corta”.
No
Oriente, fulguram três grandes estrelas: Lao-Tse, Mêncio e Confúcio.
Lao-Tse
apresenta o Livro da Razão Suprema e
estabelece os princípios morais que os dois astros, mais tarde, espalham e desenvolvem.
Mêncio,
ou Meng-Tse, em seu Tratado de Moral,
aponta aos homens a sua verdadeira conduta.
Confúcio
resume o seu longo ensino na frase – “Não faças aos outros o que não queres que
te façam”.
Detenhamo-nos
agora nos dois gigantes nascidos naquele país onde floresceu o gênio antigo,
onde a Literatura, a Arte, a Filosofia e a Política foram de uma ousadia que
ainda causam admiração aos séculos que se seguiram.
Dir-se-iam
os precursores do Cristianismo e as suas idéias se ajustam às que nos trazem os
Espíritos, hoje englobadas na obra imorredoura de Allan Kardec.
Foram
eles: Sócrates e Platão. Sócrates deixa a Platão a sua filosofia:
“O
homem é uma alma encarnada. Existe antes de tomar um corpo na Terra, à qual
deseja voltar. Não é no corpo, porém, que encontramos a verdade; nele estamos
sempre cheios de desejos, apetites, temores, ambições, quimeras, frivolidades.
A
alma impura vive presa ao mundo e persevera no mal. São longos e numerosos os
períodos da vida. Só os bons podem esperar tranquilamente a passagem deste a
outro plano, ou seja, a passagem da morte. A maior infelicidade é conservar a
alma cheia de pecados.
Mais
vale receber uma injúria que cometê-la. Devemos ser homens de bem. O bem é que
eleva o homem. Não se deve fazer mal algum por muito mal que nos façam.
A
árvore se conhece pelo fruto.”
Como
o Cristo, já Sócrates falava no perigo das riquezas.
“Pouco
valem as preces – ensinava ele – se a alma não é virtuosa. E não é virtuoso
aquele que prefere os prazeres do corpo às belezas da alma. É o amor que
ornamenta a natureza e é o amor que dá paz aos homens. O amor e a dor
contribuem para o progresso.
Costumamos
ver os erros alheios, esquecendo os nossos. E o homem, na sua existência,
espalha mais o mal que o bem.
Será
sábio não supor saber o que não sabe.”
A
vida de Sócrates foi um apostolado. “Conhece-te a ti mesmo” – aconselhava
sempre. É o nosce te ipsum de que os
romanos fizeram uma divisa. “É preciso conhecer – dizia ele –. O conhecimento
nos leva ao caminho da verdade.”
Conhecemos
a vida e os ensinos de Sócrates pelos Diálogos de Platão e Xenofonte. Viveu
ensinando e morreu pelos seus ensinos. Foi vítima da ignorância e da maldade humana.
Os fanáticos não poderiam compreendê-lo, como, ainda hoje, muitos não
compreendem os princípios de lógica nem a lógica dos princípios que os Arautos
do Senhor nos trazem.
Teve
a sorte de quase todos os que se destacam da craveira comum e procuram, no bem,
pelo bem e nos ensinos do bem, a felicidade de seus semelhantes.
Fizeram-no
morrer. Mas aplainou, com seu trabalho, seu esforço, suas penas e seu sangue, o
caminho que estamos palmilhando.
Finalmente
o Cristo. Este legou à humanidade um Evangelho de paz, de harmonia, de perdão,
de amor. Sua maior máxima era um resumo de toda a sua pregação messiânica:
“Amai-vos uns aos outros”.
E
para Ele os apodos, o opróbrio, o flagício, o açoite, os espinhos, a cruz.
Carlos
Imbassahy
Do
livro A Missão de Allan Kardec