As doutrinas materialistas são incompatíveis com a moral e
subversivas da ordem social.
Se, conforme pretendem os materialistas, o pensamento fosse
segregado pelo cérebro, como a bílis o é pelo fígado, seguir-se-ia que, morto o
corpo, a inteligência do homem e todas as suas qualidades morais recairiam no
nada; que os nossos parentes, os amigos e todos quantos houvessem tido a nossa
afeição estariam irremissivelmente perdidos; que o homem de gênio careceria de
mérito, pois que somente ao acaso da sua organização seria devedor das
faculdades transcendentes que revela; que entre o imbecil e o sábio apenas
haveria a diferença de mais ou menos substância cerebral.
As consequências
dessa doutrina seriam que, nada podendo esperar para depois desta vida, nenhum
interesse teria o homem em fazer o bem; que muito natural seria procurasse ele
a maior soma possível de gozos, mesmo à custa dos outros; que o sentimento mais
racional seria o egoísmo; que aquele que fosse persistentemente desgraçado na
Terra, nada de melhor teria a fazer, do que se matar, porquanto, destinado a
mergulhar no nada, isso não lhe seria nem pior, nem melhor, ao passo que de tal
forma abreviaria seus sofrimentos.
A doutrina materialista é, pois, a sanção do egoísmo, origem de
todos os vícios; a negação da caridade — origem de todas as virtudes e base da
ordem social — e seria ainda, a justificação do suicídio.
OBRAS PÓSTUMAS - ALLAN KARDEC
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