Compromissos em
nós
Considerando
as elevadas missões dos Espíritos que se agigantaram nos louros da virtude,
reflitamos nos compromissos anônimos que rogamos, com ardor, em nós e por nós.
*
Encontraste o
marido ideal e a abastança doméstica; no entanto, recebeste no próprio sangue o
filho retardado que te corta o coração por difícil problema.
Um dia,
compreenderás que, noutras épocas, foi ele o companheiro que induziste à
loucura.
*
Dispões de
títulos respeitáveis para luzir nos encargos mais nobres e padeces uma esposa
mentalmente fixada na fronteira do hospício.
Um dia,
compreenderás que, em estradas distantes, foi ela a parceira menos feliz, em
cujos pés colocaste lama escorregadia, para que resvalasse, desamparada, na
esquina do sofrimento.
*
Tens dinheiro
e instrução, mas carregas um pai irascível e intransigente, que mais se
assemelha a um tigre de sentinela.
Um dia,
compreenderás que ele vive assim por defeitos da educação que lhe impuseste em
outra existência.
*
Percebes a
grandeza da obra de que te responsabilizas, sem achar colaborador que te dê mão
no trabalho, arrostando, sozinho, a obrigação de fazer.
Um dia,
compreenderás que te valias, ontem, da confiança alheia para tiranizar os que
mais te amavam, e lutas, hoje, desentendido, para te libertares da violência.
*
Possuis conhecimentos
admiráveis e legiões de amigos que tudo fazem por ajudar-te; contudo, amargas penosa
anormalidade orgânica, à maneira de espinho oculto.
Um dia,
compreenderás que a mutilação e a deformidade, a inibição e a moléstia
constituem remédios nos pontos fracos da própria alma.
*
Desfrutas
mediunidade notável e não consegues outro mister que não seja o consolo e o
apaziguamento na própria casa.
Um dia,
compreenderás que carecias de longo tempo, desempenhando a função de bússola
viva para alguns poucos viajantes do mundo, arrojados por ti mesmo nas trevas
das grandes provas.
*
Acalentas
projetos superiores, exaltando anseios de ascensão e sonhos de arte; no
entanto, gastas o próprio corpo, dobrando a cerviz sobre o tanque ou lavando
pratos e caçarolas.
Um dia,
compreenderás que para sermos livres é preciso escravizar-nos, por algum tempo,
ao pé daqueles que, por algum tempo, nos foram também escravos.
*
Bendize as
dores desconhecidas que te pungem, silenciosas!
Agradece as
ocupações ignoradas que pediste alegremente, na Vida Espiritual, e que, muita
vez, exerces chorando na vida física.
Se ninguém,
na Terra, te anota o serviço obscuro, recorda que Deus te vê! Se todos te
desprezam, à face das tuas atividades supostas insignificantes e humildes,
ainda mesmo por entre lágrimas, regozija-te nelas, aguardando o futuro.
Ninguém
consegue realmente ser grande, quando não aprendeu a ser pequenino.
Francisco
Cândido Xavier
Justiça
Divina
Estudos
e dissertações em torno da obra
“O
Céu e o Inferno”, de Allan Kardec
Ditado
pelo Espírito
Emmanuel
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