Prefácio
Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso
exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por
toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os
caminhos e abrir os olhos aos cegos.
Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas
as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as
trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos.
As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os
cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós homens, para o
divino concerto. Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes, e que, num hino
sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo.
Homens, irmãos a quem amamos, aqui estamos junto de vós.
Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as
vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Senhor!... e podereis entrar no reino
dos Céus.
O ESPÍRITO DE VERDADE
Nota – A
instrução acima, transmitida por via mediúnica, resume a um tempo o verdadeiro
caráter do Espiritismo e a finalidade desta obra; por isso foi colocada aqui
como prefácio.
Título do original francês: L’EVANGILE SELON LE SPIRITlSME
(Paris, abril 1864)
Tradução de GUILLON RIBEIRO
da 3ª edição francesa, revista, corrigida
e modificada pelo Autor em 1866
Advento do Espírito
de Verdade 1
VENHO, como outrora
aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas.
Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar
aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus
grande, que faz germinarem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a
doutrina divinal.
Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade
e disse: “Vinde a mim, todos vós que
sofreis”.
Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que
conduz ao Reino de meu pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu
pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros,
mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais e que se faça
ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem
na Terra, a clamar:
1 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 5.
Orai
e crede! pois que a morte é a ressurreição,
sendo a vida a prova buscada
e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se
desenvolverão como o cedro.
Homens
fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o
facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e
reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Sinto-me
por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza
imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que,
vendo o Céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que
vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as
verdades.
Espíritas!
amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No
Cristianismo encontram-se todas as
verdades; são de origem humana os
erros que nele
se enraizaram. Eis
que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes
vos clamam: “irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o
vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade”.
O
ESPÍRITO DE VERDADE,
Paris, 1860.
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