domingo, 30 de setembro de 2018


A espada simbólica

“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada.” – Jesus. (Mateus, 10:34.)
Inúmeros leitores do Evangelho perturbam-se ante essas afirmativas do Mestre Divino, porquanto o conceito de paz, entre os homens, desde muitos séculos foi visceralmente viciado. Na expressão comum, ter paz significa haver atingido garantias exteriores, dentro das quais possa o corpo vegetar sem cuidados, rodeando-se o homem de servidores, apodrecendo na ociosidade e ausentando-se dos movimentos da vida.
Jesus não poderia endossar tranqüilidade desse jaez e, em contraposição ao falso princípio estabelecido no mundo, trouxe consigo a luta regeneradora, a espada simbólica do conhecimento interior pela revelação divina, a fim de que o homem inicie a batalha do aperfeiçoamento em si mesmo. O Mestre veio instalar o combate da redenção sobre a Terra. Desde o seu ensinamento primeiro, foi formada a frente da batalha sem sangue, destinada à iluminação do caminho humano. E Ele mesmo foi o primeiro a inaugurar o testemunho pelos sacrifícios supremos.
Há quase vinte séculos vive a Terra sob esses impulsos renovadores, e ai daqueles que dormem, estranhos ao processo santificante!
Buscar a mentirosa paz da ociosidade é desviar-se da luz, fugindo à vida e precipitando a morte. No entanto, Jesus é também chamado o Príncipe da Paz.
Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mundo a espada renovadora da guerra contra o mal, constituindo em si mesmo a divina fonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses, nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nEle, a serenidade inalterável. É que Jesus começou o combate de salvação para a Humanidade, representando, ao mesmo tempo, o sustentáculo da paz sublime para todos os homens bons e sinceros.

Francisco Cândido Xavier

Caminho, Verdade e Vida


1o livro da Coleção “Fonte Viva”
(Interpretação dos Textos Evangélicos)


Ditado pelo Espírito
Emmanuel

sábado, 29 de setembro de 2018


Amarás Servindo

Ainda quando escutes alusões em torno da suposta decadência dos valores humanos, exaltando as forças das trevas, farás da própria alma lâmpada acesa para o caminho.


Mesmo quando a ambição e o orgulho te golpeiem de suspeitas e de rancores o espírito desprevenido, amarás servindo sempre.


Quando alguém te aponte os males do mundo, lembrar-te-ás dos que te suportaram as fraquezas da infância, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira oração, dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros que partiram da Terra, abençoando-te o nome, depois de repetidos exemplos do sacrifício para que pudesses livremente viver. Recordarás os benfeitores anônimos que te deram entendimento e esperança, prosseguindo fiel ao apostolado do amor e serviço que te legaram...


Para isso, não te deterás na superfície das palavras.

Colocar-te-ás na posição dos que sofrem, a fim de que faças por eles tudo aquilo que desejarias se te fizesse nas mesmas circunstâncias.


Ante as vítimas da penúria, imagina o que seria de ti nos refúgios de ninguém, sob a ventania da noite, carregando o corpo exausto e dolorido a que o pão mendigado não forneceu suficiente alimentação; renteando com os doentes desamparados, reflete quanto te doeria o abandono sob o guante da enfermidade, sem a presença sequer de um amigo para minorar-te o peso da angústia; à frente das crianças despejadas na rua, pensa nos filhos amados que aconchegas ao peito, e mentaliza o reconhecimento que experimentarias por alguém que os socorresse se estivessem desvalidos na via pública; e, perante os irmãos caídos em criminalidade, avalia o suplício oculto que te rasgarias entranhas da consciência, se ocupasses o lugar deles, e medita no agradecimento que passarias a consagrar aos que te perdoassem os erros, escorando-te o passo, das sombras para a luz.


Ainda mesmo quando te vejas absolutamente a sós, no trabalho de bem, sob a zombaria dos que se tresmalham temporariamente no nevoeiro da negação e do egoísmo, não esmorecerás. Crendo na misericórdia da Providência Divina e nas infinitas possibilidades de renovação do homem, seguirás Jesus, o Mestre e Senhor, que, entre a humildade e a abnegação, nos ensinou a todos que o amor e o serviço ao próximo são as únicas forças capazes de sublimar a inteligência para que o Reino de Deus se estabeleça em definitivo nos domínios do coração.

