O homem bom
CARACTERES
DO HOMEM DE BEM
918.
Por que indícios se pode reconhecer em
um homem o progresso real que lhe elevará o Espírito na hierarquia espírita?
“O
Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal
representam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida
espiritual.”
Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos".
Conta-se
que Jesus, após narrar a Parábola do Bom Samaritano, foi novamente interpelado
pelo doutor da lei que, alegando não lhe haver compreendido integralmente a
lição, perguntou, sutil:
–
Mestre, que farei para ser considerado homem bom?
Evidenciando
paciência admirável, o Senhor respondeu:
–
Imagina-te vitimado por mudez que te iniba a manifestação do verbo escorreito e
pensa quão grato te mostrarias ao companheiro que falasse por ti a palavra
encarcerada na boca.
Imagina-te
de olhos mortos pela enfermidade irremediável e lembra a alegria da caminhada,
ante as mãos que te estendessem ao passo incerto, garantindo-te a segurança.
Imagina-te
caído e desfalecente, na via pública, e preliba o teu consolo nos braços que te
oferecessem amparo, sem qualquer desrespeito para com os teus sofrimentos.
Imagina-te
tocado por moléstia contagiosa e reflete no contentamento que te iluminaria o
coração, perante a visita do amigo que te fosse levar alguns minutos de
solidariedade.
Imagina-te
no cárcere, padecendo a incompreensão do mundo, e recorda como te edificaria o
gesto de coragem do irmão que te buscasse testemunhar entendimento.
Imagina-te
sem pão no lar, arrostando amargura e escassez, e raciocina sobre a felicidade
que te apareceria de súbito no amparo daqueles que te levassem leve migalha de
auxílio, sem perguntar por teu modo de crer e sem te exigir exames de consciência.
Imagina-te
em erro, sob o sarcasmo de muitos, e mentaliza o bálsamo com que te acalmarias,
diante da indulgência dos que te desculpassem a falta, alentando-te o recomeço.
Imagina-te
fatigado e intemperante e observa quão reconhecido ficarias para com todos os
que te ofertassem a oração do silêncio e a frase de simpatia.
Em
seguida ao intervalo espontâneo, indagou-lhe o Divino Amigo:
–
Em teu parecer, quais teriam sido os homens bons nessas circunstâncias?
–
Os que usassem de compreensão e misericórdia para comigo – explicou o interlocutor.
–
Então – repetiu Jesus com bondade –, segue adiante e faze também o mesmo.
Emmanuel
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