terça-feira, 31 de agosto de 2021

 

NÃO TE RENDAS


Não te rendas ao desânimo e insiste no Bem. Guardes contigo a possibilidade do limite, mas Deus tem a possibilidade do impossível.

Segundo as Leis de Deus,

Tens somente o que dás.

O que deres aos outros,

É o que terás contigo.

O Senhor necessita de ti, onde te encontras.

Observa o que tens a fazer ainda hoje e perceber-lhe-ás a presença no dever que te espera.

Se não aceitas as condições de trabalho a que a vida te destina e te negas à precisa renovação, nada mais obterás, além do desapontamento no desemprego.

Ante o bem que se faça, faze o bem quanto possas, para que o bem pequeno se faça, junto de todos, o bem maior.

Todos somos, no mundo ou no Mais Além, devidamente chamados a colaborar na vitória do bem. E o bem aos outros será sempre a garantia de nosso próprio bem.

Não pares.

A estagnação é ponto obscuro em que os mais substanciosos valores se corrompem.

Não recorra à idéia de fatalidade para justificar o mal, porquanto o bem de todos triunfará sempre.

Não estaciones.

Em favor de todas as criaturas, estejam como estejam, Deus criou o apoio do trabalho e a bênção da esperança.

 

Emmanuel

 

domingo, 29 de agosto de 2021

 

A BRANDURA


 

 Andradina América de Andrada E Oliveira*

 


Asserena-te e vara a desventura

No caminho de dor, áspero e azedo;

Serenidade – o lúcido segredo

Em que a vida se eleva e transfigura.


 

Tudo cresce na força da brandura.

 A água desgasta os punhos do rochedo;

Olha a chuva cantando no arvoredo,

A transfundir-se em pão, bondosa e pura.


 

De coração batido e lodo à face,

Inda que o fel da injúria te traspasse,

Semeia o bem que as mágoas  alivia...


 

Mesmo trazendo o peito por cratera,

Suporta, ampara e crê, ajuda e espera,

Que amanhã será sempre novo dia.


 

(*) Poetisa, contista, romancista, iniciou sua vida literária, quase menina, conforme afirma sua filha Lola de Oliveira em Minha Mãe!, escrevendo em inúmeros periódicos sul-riograndenses. Foi também teatróloga e aplaudida conferencista. Professora pela Escola Normal de Porto Alegre, com distinção em todas as matérias, a poetisa de Folhas Mortas lecionou em cursos particulares, em várias cidades gaúchas, depois de nove anos dedicados ao magistério público. Fundou um jornal literário feminino, O Escrínio, mais tarde transformado em revista ilustrada, e formou, segundo Antônio Carlos Machado, entre as maiores feministas brasileiras de sua época. De 1920 até à sua desencarnação, residiu na capital paulista. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 12 de Junho de 1878 – S. Paulo, 19 de Junho de 1935.)

 

BIBLIOGRAFIA: Folhas Mortas; Preludiando, contos; Cruz de Pérolas, contos ; etc.

 Do livro ANTOLOGIA DOS IMORTAIS

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

NÃO PERDOAR

 

Bezerra de Menezes, já devotado à Doutrina Espírita, almoçava, certa feita, em casa de Quintino Bocaiúva, o grande republicano, e o assunto era o Espiritismo, pelo qual o distinto jornalista passara a interessar-se.

 

Em meio da conversa, aproxima-se um serviçal e comunica ao dono da casa:

 

- Doutor, o rapaz do acidente está aí com um policial.

 

Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho com um tiro de raspão, que, por pouco, não lhe atingiu a cabeça, estava indignado com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo.

 

 - Manda-o entrar – ordenou o político.

 

- Doutor – roga o moço preso, em lágrimas -, perdoe o meu erro! Sou pai de dois filhos...

 

Compadeça-se! Não tinha qualquer má intenção...

 

Se o senhor me processar, que será de mim? Sua desculpa me livrará! Prometo não mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, não incomodarei o senhor...

 

O notável político, cioso da própria tranquilidade, respondeu:

 

 - De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera imprudência, não ficará sem punição.

 

Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim encolerizado, considerou, à guisa de resposta indireta:

 

- Bezerra, eu não perdôo, definitivamente não perdôo...