Emmanuel
Do livro: Alma e Coração, Médium: Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 28 de setembro de 2018


Lição Paternal

Questionávamos, em torno da fatalidade e do livre arbítrio, quando o velho Samuel tomou a palavra e contou, sereno:
- Hanina ben Hazan, um israelita imensamente rico, vivia em Jope, cercado de consideração pela nobreza de sua conduta. Embora senhoreasse extensos pomares e não obstante a enorme riqueza que granjeara no mercado de peles, caracterizava-se pela extrema simplicidade com que pautava todos os atos da vida. Estimado na posição de filósofo, reunia, no próprio lar, semanalmente, todos os estudiosos dos Escritos Sagrados que se propusessem debater os problemas do povo, a fim de auxiliar os concidadãos com mais segurança.
Certa noite, laboriosa contenda irrompeu no recinto doméstico.
O rabi Johanan, visitante ilustre, declarara que, diante do Todo-Poderoso, todas as consciências são livres, ao que Boaz, filho único de Hanina, replicara, desabrido, que todas as criaturas são obrigadas a executar, matematicamente, a vontade de Deus.
Azedou-se a polêmica.
A assembléia dividida mostrava maioria absoluta, ao lado de Johanan, enquanto Boaz, no ímpeto da força juvenil, após justificar-se, furioso, apresentou a dúvida ao exame paterno.
O anfitrião, porém, conhecido pela grande prudência conquanto lastimasse o desrespeito do filho para com o sábio que hospedava, pediu com delicadeza fosse a questão adiada para o mês seguinte, de vez que desejava educar o herdeiro querido sem violência, e o conselho familiar foi encerrado em amistosas manifestações de alegria.
No dia imediato, Hanina chamou o filho que atingira a maioridade e confiou-lhe duas bolsas recheadas de ouro para entregar em Jerusalém, com vistas à realização de certo negócio.
Boaz deveria obedecer, implicitamente, todas as instruções e, ainda mesmo que tivesse qualquer plano, suposto favorável ao empreendimento, caber-lhe-ia silenciar ante os mercadores a quem o dinheiro se destinava.
O moço partiu com agenda rigorosa. Dia da saída e dia de chegada. Horários para reger-se na Cidade Santa. Moedas que poderia gastar em proveito próprio.
O jovem cumpriu as determinações e retornou, desenxabido, mas o genitor, articulando tarefa diferente, incumbiu-o de vender larga partida de lã a diversos comerciantes que se dirigiam para Haifa, marcando, porém, os preços que lhe pareciam convenientes e proibindo-lhe qualquer ingerência no assunto.
Depois de satisfazer as ordenações, o rapaz regressou, patenteando indisfarçável desalento.
Hanina, entretanto, buscou-lhe os préstimos na consecução de outra empresa.
Dessa vez, doava-lhe expressivo tesouro em peças de prata, que passariam a pertencer-lhe, sob a condição de sujeitá-las ao governo de poderoso usurário seu amigo, em cuja guarda semelhantes recursos permaneceriam pelo prazo de dez anos, findo o qual as preciosidades seriam restituídas, acompanhadas de rendimento compensador.
O filho obedeceu, evidentemente contrariado, e, ao voltar, o pai cedeu-lhe um campo de vastas dimensões, com a ordem expressa de cultivar o trigo, estabelecendo prévias normas para os serviços da sementeira e da colheita, com instruções que ao jovem competia observar, rigidamente.
Abraçando, contudo, as novas obrigações, o rapaz clamou, triste:
- Oh! Meu pai, há muito que vos sirvo, colocando empenho e sinceridade em tudo o que a vossa bondade me ordena fazer; entretanto, agora que me sinto homem feito, rogo permissão para considerar que a vossa autoridade, apesar de generosa, me impede a edificação do próprio destino, conforme a visão que o mundo me oferta. Algemado aos vossos desígnios, por três vezes nos últimos vinte dias, vi afastarem-se de mim valiosas oportunidades de melhorar a própria sorte. Sem qualquer tentativa de furto, eu poderia ter sugerido algumas alterações aos vossos representantes em Jerusalém, conseguindo excelente margem de lucro para os nossos negócios; no entanto, os vossos avisos eram irrevogáveis e não tive outro recurso senão inclinar-me à submissão. Nos barcos que demandavam os armazéns de Haifa, teria facilmente obtido pequena fortuna, sem dilapidar os interesses do próximo, ao fornecer a lã que me confiastes; todavia, era imperioso satisfazer-vos as injunções. Anteontem, passastes às minhas mãos substancioso patrimônio que poderia claramente favorecer-me a segurança porvindoura; contudo, ao invés de exercitar-me as faculdades no trabalho de minha própria manutenção, exigistes que a dádiva fosse depositada em meu nome, para somente beneficiar-me daqui a dez anos, quando não sei se viverei neste mundo até amanhã!... Hoje, mandais que eu lance o trigo numa terra que julgo mais adequada ao sustento da vinha. Ah! Meu pai, porque sonegais ao vosso filho o direito das próprias decisões?
O velho Hanina, porém, satisfeito e comovido, enlaçou-o, ternamente, e ponderou:
- Tens razão, filho meu... Compreendes, agora, a nossa liberdade, à frente do Pai Justo? O Criador concede às criaturas todos os bens da Criação, sem constranger-lhes o exercício da livre escolha...
E, fitando o moço tomado de júbilo, concluiu:
- Cada homem é independente, na própria alma, a fim de eleger o próprio caminho.
O velho Samuel fixou em nós outros o olhar penetrante e calmo e rematou:
- O tema não comporta discussões. Deus nos concede a todos a fazenda valiosa da vida; entretanto, cada um de nós é responsável pela sua própria consciência, no que sente, pensa, fala e realiza, perante a Lei.
E, abençoando-nos com ameno gesto de despedida, o sábio deixou-nos mergulhados em fundo silêncio, com a significativa história para remoer e pensar.

