(1857 – 1926)
GABRIEL DELANNE, discípulo e continuador da obra de Kardec. Reencarnou em Paris, França, no dia 23 de Março de 1857; desencarnou em 15 de fevereiro de 1926, com 69 anos de idade.
Engenheiro Eletricista (que hoje se denomina Eletrotécnico), formado pela Escola de Artes e Ofícios.
Seu pai, Alexandre Delanne, foi contemporâneo e companheiro de Allan Kardec e, por ocasião da desencarnação deste, foi quem falou à beira do túmulo, em nome dos espíritas dos centros distantes.
Alexandrina Delanne, sua mãe, segundo nos relata Canuto Abreu, foi uma das médiuns de Allan Kardec.
Gabriel Delanne foi, pois, espírita “de berço”. E se fez o mais destacado valor da parte experimental e uma das maiores figuras da história do Espiritismo, até os dias de hoje.
Ninguém o suplantou.
O Dr. Canuto Abreu se ufanava por ter conhecido e convivido pessoalmente com Gabriel Delanne. Freqüentou sua casa, que era, diz Canuto, “também sede duma sociedade espirítica. Assisti a trabalhos por ele presididos. Ouvi suas lições práticas. Suas longas e cintilantes narrativas. Suas discussões, em que às vezes erguia a voz, exaltado pela convicção posta em dúvida, e logo a baixava, sorridente, ao perceber a porta do misticismo, que detestava como cientista.”
“Ninguém”, dia João Teixeira de Paula, “mais e melhor do que Delanne se importou com a magna questão de se saber quando um fenômeno é anímico ou estritamente espirítico. Nem Alexandre Aksakoff, cuja distinção entre um fenômeno e outro é algo confusa e contraditória, nem Ernesto Bozzano, que se limitou a mostrar que o Animismo prova o Espiritismo – estudaram, com tanta abundância de exemplos, comparações, restrições e cessões, o que é o Animismo.”
Gabriel Delanne foi presidente da “Union Spirite Française”, onde fundou, em 1884, “Le Spiritisme”, e foi o seu representante no Congresso Espírita de Bruxelas, Bélgica, desse mesmo ano (1884); foi Presidente da “Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques”, onde, também, fundou, em 1897, e dirigiu, a “Tribune Psychique”; foi membro do Comitê do Instituto Metapsíquico Internacional, e membro honorário da “Société d´Études Psychiques de Nancy”.
Em 1882, juntamente com Leymarie participou da assembléia que fundou a Federação Espírita Francesa e Belga.
Em 1896 fundou a “Revue Scientifique et Morale du Spiritisme”, da qual foi o seu Diretor e, em 1898, apresentou, no Congresso Espiritualista de Londres, extensa “memória”.
Em 1897, fundou “La Tribune Psychique”, órgão da “Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques”.
O seu primeiro livro – “Le Spiritisme devant la Science”, foi publicado por Librairie Dentu, de Paris, em 1883, ‘in’ 18, 472 pp.; vertido para o espanhol, “El Espiritismo ante la Ciência”, Barcelona, 1886, Ed. El Cortijo, e traduzido, por Carlos Imbassahy, para o português, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1ª. ed. 1939, 365 pp.
A seguir publicou:
“Le Phénomène Spirite”. Testemunho dos sábios. Estudo histórico. Exposição metódica de todos os fenômenos. Discussão das hipóteses. Conselho aos médiuns. A teoria filosófica. Paris, Chamuel, 1893, ‘in’ 12, 296 pp. Obra traduzida para o português pelo Marechal Francisco Raymundo Ewerton Quadros, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1951, 1ª. ed. 276 pp.
“L´Évolution Animique”. Ensaio de psicologia fisiológica segundo o Espiritismo. Trata da força vital, do perispírito, da força nervosa psíquica, do amor conjugal, do inconsciente psíquico, do sonambulismo provocado, da obsessão e da loucura, etc. Chamuel, Paris, 1897, ‘in’ 18, 368 pp. Versão castelhana, de J. Torrens, “La Evolución Anímica”, Barcelona, 1899, e traduzida para o português por M. Quintão, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1938, 1ª. ed. 288 pp.
