Washington palestrante da noite de 11.01.2014, na Casa do Caminho, |
VONTADE DIVINA
“Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.! (Lucas, 22:42)
“Dizendo: Pai, se queres,” — Registrando a manifestação de Jesus em estado de prece, o Evangelho proporciona-nos expressivo campo de meditação. Movimentando reservas que não nos é possível abranger, dirige-se a Deus, evidenciando a pujança d’Aquele em que residem todas as causas e todas as providências universais, numa referência simples e incisiva: “se queres”.
No mesmo plano, posta-se como Filho consciente dos deveres a cumprir, invocando-O, mais uma vez, como Pai. Às determinações divinas ajusta-se com humildade, no reconhecimento de que a determinação superior, ainda que nos reservando sofrimento e testemunhos, traz sempre mensagens de sublimadas nuances, capazes de atingir, no tempo e no espaço, os corações de seus filhos em regime de crescimento e de encaminhamento para os terrenos seguros da redenção.
“Passa de mim este cálice,” — O cálice sugere o repositório contendo a essência que, além de representar o que o Criador dispõe relativamente a cada um, envolve componentes a expressarem a necessidade que nos é inerente. Naturalmente, o conteúdo destinado a Jesus continha precioso substrato a fluir na forma de acerbos trabalhos e testemunhos, a beneficiar a Humanidade, como reflexos decorrentes da ação da própria Divindade. A atitude de Jesus nos leva a avaliar acerca do alto grau de humildade, de respeito e ao mesmo tempo de Sua submissão aos desígnios superiores.
Acentuadamente consoladora, a expressão “passa de mim este cálice” vem nos assegurar o direito e mesmo o dever de lutar no cultivo da esperança, em favor da superação de tudo quanto possa representar constrangimento, aflição e dor dentro dos mecanismos que norteiam o destino dos seres. Seja qual for o grau de conhecimento, de resistência e capacidade de sofrer, à criatura cabe, nos parâmetros da simplicidade e do respeito às determinações divinas, diligenciar recursos lícitos no sentido de vencer os sofrimentos que a envolvem, direcionando o seu coração no rumo da felicidade, direito de todos, indistintamente.
Washington |
“Todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.”
— Considerando-se ser Jesus aquele que direciona e coordena todos
os acontecimentos relacionados com o progresso, sendo Ele, também, o
estruturador da própria organização planetária, o texto nos conduz a profundas
reflexões.
Por que o Mestre, podendo fazer ou decidir, suplica ao Diretor do Cosmos delibere quanto ao melhor encaminhamento dos fatos que lhe diziam respeito? Abordado de forma natural na prece que Ele nos ensinou, o “faça-se a tua vontade” permanece como uma das proposições mais difíceis a se cumprir. Sem dúvida, ante as circunstâncias que nos visitam, a tendência insinuante do “eu” vem rejeitando valores de alta expressão racional, oriundos de Sua Misericórdia e que o nosso entendimento, ainda ajustado a mecanismos escravizantes, desconhece ou desconsidera, nada
obstante, os brados inarticulados da consciência. Ajustados, no entanto, a novos ângulos que os conhecimentos vêm revelando, incumbe-nos suprir, ao influxo da prece, os pontos frágeis de nossa personalidade, capacitando-nos, a curto e médio prazo, pela determinação de crescer, a aceitar com simplicidade e segurança a “vontade” d’Aquele que é o sustentáculo de todo o Universo.
(Capítulo 174 do livro Luz Imperecível, Honório Abreu, edição da União Espírita Mineira)
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