segunda-feira, 26 de novembro de 2018


Para onde caminha o espiritismo

Quem quer que haja meditado sobre o espiritismo e suas consequências e não o circunscreva à produção de alguns fenômenos terá compreendido que ele abre à Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito – Allan Kardec ( A gênese)

Segundo Antonio Cesar Perri de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira, há hoje no Brasil cerca de 14 mil instituições espíritas* . Imensa é, portanto, a responsabilidade dos brasileiros na condução do estudo e prática da doutrina, preservando-se seus postulados. E diante disso fica a dúvida: para onde caminhamos? Os centros espíritas se espalharam e como também não se pode medir o progresso da doutrina espírita simplesmente pelo número de centros ou de adeptos, mas pelo despertar das ideias espíritas no pensamento humano, é preciso lembrar o que disseram os espíritos sobre como se daria a consolidação do espiritismo. Ele passaria por três fases: a primeira fase, a da curiosidade, causada pelo interesse no fenômeno; a segunda, a do estudo, da filosofia; e a terceira, sua aplicação à reforma da Humanidade. Cabe-nos a reflexão, portanto, sobre o ponto em que nos encontramos.

O professor, filósofo e jornalista J. Herculano Pires inicia seu livro O centro espírita com uma afirmação que faz pensar. "Se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra". Isso em 1979. Herculano, há quase 40 anos, já citava vários fatos que retardavam o objetivo maior da Terceira Revelação. "A doutrina espírita não chegou ainda a ser conhecida pelos seus próprios adeptos em todo o mundo", disse. Lembrando o apóstolo Paulo, Herculano salientava que os espíritas estavam no momento exato em que precisavam "desmamar das cabras celestes para se alimentarem de alimentos sólidos" e os que desejassem atualizar a doutrina deveriam antes cuidar de se atualizarem nela. Hoje não é diferente e vale comentar aqui também outro ponto importante, que é o processo da própria comunicação das ideias, condição imprescindível para qualquer trabalho de divulgação. No conceito de comunicação, há elementos fundamentais: o emissor, o receptor, o canal, a linguagem, a mensagem... e o ruído. Como naquela brincadeira, em que alguém cochicha no ouvido do outro uma mensagem a ser passada adiante para várias pessoas, chegando ao final destorcida, também a propagação do espiritismo corre o risco de se ver atropelada pelos ruídos da comunicação, mal-entendidos, invenções e alterações dos homens. Alguns, sem querer, por ingenuidade e falta de conhecimento, e outros, propositadamente, por interesses diversos. Daí a imensa responsabilidade dos centros espíritas. Assim como na brincadeira citada, a originalidade da revelação espírita será preservada se houver a preocupação de se guardar a fonte. E essa fonte é a própria codificação, que contou com uma grande equipe espiritual, tendo o trabalho hercúleo de Allan Kardec para a sistematização das verdades reveladas e observadas de forma lógica e metódica, o que permitiu à doutrina um caráter científico, através das suas cinco obras básicas: O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O céu e o inferno, O evangelho segundo o espiritismo e A gênese.

Eliana Haddad

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