 

Chamado nominalmente à questão, o amigo exclamou desapontado:

 

- Ah! você não perdoa!

 

Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou, irritado:

 

 - Não perdôo erro. E você acha que estou fora do meu direito?

 

O Dr. Bezerra cruzou os braços com humildade e respondeu:

 

- Meu amigo, você tem plenamente o direito de não perdoar, contanto que você não erre...

 

A observação penetrou Quintino como um raio.  

 

O grande político tomou um lenço, enxugou o suor que lhe caía em bagas, tornou à cor natural, e, após refletir alguns momentos, disse ao policial:

 

- Solte o homem. O caso está liquidado.

 

E para o moço que mostrava profundo agradecimento:

 

- Volte ao serviço hoje mesmo, e ajude na copa.

 

Em seguida, lançou inteligente olhar para Bezerra, e continuou a conversação no ponto em que haviam ficado.

 

Hilário Silva

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

 

Da Maledicência

 

A Meada

 Irmão X

 

- A conversação entre as duas jovens senhoras se desenvolvia no ônibus.

- Você não pode imaginar o meu amor por ele...

- Não posso concordar com você.

 - Decerto que não me entende.

 - Mas, Dulce, você chega a querer o Dionísio, tanto quanto ao marido?

 - Não tanto, mas não consigo passar sem os dois.

 - Meu Deus! Isso é coisa de casal sem filhos!...

- É possível...

- Você não acha isso estranho, inadmissível?

 - Acho natural.

- Noto você demasiadamente apegada, não é justo...

 - Sei que você não me compreende...

- Simplesmente não concordo

. - Mas Dionísio...

 - Isso é uma psicose...

Dona Dulce e a amiga, no entanto, ignoravam que Dona Lequinha, vizinha de ambas, sentara-se perto e estava de ouvido atento, sem perder palavra.

 - De parada em parada. Cada uma volveu ao lar suburbano, mas Dona Lequinha, ao chegar em casa, começou a fantasiar... Bem que notara Dona Dulce acompanhada por um moço ao tomar o elétrico, aliás, pessoa de cativante presença. Recordava-lhe as palavras derradeiras: “vá tranquila, amanhã telefonarei...”

Cabeça quente, vasculhando novidades no ar, aguardou o esposo, colega de serviço do marido de Dona Dulce, e tão logo à mesa, a sós com ele para o jantar, surgiu novo diálogo:

- Você não imagina o que vi hoje...

- Diga, mulher...

- Dona Dulce, calcule você!... Dona Dulce, que sempre nos pareceu uma santa, está de aventuras...

 - O quê?!...

- Vi com meus olhos...

Um rapagão a seguia mostrando gestos de apaixonado e, por fim, no ônibus, ela própria se confessou a Dona Cecília... Chegou a dizer que não consegue viver sem o marido e sem o outro... Uma calamidade!...

- Ah! Mas isso não fica assim, não! Júlio é meu colega e Júlio vai saber!...

A conversa transitou através de comentários escusos e, no dia imediato, pela manhã, na oficina, o amigo ouve do amigo o desabafo em tom sigiloso:

- Júlio, você me entende... Somos companheiros e não posso enganá-lo... O que vou dizer representa um sacrifício para mim, mas falo para seu bem... Seu nome é limpo demais para ser desrespeitado, como estou vendo... Não posso ficar calado por mais tempo... Sua mulher...

E o esposo escutou a denúncia, longamente cochichada, qual se lhe enterrassem afiada lâmina no peito.

Agradeceu, pálido...

Em seguida, pediu licença ao chefe para ir a casa, alegando um pretexto qualquer.

No fundo, porém, ansiava por um entendimento com a esposa, aconselhá-la, saber o que havia de certo. Deixou o serviço, no rumo do lar e, aí chegando, penetrou a sala, agoniado...

Estacou, de improviso.

A companheira falava, despreocupadamente, ao telefone, no quarto de dormir:

“Ah! Sim!...”, “Não há problema”, “Hoje mesmo”. “Às três horas”... “Meu marido não pode saber...”.

Júlio retrocedeu, à maneira de cão espantado.

