CHICO XAVIER, À SOMBRA DO
ABACATEIRO
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
EMMANUEL
CARLOS ANTÔNIO BACELLI
11 de abril de 1981
Estávamos todos reunidos
sob a copa amiga do abacateiro, na tarde de 11 de abril.
A paisagem, em torno, é um
tanto agreste.
O local do culto
evangélico ao ar livre fica perto do Aeroporto. De quando em vez, possantes
aeroplanos fazem manobras, alguns chegando, outros partindo.
Antes da reunião fomos
apresentados a duas simpáticas norte-americanas, mãe e filha que, estando no
Brasil, aproveitaram para ver Chico Xavier, o maior ‘paranormal’ do mundo.
Sim, ele, Chico, e o alvo
de todas as atenções e é aguardado como a presença da própria paz.
O sr. Weaker toma as
iniciativas derradeiras, observando se tudo está em ordem.
De repente alguém exclama.
"O Chico está chegando!"
Todos nos voltamos para a
cerca de entrada e o aplauso se faz espontâneo. E maneira do coração manifestar
sua alegria a quem tem proporcionado alegria
a incontáveis corações.
Chico agradece e meneia negativamente
a cabeça...
Recordamos de que no dia 2
daquele mês ele completara 71 anos de abençoada existência física. Naquela
semana, como sempre ocorre às vésperas de seu natalício, ele não atendera,
fugindo às inevitáveis homenagens.
Agora, o culto vai
começar.
Chico escolhe a lição que
servirá de tema para à tarde. Observando o bem, vejo-o movimentar discretamente
os lábios. Para muitos, monologa; mas, para nós, já habituados ao fato, ele dialoga
com os Espíritos...
O Prof. Thomaz é convidado
à prece inicial.
O "Evangelho"
oferta-nos à meditação o Cap. V - "Bem-aventurados os aflitos", no
item "O suicídio e a loucura"
Certa vez, o Chico
explicou-nos que o tema escolhido obedece, por indicação dos Espíritos, à
medida das necessidades dos presentes à reunião.
Após ele ter feito a
leitura, embora com a voz um pouco baixa mas que tem melhorado com as
aplicações da acupuntura, o sr. Weaker começa a convidar alguns amigos ao exame
do texto lido.
O Doutor Caio Ramacciotti,
filho do nosso inesquecível companheiro Rolando de São Bernardo do Campo,
lembra Alphonsus Guimaraens, em mensagem, quando considera
que "a dor talha a perfeição".
Usando também da palavra,
lembramos que a missão precípua do Espiritismo é combater o materialismo.
D. Zilda Rosin, também ali
conosco, enfocou o assunto pelo prisma da obsessão, ressaltando o valor da
vida.
Agora, a palavra é
concedida à D. Altiva Noronha, nossa confreira, de Uberaba, que se refere à
data natalícia do Chico. Comovidamente, agradece em nome de todas as mães, as
bênçãos nascidas das mãos de Chico Xavier pelo consolo, pela esperança...
Chico desconcertou-se, mas
todos estávamos felizes por D. Altiva ter tido a "coragem" de, à
queima-roupa, endereçar-lhe palavras tão bem colocadas e, sobretudo, tão
justas.
Depois que alguns mais
usaram a palavra, inclusive D. Aurora, uma simpática espanhola de cabelos
brancos, e Márcia, minha esposa, Chico pede para falar.
Fala, agradecendo a
bondade de todos. "As palavras de nossa irmã D. Altiva — disse, comovido —
valem como um convite para que eu venha a ser aquilo que preciso ser."
E prossegue: "Sei que
devo trabalhar... Há mais de cem anos, Allan Kardec ajudou-nos a superar os
problemas humanos..."
Exaltando o valor da
Doutrina Espírita ponderou que, quase todos nós, diariamente, sofremos pequenos
traumatismos, e que, somados, no fim da semana representam uma carga muito
grande, exigindo que "a pessoa tem que mostrar não apenas estrutura, mas
também infra-estrutura".
Com os olhos fitos no
Alto, Chico continua: "A infra-estrutura é a confiança em Deus. Devermos
ter o nosso íntimo iluminado pelo Poder Supremo que nos governa. Precisamos
criar o fator esperança, ter paciência; a paciência que descobre caminhos, sem
alarde, para ajudar os outros e a nós mesmos..."
Todos estávamos
embevecidos com a sua dissertação que, segundo sua própria expressão, reflete o
pensamento de Emmanuel.
Criar o fator esperança!...
Sim, a esperança é uma
força, um fator de vitória...
Chico fornecera-nos
excelente material para a meditação. Suas palavras, carregadas de magnetismo,
atingiam-nos os corações pelos caminhos da razão.
Terminando, ele agradece
uma vez mais a lembrança de D. Altiva: O nosso aniversário não tem importância
nenhuma. Esta data já ficou qual estranha.
E, num gesto
característico seu, que é levar a
mão à boca, sorriu qual uma criança feliz.
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