Para
onde caminha o espiritismo
Quem
quer que haja meditado sobre o espiritismo e suas consequências e não o
circunscreva à produção de alguns fenômenos terá compreendido que ele abre à
Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito – Allan
Kardec ( A gênese)
Segundo Antonio Cesar Perri de
Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira, há hoje no Brasil cerca
de 14 mil instituições espíritas* . Imensa é, portanto, a responsabilidade dos
brasileiros na condução do estudo e prática da doutrina, preservando-se seus
postulados. E diante disso fica a dúvida: para onde caminhamos? Os centros
espíritas se espalharam e como também não se pode medir o progresso da doutrina
espírita simplesmente pelo número de centros ou de adeptos, mas pelo despertar
das ideias espíritas no pensamento humano, é preciso lembrar o que disseram os
espíritos sobre como se daria a consolidação do espiritismo. Ele passaria por
três fases: a primeira fase, a da
curiosidade, causada pelo interesse no fenômeno; a segunda, a do estudo, da filosofia; e a
terceira, sua aplicação à reforma da
Humanidade. Cabe-nos a reflexão, portanto, sobre o ponto em que nos
encontramos.
O professor, filósofo e
jornalista J. Herculano Pires inicia seu livro O centro espírita com uma
afirmação que faz pensar. "Se os
espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função
e a sua significação, o espiritismo seria hoje o mais importante movimento
cultural e espiritual da Terra". Isso em 1979. Herculano, há quase 40
anos, já citava vários fatos que retardavam o objetivo maior da Terceira
Revelação. "A doutrina espírita não
chegou ainda a ser conhecida pelos seus próprios adeptos em todo o mundo",
disse. Lembrando o apóstolo Paulo, Herculano salientava que os espíritas
estavam no momento exato em que precisavam "desmamar das cabras celestes
para se alimentarem de alimentos sólidos" e os que desejassem atualizar a
doutrina deveriam antes cuidar de se atualizarem nela. Hoje não é diferente e
vale comentar aqui também outro ponto importante, que é o processo da própria
comunicação das ideias, condição imprescindível para qualquer trabalho de
divulgação. No conceito de comunicação, há elementos fundamentais: o emissor, o
receptor, o canal, a linguagem, a mensagem... e o ruído. Como naquela brincadeira,
em que alguém cochicha no ouvido do outro uma mensagem a ser passada adiante
para várias pessoas, chegando ao final destorcida, também a propagação do
espiritismo corre o risco de se ver atropelada pelos ruídos da comunicação,
mal-entendidos, invenções e alterações dos homens. Alguns, sem querer, por
ingenuidade e falta de conhecimento, e outros, propositadamente, por interesses
diversos. Daí a imensa responsabilidade dos centros espíritas. Assim como na
brincadeira citada, a originalidade da revelação espírita será preservada se
houver a preocupação de se guardar a fonte. E essa fonte é a própria
codificação, que contou com uma grande equipe espiritual, tendo o trabalho
hercúleo de Allan Kardec para a sistematização das verdades reveladas e
observadas de forma lógica e metódica, o que permitiu à doutrina um caráter
científico, através das suas cinco obras básicas: O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O céu e o inferno, O
evangelho segundo o espiritismo e A gênese.
Eliana Haddad
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