Sob enorme excitação, tornou à rua.

Logo após, notificou na oficina que se achava doente e pretendia medicar-se.

Retornou a casa e tentou o almoço, em companhia da mulher que, em vão, procurou fazê-lo sorrir.

Acabrunhado, voltou a perambular pelas vias públicas e, poucos minutos depois das três da tarde, entrou sutilmente no lar...

Aflito, mentalmente descontrolado, entreabriu devagarinho a porta do quarto e viu, agora positivamente aterrado, um rapaz em mangas de camisa, a inclinar-se sobre o seu próprio leito.

De imaginação envenenada, concebeu a pior interpretação... O pobre operário recusou em delírio e, à noite, foi encontrado morto num pequeno galpão dos fundos. Enforcara-se em desespero...

Só então, ao choro de Dona Dulce, o mexerico foi destrinçado.

 Dionísio era apenas o belo gatinho angorá que a desolada senhora criava com estimação imensa; o moço que a seguira até o ônibus era o veterinário, a cujos cuidados profissionais confiara ela o animal doente; o telefonema era baseado na encomenda que Dona Dulce fizera de um colchão de molas, ao gosto moderno, para uma afetuosa surpresa ao marido, e o rapaz que se achava no aposento íntimo do casal era, nem mais nem menos, o empregado da casa de móveis que viera ajustar o colchão referido ao leito de grandes proporções.

A tragédia, porém, estava consumada e Dona Lequinha, diante do suicida exposto à visitação, comentou, baixinho, para a amiga de lado:

 - Que homem precipitado!...

Morrer por uma bobagem! A gente fala certas coisas, só por falar!...

 

Do mal que se pensa e diz,

Cala as notícias que levas.

Conversação infeliz

É pasto à força das trevas.

Lulu Parola

 

Olhar de alguém, quando é bom,

 Além da sombra se apruma,

Vê serviço em qualquer parte,

Não vê mal em parte alguma.

Augusto de Oliveira

 

Não basta que sua boca esteja perfumada. É imprescindível que permaneça incapaz de ferir.

André Luiz

 

Idéias e Ilustrações Francisco Cândido Xavier -

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

 

Da Abnegação

 

O Exemplo Da Fonte

 

 Meimei

 

Um estudante da sabedoria, rogando ao seu instrutor lhe explicasse qual a melhor maneira de livrar-se do mal, foi por ele conduzido a uma fonte que deslizava, calma e cristalina, e, seguindo-lhe o curso, observou:

- Veja o exemplo da fonte, que auxilia a todos, sem perguntar, e que nunca se detém até alcançar a grande comunhão com o oceano. Junto dela crescem as plantas de toda a sorte, e em suas águas dessedentam-se animais de todos os tipos e feitios.

Enquanto caminhavam, um pequeno atirou duas pedras a corrente e as águas as engoliram em silêncio, prosseguindo para diante.

 - Reparou? - disse o mentor amigo - a fonte não se insurgiu contra as pedradas. Recebeu-as com paciência e seguiu trabalhando.

Mais à frente, viram grosso canal de esgoto arremessando detritos no corpo alvo das águas, mas a corrente absorvia o lodo escuro, sem reclamações, e avançava sempre.

 O professor comentou para o aprendiz:

- A fonte não se revolta contra a lama que lhe atiram a face. Recolhe-a sem gritos e transforma-a em benefícios para a terra necessitada de adubo.

 Adiante ainda, notaram que, enquanto andorinhas se banhavam, lépidas, feios sapos penetravam também a corrente e pareciam felizes em alegres mergulhos.

As águas amparavam a todos sem a mínima queixa.

O bondoso mentor indicou o lindo quadro ao discípulo e terminou:

- Assinalemos o exemplo da fonte e aprenderemos a libertar-nos de qualquer cativeiro, porque, em verdade, só aqueles que marcham para diante, com o trabalho que Deus lhes confia, sem se ligarem as sugestões do mal, conseguem vencer dignamente na vida, garantindo, em favor de todos, as alegrias do Bem Eterno.

 

 

Caridade, a lei do bem,

Aqui, além, acolá,

Tanto dá, quanto mais tem,

Tanto mais tem quanto dá.

