O PASSÁRO
DOURADO
Emmanuel
Conta-se que Ramsés II possuía enorme
coleção de pássaros treinados para comunicação, aves semelhantes aos
pombos-correio da atualidade.
Depois de algum tempo em que os mensageiros
alados desempenhavam serviços de intercâmbio, com segurança e eficiência, a magnanimidade
real deliberou honorificar seis deles, que se revelavam mais corajosos e fiéis.
Atendendo a isso, o grande Sesostris colocou
a homenagem, entre os diversos números de festa popular.
A condecoração constaria de um leve revestimento
de ouro para cada um.
No dia marcado, conquanto sob severa
contenção, cinco dos pássaros em destaque escaparam céus afora.
Apenas um deles ficou retido nas mãos
de alto funcionário, ante a real presença.
O faraó aproximou-se com carinho e borrifou-lhe
o corpo, especialmente as asas, com finíssima poeira de ouro puro, sob os
aplausos da multidão.
O pássaro condecorado, entretanto, embora
liberto, permaneceu em vasta mesa do palácio, a contorcer-se, qual se quisesse
desfazer-se do precioso brinde, sempre reverenciado por todos no entanto, nunca
mais conseguiu voar.
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