terça-feira, 18 de setembro de 2018


A Ironia e a Verdade

Nas grandes horas, nunca falta a ironia, em derredor dos servidores da Verdade Eterna. E, para confortar os seus seguidores, suportou-a Jesus, heroicamente, no extremo testemunho. Amara a todas as criaturas de seu caminho, com igual devotamento, servira-as, indistintamente, entregando-lhes os bens de Deus, sem retribuição, exemplificara a simplicidade fiel e multiplicara os benefíciários de todos os matizes, em torno de seu coração por onde passasse. Desdobrava-se-lhe o Apostolado Divino, sem vantagens materiais e sem interesses inferiores, mas os homens arraigados à Terra não lhe toleraram as revelações do Céu. Porque não podiam destruir-lhe a verdade, entregaram-no à justiça do mundo e, tão logo organizado o processo infamante, a ironia rondou o Senhor até a crucificação.


Trouxera o Evangelho Libertador à Humanidade e recebeu a calúnia e a perseguição.


Ele, que ouvia a Voz Suprema, foi preso por varapaus.

Distribuíra benefícios para todos os séculos, contudo, foi segregado num cárcere.


Vestira as almas de esperança e paz, no entanto, impuseram-lhe a túnica do escárnio.


Ensinara sublimes lições de renúncia e humildade e foi submetido a perturbadores interrogatórios pelos acusadores sem consciência.


Rompera as algemas da ignorância, entretanto, foi coagido a aceitar a cruz.


Coroou a fronte dos semelhantes com a luz da libertação espiritual, todavia, foi coroado de espinhos ingratos.


Oferecera carícias aos sofredores e desamparados do mundo, recebendo açoites e bofetadas.


Fundara o Reino do Amor Universal e obrigaram-no a empunhar uma cana à guisa de cetro.


Ensinou a ordem entre os homens pela perfeita fidelidade ao Supremo Senhor e o boato lhe pôs na boca expressões que nunca pronunciou.


Abrira na Terra a fonte das Águas Vivas, entretanto, deram-lhe vinagre quando tinha sede.

Ele que amara a simplicidade, a religião e o respeito, foi crucificado seminu, sob o cuspo da perversidade, entre dois ladrões.


Jesus, porém, sentindo embora a ironia que o cercava, não reclamou, nem feriu a ninguém, não comprometeu os companheiros, nem exigiu a consideração de seus deveres. Compreendeu a ignorância dos homens, rogou para eles o perdão do Pai e dirigiu-se a outros trabalhos, no seu divino serviço à Humanidade.


Nenhum servidor fiel do bem, portanto, escapará ao assédio da ironia. É preciso, porém, recordar o Mestre, evitar o escândalo, pedir ao Supremo Pai pelos escarnecedores infelizes e continuar trabalhando com o Senhor, dentro da mesma confiança do primeiro dia.

Emmanuel

Nenhum comentário:

Postar um comentário