 

Antônio Sales

 

 

 

Amor é devotamento.

Nem sempre só bem-querer.

Bendito aquele que dá

Sem pensar em receber.

 

Sabino Batista

 

A renúncia será um privilégio para você.

André Luiz

 

Do livro Idéias e Ilustrações, psicografia de Chico Xavier.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

 

EVANGELHO E ALEGRIA

 

Grande injustiça comete quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e da amargura.

 

Indubitavelmente, o sacerdócio muita vez impregnou o horizonte cristão de nuvens sombrias, com certas etiquetas do culto exterior, mas o Cristianismo, em sua essência, é a revelação da profunda alegria do Céu entre as sombras da Terra.

 

A vinda do Mestre é precedida pela visitação do anjos.

 

Maria, jubilosa, conversa com um mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada do Embaixador Celestial.

 

Nasce Jesus na manjedoura humilde, que se deslumbra ao clarão de inesperada estrela.

 

Tratadores rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente materializado à frente deles, declarando-se portador das “notícias de grande alegria” para todos o povo. No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na Altura, glorificando o Criador e exaltando a paz e a boa-vontade entre os homens.

 

Começam a reinar o contentamento e a esperança...

 

Mais tarde, o Mestre inicia o seu apostolado numa festa nupcial, assinalando os júbilos da família.

 

Como que percebendo limitação e estreiteza em qualquer templo de pedra para a sua palavra no mundo, o Senhor principia as suas pregações à beira do lago, em pleno santuário da natureza. Flores e pássaros, luz e perfume representam a moldura de sua doutrinação.

 

Multidões ouvem-lhe a voz balsamizante.

 

Doentes e aleijados tocam-se de infinitas consolações.

 

Pobres e aflitos entrevêem novos horizontes no futuro.

 

Mulheres e crianças acompanham-no, alegremente.

 

O Sermão da Montanha é o hino das bem-aventuranças, suprimindo a aflição e o desespero.

 

Por onde passa o Divino Amigo, estabelece-se o contentamento contagiante.

 

Em pleno campo, multiplica-se o pão destinado aos famintos.  

 

O tratamento dispensado pelo Mestre aos sofredores, considerados inúteis ou desprezíveis, cria novos padrões de confiança no mundo.

 

Desdobra-se o apostolado da Boa Nova, no clima da alegria perfeita.

 

Cada criatura que registra as notas consoladoras do Evangelho começa a contemplar o mundo e a vida, através de prisma diferente.

 

Surge-lhe a Terra por bendita escola de preparação espiritual, com serviço santificante para todos.

 

Cada enfermo que se refaz para a saúde é veículo de bom ânimo para a comunidade inteira.

 

Cada sofredor que se reconforta constitui edificação moral para a turba imensa.

 

Madalena, que se engrandece no amor, é a beleza que renasce eterna, e Lázaro, que se ergue do sepulcro, é a vida triunfante que ressurge imortal.

 

E, ainda, do suor sangrento das lágrimas da cruz, o Senhor faz que flua o manancial da vida vitoriosa pra o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a Humanidade, sustentando-lhe o crescimento espiritual na direção dos séculos sem-fim.

 

Emmanuel

Do livro ROTEIRO, Francisco Cândido Xavier.


- A Casa do Caminho - Oasis de Luz a iluminar nossas vidas!
Um só pensamento – CARIDADE.
A Paz e Luz do Cristo abençoem a todos.
— Que Deus nos proteja!...

Sousa (PB), 24 de Agosto de 2021.



 

 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

 

Definindo Rumos


Em verdade, meu amigo, terás encontrado no Espiritismo a tua renovação mental.

O fenômeno terá modificado as tuas convicções.

As conclusões filosóficas alteraram, decerto, a tua visão do mundo.

Admites, agora, a imortalidade do ser.

Sentes a excelsitude do teu próprio destino.

Mas se essa transformação da inteligência não te reergue o coração com o aperfeiçoamento íntimo, se os princípios que abraças não te fazem melhor, à frente dos nossos irmãos da Humanidade, para que te serve o conhecimento? Se uma força superior te não educa as emoções, se a cultura te não dirige para a elevação do caráter e do sentimento, que fazes do tesouro intelectual que a vida te confia?

