REFLEXÕES
"Deus não se mostra, mas
afirma-se mediante suas obras.
Quantos já fizeram
experiências científicas com a energia elétrica? A partir de qual momento foi possível afirmar que havia prova da sua
existência?
Apesar de Tales de
Mileto tê-la descoberto na Grécia Antiga, se alguém afirmasse isso no século
XIII, seria queimado na fogueira como demoníaco. Se falasse no início do século
XVII, seria tido por louco.
Foi apenas em meados
do século XVII, 23 séculos depois de Tales de Mileto, que se iniciaram estudos
sistematizados da energia elétrica com Otto von Guericke.
No século XVIII
vieram Ewald Georg von Kleist, Petrus van Musschenbroek, Benjamin Franklin,
Luigi Aloisio Galvani e outros.
No século XIX, vieram
James Clark Maxwell, Heinrich Hertz, Thomas Alva Edson e outros.
Em 1876, próximo do
final do século XIX, ainda não se sabia transmitir a energia elétrica gerada.
Qual a importância
disso para o estudo dos Espíritos? Ninguém vê propriamente a energia elétrica,
mas apenas os efeitos que provoca, sendo possível senti-la.
Até o início do
século XVIII, mesmo apesar dos estudos de alguns dos cientistas geniais aqui
citados, a grande maioria das pessoas negava existir a energia elétrica.
Algo similar acontece
com os Espíritos, que, em regra, não se mostram aos olhos da maioria dos
humanos. Segundo Kardec, no item 105 do Livro dos Médiuns:
“Por sua natureza e em seu estado
normal, o perispírito é invisível e tem isto de comum com uma imensidade de
fluidos que sabemos existir, sem que, entretanto, jamais os tenhamos visto.
Mas, também, do mesmo modo que alguns desses fluidos, pode ele sofrer
modificações que o tornem perceptível à vista, quer por meio de uma espécie de
condensação, quer por meio de uma mudança na disposição de suas moléculas.
Aparece-nos então sob uma forma vaporosa”.
O estudo do Espírito
enquanto objeto científico começou apenas em meados do século XIX, com Allan
Kardec. Quem lê suas obras nota a sua rara racionalidade e capacidade
científica, mas é preciso, como sempre, desenvolver e difundir a ciência que
ele sistematizou.
Os experimentos Scole
dão provas robustas da existência de Espíritos, pois registraram em áudio,
fotos e vídeo a desmaterialização e rematerialização de objetos, comunicações
espirituais, toques deles nos pesquisadores por meio de uma mão visível e
palpável etc.
Livro –
O Experimento Scole: Evidências Científicas Sobre a Vida Após a Morte - Grant e
Jane Solomon
Como de costume,
alega-se que pode haver embuste nesses experimentos.
Há pessoas que
poderiam se deparar com o Espírito de um ente querido, se comunicar claramente
com ele e, mesmo assim, não acreditariam que aquilo tivesse realmente ocorrido.
Não adianta querer fazer enxergar aquele que não quer ver. Recorre-se com
frequência à justificativa do sonho e das alucinações para afastar qualquer
possibilidade espiritual.
No caso dos que estão
abertos a entender os Espíritos, eles são inteligências fora do corpo físico,
ou seja, são nós mesmos, humanos, desencarnados, não havendo o que temer, mas
apenas respeitar e compreender. É
preciso, no entanto, um forte senso crítico para que a aceitação da existência
dos Espíritos, ou para que a afinidade com a Ciência Espírita, não leve a conclusões
precipitadas.
Carl Gustav Jung, o
pai da Psicologia Analítica, passou toda sua vida lidando com experiências
mediúnicas de sua mãe e dele próprio, porém nunca afirmou existir prova
científica da existência dos Espíritos.
Com receio de ser
execrado do meio científico, uma vez que já tinha sofrido retaliações de Freud
e outros por se interessar pelo Ocultismo, ele era muito cauteloso e não
afirmou abertamente que tinha contatos com o mundo espiritual até a sua última
brilhante obra, escrita quando já tinha mais de 80 anos de idade. Nela, ele
afirma:
“Não foram somente os
meus sonhos mas, ocasionalmente, os de outras pessoas que, revisando ou
confirmando os meus, deram forma às minhas concepções a respeito de uma
sobrevida” (Memórias, Sonhos e Segredos, p. 40).
Jung cita ao longo
desse livro inúmeros casos de premonições dele e de outras pessoas, encontros
com Espíritos durante o desprendimento da alma ao longo do sono, com
coincidências incríveis e que, de tão incríveis, o levaram a concluir que
aquilo não era simplesmente ação da sua imaginação.
Como todo bom
cientista, Jung procurava se questionar bastante sobre todos os sonhos e visões
que tinha. O mesmo acontecia com Camille Flammarion. Em texto anterior
publicado aqui no blog, um leitor deixou comentário sobre o fato de o próprio
astrônomo ter afirmado que as cartas escritas por ele e assinadas como
“Galileu” não foram eventos mediúnicos em comunicação com Galileu Galilei, mas
apenas sonhos, elementos da sua imaginação:
“Naquelas reuniões na
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, escrevi, por meu lado, páginas sobre
astronomia assinadas por ‘Galileu’. Essas comunicações ficavam no escritório da
sociedade, e Allan Kardec publicou-as em 1867, sob o título Uranographie
générale (Uranograjia Geral), em seu livro intitulado Genese (Gênese) (do qual
conservei um dos primeiros exemplares, com a dedicatória do autor).
Como se nota, muito pouco mudou. O tema dos Espíritos era tratado do final
do século XIX para o início do século XX pela maioria como fantástico e de
forma fantasiosa. Uns queriam negar
a todo custo e outros queriam acreditar a todo custo. Os famosos que
acreditavam buscavam, muitas vezes, não aparecer, com receio dos preconceitos
de pessoas que os criticavam duramente sem nada saber das manifestações.
Não é nenhuma
novidade a desconfiança humana em relação ao que é novo, sobretudo ao que
desmente suas crenças, mais especialmente ainda se disser respeito a suas
crenças mais íntimas sobre quem ele é e sobre como o mundo a sua volta
funciona. Flammarion nos remete, então,
de volta à descoberta da eletricidade:
“Em 1791, um
italiano, em Bolonha, tendo pendurado na balaustrada de sua janela rãs
esfoladas, com as quais havia preparado um caldo para sua jovem esposa doente,
viu-as se mexerem automaticamente, embora elas tivessem sido mortas na véspera.
O fato era inacreditável e, por isso, Galvani encontrava uma oposição unânime
por parte daqueles a quem contava o fato. Os homens sensatos pensavam que se
rebaixariam caso se dessem ao trabalho de verificá-lo, tanto que estavam certos
de sua impossibilidade. Todavia, Galvani chegara a notar que o efeito máximo se
produzia quando se colocava um arco metálico de estanho e cobre em comunicação
com os nervos lombares e a extremidade das patas da rã. Então, ela entrava em
convulsões violentas. Ele pensou tratar-se do fluido nervoso e perdeu o
fruto de suas descobertas. Ele estava reservado a Volta, ao descobrir a
eletricidade” (As forças naturais desconhecidas, p. 17)."