IRMÃOS NECESSITADOS
É preciso compreender - mas compreender
substancialmente - que nem todo mendigo é aquele que te requisita socorro
material. Muito mais que os irmãos em penúria do corpo, solicitam-te amparo
aqueles outros companheiros em aflição ou desvalimento, na vida íntima, a te
pedirem apoio e consolação.
Muita vez, alcançam-te a esfera
pessoal expectantes ou irritadiços, ansiosos ou arrogantes, qual se de coisa
alguma necessitassem. Entretanto, é preciso estender-lhes o verbo amigo para
que se habilitem à paz e ao refazimento.
Acolhe-os, pois, no clima da
própria alma e dá-lhes do que puderes em fraternidade e ternura para que se
restaurem.
* * *
Justo entender que, de maneira geral, quantos
nos rogam orientação e conselho, no imo de si mesmos já sabem, à saciedade, o
que lhes compete fazer.
Se cansados, não desconhecem que
a fadiga não se lhes extinguirá num toque de mágica; se enfermos, estão cientes
de que precisarão de remédio; se desiludidos, conhecem as farpas de angústia
que lhes atormentam o coração, farpas essas que é imperioso retirar e esquecer;
se carregam remorso, não ignoram que a dor da culpa não se lhes desaparecerá da
consciência lesada, assim como por encanto.
O que semelhantes irmãos
necessitados esperam de nós, quase sempre, é um tanto mais de força, afim de
que possam seguir adiante.
* * *
Compadece-te de quantos te
procuram, mergulhados em dúvida ou desespero.
Eles não aguardam de nós um
milagre, cuja existência não admitem. Procuram simplesmente a caridade de uma
palavra compreensiva ou um gesto de paz que lhes propiciem renovação e bom
ânimo.
Em suma, aspiram tão somente a
saber que não se encontram sozinhos e de que Deus, por intermédio de alguém,
não lhes terá esquecido as necessidades do coração.
Emmanuel
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