Não vale o intercâmbio, somente pelo capricho atendido.

A expressão gritante do inabitual pode estar vazia de substância.

A ventania impetuosa que varre o solo, com imenso alarido, costuma gerar o deserto, enquanto que o rio silencioso e simples garante a floresta e a cidade, os lares e os rebanhos.

Se procuras contato com o plano espiritual, recorda que a morte do corpo não nos santifica. Além do túmulo, há também sábios e ignorantes, justos e injustos, corações no céu e consciências no inferno purgatorial . . .

 As excursões no desconhecido reclamam condutores.

O Cristo é o nosso Guia Divino para a conquista santificante do Mais Além...

Não te afastes dEle.

Registrarás sublimes narrações do Infinito na palavra dos grandes orientadores, ouvirás muitas vozes amigas que te lisonjearão a personalidade, escutarás novidades que te arrebatam ao êxtase, entretanto, somente com Jesus no Evangelho bem vivido é que reestruturaremos a nossa individualidade eterna para a sublime ascensão à Consciência do Universo.

* * *

Estas páginas despretensiosas constituem um apelo à congregação de nossas forças em torno do Cristo, nosso Mestre e Senhor.  

Sem a Boa Nova, a nossa Doutrina Consoladora será provavelmente um formoso parque de estudos e indagações, discussões e experimentos, reuniões e assembléias, louvores e assombros, mas a felicidade não é produto de deduções e demonstrações.

Busquemos, pois, com o Celeste Benfeitor a lição da mente purificada, do coração aberto à verdadeira fraternidade, das mãos ativas na prática do bem e o Evangelho nos ensinará a encontrar no Espiritismo o caminho de amor e luz para a Alegria Perfeita.

Emmanuel

Do livro ROTEIRO, Francisco Cândido Xavier.


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— Que Deus nos proteja!...

Sousa (PB), 23 de Agosto de 2021.

 

domingo, 22 de agosto de 2021

 

O argumento justo

 

À noite, em casa de Simão, transparecia um véu de tristeza na maioria dos semblantes.

Tadeu e André, atacados horas antes, nas margens do lago, por alguns malfeitores, viram-se constrangidos à reação apressada. Não surgira consequência grave, mas sentiam-se ambos atormentados e irritadiços.

Quando Jesus começou a falar acerca da glória reservada aos bons, os dois discípulos deixaram transparecer, através do pranto discreto, a amargura que lhes dominava a alma e, não podendo conter-se, Tadeu clamou, aflito:

— Senhor, aspiro sinceramente a servir à Boa Nova; contudo, sou portador de um coração indisciplinado e ingrato. Ouço, contrito, as explanações do Evangelho; lá fora, porém, no trato com o mundo, não passo de um espírito renitente no mal. Lamento... lamento... mas como trabalhar em favor da Humanidade nestas condições?

Embargando-se-lhe a voz, adiantou-se André, alegando, choroso:

— Mestre, que será de mim? Ao seu lado, sou a ovelha obediente; entretanto, ao distanciar-me... basta uma palavra insignificante de incompreensão para desarmar-me. Reconheço-me incapaz de tolerar o insulto ou a pedrada. Será justo prosseguir, ensinando aos outros a prática do bem, imperfeito e mau qual me vejo?...

Calando-se André, interferiu Pedro, considerando:

— Por minha vez, observo que não passo de mísero espírito endividado e inferior. Sou o pior de todos. Cada noite, ao me retirar para as orações habituais, espanto-me diante da coragem louca dentro da qual venho abraçando os atuais compromissos. Minha fragilidade é grande, meus débitos enormes. Como servir aos princípios sublimes do Novo Reino, se me encontro assim insuficiente e incompleto?

A palavra de Pedro, juntou-se a de Tiago, filho de Alfeu, que asseverou, abatido:

— Na intimidade de minha própria consciência, reparo quão longe me encontro da Boa Nova, verdadeiramente aplicada. Muita vez, depois de reconfortar-me ante as dissertações do Mestre, recolho-me ao quarto solitário, para sondar o abismo de minhas faltas. Há momentos em que pavorosas desilusões me tomam de improviso. Serei na realidade um discípulo sincero? Não estarei enganando o próximo? Tortura-me a incerteza... Quem sabe se não passo de reles mistificador?