“Recherches sur la Mediumnité”. Investigações sobre a mediunidade. Paris. 1898.
“L’Âme est Immortelle”. Demonstração experimental. Chamuel, Paris, 1899, ‘in’ 18, 468 pp. Traduzida para o português , por Guillon Ribeiro, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1901, 1ª. ed. 314 pp.
“Le Périsprit”, Paris Chamuel, 1899.
“Documents pour servir à l´étude de La Reincarnation”. Éditions de La B.P.S., Paris, 1924. – Posteriormente foi titulada “La Reincarnation” Editions de La B.P.S. , Paris, 1924., 1ª. ed. 408 pp. Traduzida para o português – Reencarnação – por Carlos Imbassahy, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1940, 1ª. ed. 323 pp.
“Le Magnetisme Animal”.
“Les Vies Sucessives”. Memória apresentada ao Congresso Internacional de Londres. Traduzida para o espanhol por Victor Melcior y Farré, com prefácio de Quintín Lopes Gomes, Barcelona, 1898, Est. Tip. de Juan Torrens, 127 pp.
“Les Apparitions Matérialisées des Vivants et des Morts”, Librairie Spirite – Leymarie Editeur, Paris, França, 1909, Tomo I – “ Les Fantômes de Vivants”, 1ª. ed. 527 pp. Tomo II, 1911.
Na construção das suas obras, na ordenação das suas deduções, em todas as suas exposições, ressalta o senso da precisão científica, o respeito pela verdade demonstrada, a necessidade racional de apoiar a afirmação no testemunho concreto.
Na notável e extensa memória que apresentou ao Congresso Espiritualista de Londres, em Junho de 1898, dizia Delanne que a Providência fizera surgir missionários em todas as nações para pregarem a moral eterna: Confúcio, Buda, Zoroastro, Jesus, são as grandes vozes que ensinaram uma doutrina idêntica sob diversos aspectos.
São dessa Memória as seguintes conclusões:
1. O ser vivo não é realmente senão uma forma em que passa a matéria.
2.A conservação dessa forma é devida ao princípio inteligente revestido de uma certa substancialidade.
3.Tanto em relação ao animal como em relação ao homem, a conservação dessa forma tem lugar depois da morte.
4.As modificações moleculares nesses invólucro são indestrutíveis.
5.A repetição dos mesmos atos, físicos, ou intelectuais, tem resultado torná-los fáceis, depois habituais, depois reflexos, isto é, automáticos e inconscientes (Não sendo os instintos senão hábitos, de milhões de anos seculares).
6.A série dos seres organizados é fisicamente contínua tanto atualmente como no passado.
7.As manifestações do instinto, depois mais tarde, da inteligência, em todos os seres vivos, são graduais em seu conjunto e intimamente ligadas ao desenvolvimento dos organismos.
8.O homem resume e sintetiza todas as modalidades anatômicas e intelectuais que existiram na Terra.
9. Os fatos de observação estabelecem a reminiscência de estados anteriores nos animais e a recordação das precedentes vidas no homem.
10.Finalmente, certos Espíritos predizem a sua volta a este mundo e outros afirmam as vidas sucessivas.
Das obras referidas, a FEB – Federação Espírita Brasileira publicou, em nosso idioma, cinco delas:
A alma é imortal. Tradução de Guillon Ribeiro, 1901.
A evolução anímica. Estudos sobre psicologia fisiológica. Tradução de Manuel Quintão – FEB, 1938. 1ª. edição, 288 pp.
O espiritismo perante a ciência. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1939. 1ª. edição, 365 pp.
Reencarnação. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1940, 1ª. edição, 323 pp.
O fenômeno espírita. Tradução de Francisco Ewerton Quadros, 1ª. edição, anotada pela FEB, 1951.
Dedicando-se integralmente ao Espiritismo, viveu dos direitos autorais dos seus livros. Sua vida foi paupérrima, sob esse aspecto. Sob o ponto de vista físico, teve grave incapacidade: paralítico e cego, porém sempre lúcido. Por tal razão seu “último trabalho, que ditou, foi lido na sessão inaugural do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no dia 7 de Setembro de 1925”.
Revista ICESP
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