Corações venerados
Reunião pública de 10-11-61
1ª Parte, cap. XI, item 12
À medida que
os anos terrestres te alongam a experiência, registras, com mais intensidade,
na câmara da memória, a presença dos que partiram.
Ah! Os mortos
que te guiaram ao bom caminho!... São eles as vozes do passado que te chegam,
puras ao coração. Lembram-te o berço perdido, junto às maternas canções que te
embalavam para o repouso, os ensinamentos do lar que te guardavam a meninice, o
carinho dos irmãos que beijavas na alegria transparente da infância, o sorriso
dos mais velhos que te abençoavam em oração!... Falam-te dos passos
cambaleantes da idade tenra, das primeiras garatujas que traçaste na escola,
dos afetos da juventude, dos laços inolvidáveis dos quais te despediste, chorando,
na hora extrema!...
*
Não te
rendas, contudo, ao desespero, se o frio da ausência parece constituir a única
resposta da vida aos anseios que te fluem da inquietação.
Deixa que a
prece te converta o espinheiral da saudade em jardim de esperança, porque todos
eles, os corações venerados que te precederam no portal da grande sombra,
aguardam-te jubilosos, no imenso país da luz.
Entretanto,
para que lhes partilhes o banquete de paz e amor, é necessário perlustres a
senda de trabalho e abnegação que te abriram aos pés.
Abraça-lhes o
exemplo de sacrifício com que te iluminou o entendimento e pede-lhes para que
te inspirem à caminhada.
Não temas,
sobretudo, o avanço das horas.
O tempo que
traz o inverno cinzento e triste é o mesmo que acende os lumes e ostenta as
flores da primavera.
*
A existência,
no plano físico, é comparável à travessia de grande mar.
O corpo é a
embarcação.
A morte é o
porto de acesso a lides renovadoras.
Tudo o que
fazes segue à frente de ti, esperando-te, além, na estação de destino.
Vive, assim,
a realizar o melhor que puderes, de vez que, se te consagras ao bem, em verdade
não fugirás à passagem da noite, mas todos aqueles que, um dia, te conduziram
ao bem ser-te-ão novas luzes no instante do alvorecer.
Francisco Cândido Xavier
Justiça Divina
Estudos e dissertações em torno da obra
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec
Ditado pelo
Espírito
Emmanuel
12. Mas aqui reponta uma outra
dificuldade. Se as almas bem-aventuradas não podem deixar a mansão gloriosa
para socorrer os mortais, por que invoca a Igreja a assistência dos santos que devem fruir ainda maior soma de beatitude? Por
que aconselha invocá-los em casos de moléstia, de aflição, de flagelos? Por que
razão e segundo essa mesma Igreja os santos e a própria Virgem aparecem aos homens e fazem
milagres? Estes deixam o céu para baixar à Terra; entretanto os que estão menos
elevados não o podem fazer!
1ª Parte,
cap. XI, item 12º O Céu e o Inferno, Allan Kardec.
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