Outras vozes se fizeram ouvir no cenáculo, desalentadas e cheias de amargura.

Jesus, porém, após assinalar as opiniões ali enunciadas, entre o desânimo e o desapontamento, sorriu, tocado de bom-humor, e esclareceu:

— Em verdade, o paraíso que sonhamos ainda vem muito longe e não vejo aqui nenhum companheiro alado. A meu parecer, os anjos, na indumentária celeste, ainda não encontram domicílio no chão áspero e escuro em que pisamos. Somos aprendizes do bem, a caminho do Pai, e não devemos menoscabar a bendita oportunidade de crescer para Ele, no mesmo impulso da videira que se eleva para o céu, depois de nascer no obscuro seio da terra, alastrando-se compassiva, para transformar-se em vinho reconfortante, destinado à alegria de todos. Mas, se vocês se declaram fracos, devedores, endurecidos e maus e não são os primeiros a trabalhar para se fazerem fortes, redimidos, dedicados e bons em favor da obra geral de salvação, não me parece que os anjos devam descer da glória dos Cimos para substituir-nos no campo de lições da Terra. O remédio, antes de tudo, se dirige ao doente, o ensino ao ignorante... De outro modo, penso, a Boa Nova de Salvação se perderia por inadequada e inútil...

As lágrimas dos discípulos transformaram-se em intenso rubor, a irradiar-se da fisionomia de todos, e uma oração sentida do Amigo Divino imprimiu ponto final ao assunto. 

Do livro JESUS NO LAR

 

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

- A Casa do Caminho - Oasis de Luz a iluminar nossas vidas!

Um só pensamento – CARIDADE.

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— Que Deus nos proteja!...

Sousa (PB), 22 de Agosto de 2021.



 


 

sábado, 21 de agosto de 2021

 

O valor do serviço

 

Filipe, velho pescador de Cafarnaum, enlevado com as explanações de Jesus sobre um texto de Isaías, passou a comentar a diferença entre os justos e injustos, de maneira a destacar o valor da santidade na Terra.

O Mestre ouviu calmamente, e, talvez para prevenir os excessos de opinião, narrou, com bondade:

— Certo fariseu, de vida irrepreensível, atingiu posição de imenso respeito público. Passava dias inteiros no Templo, entre orações e jejuns incessantes. Conhecia a Lei como ninguém. Desde Moisés aos últimos Profetas, decorara os mais importantes textos da Revelação. Se passava nas ruas, era tão grande a estima de que se fizera credor, que as próprias crianças se curvavam, reverentes. Consagrara-se ao Santo dos Santos e fazia vida perfeita entre os pecadores da época. Alimentava-se frugalmente, vestia túnica sem mancha e abstinha-se de falar com toda pessoa considerada impura.

Acontece, todavia, que, havendo grande peste em cidade próxima de Jerusalém, um Anjo do Senhor desceu, prestimoso, a socorrer necessitados e doentes, em nome da Divina Providência.

Necessitava, porém, das mãos diligentes de um homem, através das quais pudesse trabalhar, apressado, em benefício de enfermos e sofredores.

Lembrou-se de recorrer ao santo fariseu, conhecido na Corte Celeste por seus reiterados votos de perfeição espiritual, mas o devoto se achava tão profundamente mergulhado em suas contemplações de pureza que não lhe sobrava o mínimo espaço interior para entender qualquer pensamento de socorro às vítimas da epidemia.

Como cooperar com o emissário divino, nesse setor, se evitava o menor contacto com, o mundo vulgar, classificado, em sua mente, como vale da imundície?

O Anjo insistia no chamamento; contudo, a peste era exigente e não admitia delongas.

O mensageiro afastou-se e recorreu a outras pessoas amantes da Lei.

Nenhuma, entretanto, se julgava habilitada a contribuir.

Ninguém desejava arriscar-se.

