Caídos
Aproxima-te
dos caídos para ajudar.
Não
suponhas, contudo, que eles sejam apenas os companheiros que encontras na
estrada, em decúbito, vitimados de inanição ou de desalento.
Assesta
as lentes do espírito e surpreenderás os que jazem prostrados, embora garantam
o corpo em condição vertical, à maneira de torre inútil.
Entretanto,
é preciso compreender para discernir.
Há
os que caíram amando, sem saber que o afeto insensato os arrojaria nas trevas.
Há
os que caíram em rijas cadeias, por ignorarem que as flores genuínas do lar
costumam viver no adubo do sofrimento.
Há
os que caíram auxiliando, por desconhecerem que a caridade real pede apoio à
renúncia.
Há
os que caíram por devotamento à dignidade, transformando a Justiça em gládio de
intolerância.
Há
os que caíram nos duros freios do orgulho, imaginando-se mais limpos e mais
nobres que os seus irmãos.
Há
os que caíram no fogo das paixões delinquentes, ateado por eles mesmos à
própria senda.
Há
os que caíram nas grades do ódio, por olvidarem que o perdão é sustento da
vida.
E
há ainda aqueles outros que caíram na miséria da usura, como se pudessem comer
o dinheiro que acumularam chorando...
Cada
um deles traz a dor nos recessos da alma por elemento de correção.
Não
lhes agrave, assim, o suplício moral, alargando-lhes as feridas.
Todos
somos viajores nas trilhas da Terra, carregando fardos de imperfeições.
Hoje,
podes estender os braços e levantar os que desfalecem. Amanhã, porém, é novo
dia de caminhada e, embora tenhamos a obrigação de orar e vigiar, nenhum de nós
sabe realmente se vai cair.
Francisco Cândido Xavier Justiça Divina Estudos e dissertações em torno da obra “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec.
Emmanuel
Francisco Cândido Xavier Justiça Divina Estudos e dissertações em torno da obra “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec.
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