Página de Emmanuel
Meus amigos,
Noutro tempo
os discípulos, a pretexto de guardarem fidelidade ao Mestre Divino, refugiavam-se
à distância da luta, repartindo as graças do tempo, entre a oração e o
claustro, na expectativa de purificação.
Todavia, o
Companheiro dos sofredores amou a multidão, até à cruz, não obstante os caprichos
que a inclinam, muita vez, para o desfiladeiro das sombras.
Não nos será
licito esquecer que Jesus multiplicou os Paes, considerando a fome daqueles que
o seguiam, tocado de íntima compaixão.
Nunca se
afastou dos enfermos e dos tristes, dos paralíticos e dos loucos, dos cegos e
dos leprosos, nem menosprezou os Zaqueus da fortuna material, os publicanos de
vida menos digna e as mulheres enganadas no torvelinho das paixões.
Deu-se a
todos.
Espalhou a
bondade sem acepção de pessoas.
Abraçou
desvalidos e pobres.
Socorreu
crianças sem lar.
E, partindo da
Manjedoura, cercado de gente humilde e simples, atingiu o Calvário rodeado de cultos
e incultos, de justos e pecadores, de bons e maus, como a dizer que o seu apostolado
jamais estaria circunscrito às paredes frias dos templos de pedra, mas sim que
se derramaria, por bendita luz, sobre todos os corações, santuários vivos nas
almas, através das quais o Reino do Céu pudesse estender-se pela Terra inteira.
Em razão
disso, seja o Espiritismo para nós a Nova Mensagem do Amigo Celestial e ao
invés de buscá-lo na solidão dos que ceiam a experiência, valorizando o pecado
pela deserção diante da luta, convertemo-nos em colunas do serviço incessante
ao próximo, abrindo as douradas portas do espírito à profunda compreensão que
nos tornará melhores, mais sábios e mais humanos, na construção da Terra
regenerada.
A idéia
renovadora de que a Doutrina Sublime nos reveste é a de redenção pela fraternidade
pura.
Não bastará,
portanto, crer na sobrevivência do homem.
É
indispensável clarear o porvir, antecipando edificações iluminadas para o
amanhã de nossas almas eternas.
Não basta
sentir simplesmente a bênção da Verdade Soberana. É imprescindível dilatá-la ao
círculo de nossos semelhantes, através do bem que concretize a divina palavra
de que somos portadores.
Espiritistas
cristãos, nossos ouvidos não registrarão a harmonia celeste sem que, nas
planícies e nos vales do mundo obscuro da carne assinalemos, na acústica de
nosso ser a santificação música do “amemo-nos uns aos outros” quanto o Divino
Mestre nos amou, efetuando a doação de nós mesmos à sublimação da vida.
Ontem, a
soledade para confiar no Senhor.
Hoje, a luta
edificante para servi-lo.
Antigamente, a
fuga do sofrimento educativo com receio do mal.
Agora, porém,
é a nossa adesão profunda à restauração da paz e da felicidade na Terra, enfrentando
a luta e aceitando-lhe os desafios, ainda que para isso tenhamos de sangrar o
próprio coração.
Nosso esquema
é simples e claro.
O Evangelho
nos ressuscitará para o futuro sublime ou seremos relegados para traz, aos
escuros despenhadeiros em que já transitamos.
Jesus, porém,
é o nosso Pastor.
Ouçamos a sua
voz, trilhemos os seus caminhos, sigamos avante e cantaremos, igualmente, no dia
de vitória da Jerusalém libertada.
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