Instado pelas reclamações do serviço, o Enviado de Cima encontrou antigo criminoso que mantinha o propósito de regenerar-se. Através dos fios invisíveis do pensamento, convidou-o a segui-lo; e o velho ladrão, sinceramente transformado, não hesitou. Obedeceu ao doce constrangimento e votou-se sem demora, com a espontaneidade da cooperação robusta e legítima, ao ministério do socorro e da salvação.

Enterrou cadáveres insepultos, improvisou remédios adequados à situação, semeou o bom ânimo, aliviou os aflitos, renovou a coragem dos enfermos, libertou inúmeras criancinhas ameaçadas pelo mal, criou serviços de consolação e esperança e, com isso, conquistou sólidas amizades no Céu, adiantando-se de surpreendente maneira, no caminho do Paraíso.

Os presentes registraram a pequena história, entre a admiração e o desapontamento e, porque ninguém interferisse, o Senhor comentou, em seguida a longo intervalo:

— A virtude é sempre grande e venerável, mas não há de cristalizar-se à maneira de jóia rara sem proveito. Se o amor cobre a multidão dos pecados, o serviço santificante que nele se inspira pode dar aos pecadores convertidos ao bem a companhia dos anjos, antes que os justos ociosos possam desfrutar o celeste convívio.

E reparando que os ouvintes se retraíam no grande silêncio, o Senhor encerrou o culto doméstico da Boa Nova, a fim de que o repouso trouxesse aos companheiros multiplicadas bênçãos de paz e meditação, sob o firmamento pontilhado de luz.

 

Do livro JESUS NO LAR

 

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

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Sousa (PB), 21 de Agosto de 2021.

 





sexta-feira, 20 de agosto de 2021

 

DIVINO AVISO.

ALBINO TEIXEIRA.

 

A luz do conhecimento que já atingiste, pode ser estendida à sombra dos outros.


O dinheiro que ajuntaste, pode ser amparo à necessidade dos semelhantes.


A fé que possuir, pode ser refúgio aos que desfalecem.


A doença que sofres, pode ser motivo de paciência, a valer entre os seres queridos por sustento moral.


A ofensa que recebeste, pode ser testemunho de humildade, confortando a todos aqueles que te partilham a experiência.


A hora de que dispões, pode ser trabalho a favor do próximo.


A palavra que falas, pode ser auxilio na luta alheia.


A atitude que tomes, pode ser diretriz do levantamento da caridade.


Ah, meu irmão da Terra! Toda situação pode ser apoio à vitória do bem e todo serviço prestado ao bem é riqueza da alma, que malfeitores não furtam e que as traças não roem.


Escuta o relógio coração do tempo que te orienta o caminho – e o tempo, qual mensageiro da Eterna Sabedoria, te revelará, por fim, que o seu tique-taque, incessante e sempre novo tique-taque, é divino aviso da Vida, recomendando:


- Serve-serve, serve-serve!

 


ALBINO TEIXEIRA.

 

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Sousa (PB), 20 de Agosto de 2021.




quinta-feira, 19 de agosto de 2021

 

NO CURSO DA VIDA.

ANDRÉ LUIZ.

 

- Exemplifique o bem desinteressado.

Os nossos atos demonstram a proximidade ou a distância em que vivemos da Lei Divina.

*

- Viva com alegria.

O presente já faz parte de nossa vida imortal.

*

- Pondere cada atitude.

Tanto é difícil saber fazer quanto saber não fazer.

*

- Evite o isolamento sistemático.

Somos peças integrantes do ambiente em que existimos.

*

- Entenda a função da posse efêmera.

Nem a riqueza e nem a privação expressam virtude.

*

- Não fuja ao começo.

A caridade corrige qualquer erro.

*

- Estude incansavelmente.

Alcançar novos conhecimentos é formular novas indagações.

*

- Cultive confiança.

Com temor não há progresso.

*

- Seja paciente na dor.

Crise, muitas vezes é o nome que aplicamos à transformação do mal em bem.

*

- Amolde-se aos padrões do Evangelho.

Na essência, o mundo atual permanece quase o mesmo da época de Jesus.


ANDRÉ LUIZ.


- A Casa do Caminho - Oasis de Luz a iluminar nossas vidas!

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Sousa (PB), 19 de Agosto de 2021.