RELATOS DA VIDA

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
IRMÃO X

quinta-feira, 27 de setembro de 2018


Rogativa de apoio

Senhor!...
Guia-nos ao conhecimento de nós mesmos e ensina-nos a usar as forças que nos deste.

*
Nos dias em que a tristeza nos acene, induze-nos a lembrar as alegrias de que nos enriqueceis, constantemente, a fim de que o desânimo não nos entorpeça a capacidade de trabalhar.

*
Nas ocasiões em que a doença nos visite, revigora-nos a certeza de que, mesmo assim, ser-nos-á possível cultivar a paciência, de modo a encorajar àqueles que nos procurem.

*
Nos momentos em que a fadiga nos ameace, faze-nos empregar a energia da nossa própria vontade, a fim de que possamos prosseguir agindo e servindo, até que a oportunidade para repouso e refazimento nos favoreça.

*
Nas horas em que alguém nos contrarie, auxilia-nos a recordar quantas vezes temos ferido aos semelhantes e concede-nos o olvido de quaisquer contratempos sem complicá-los.

*
Em qualquer situação, não nos deixes pedir isso ou aquilo aos nossos companheiros, sem antes doar quanto estiver ao nosso alcance, abrindo assim as iniciativas de cooperação e da solidariedade.

*
Senhor!...
Não nos consinta acreditar na fraqueza quando nos revestes a existência com recursos inesgotáveis para o trabalho e nem nos permitas crer na necessidade do ressentimento, quando nos impeles a viver, cada dia, em pleno oceano de amor.
E, em nos conhecendo, tais quais somos para fazermos de nós o melhor que pudermos, sustenta-nos, seja onde for, a decisão de aceitar sempre os teus sábios desígnios.
Assim seja.

SENTINELAS DA ALMA


FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
MEIMEI

quarta-feira, 26 de setembro de 2018



Renunciação


Abandonar pai e mãe, a fim de nos confiarmos à perfeita integração com o Cristo, não será, de modo algum, a negação de nossos deveres domésticos, o esquecimento do nosso débito para com os progenitores e nem o deliberado abandono das nossas obrigações em família, para nos entregarmos ao desvario da delinquência.
A verdadeira renúncia não é desistência da luta edificante e, sim, o trabalho silencioso no auxílio àqueles que nos propomos auxiliar ou salvar.
Quem renuncia com Jesus não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na esfera do próprio "eu" para o justo soerguimento daqueles que o cercam.
Quem sinceramente abandona os pontos de vista inferiores, desvencilhando-se das pesadas algemas do egoísmo inquietante, sob a inspiração do Evangelho, guarda os ensinamentos recebidos e auxilia aos parentes e amigos, afeiçoados e conhecidos, com desvelo e segurança.
O Apóstolo, aliás, nos adverte: "Se não sabemos amar ao irmão que se encontra mais próximo de nós, como poderemos amar a Deus que se encontra distante?"
Se não amparamos ao companheiro que vemos, como conseguiremos auxiliar aos anjos que ainda não podemos ver?
Em matéria de renunciação não nos esqueçamos do exemplo do Senhor. Vilipendiado, escarnecido, dilacerado e crucificado, Jesus renuncia ao contentamento de permanecer em seu Divino Apostolado na Galiléia, aceitando o extremo sacrifício, mas, ao terceiro dia, depois do transe da morte, sob a Eterna Claridade da Ressurreição, ei-lo que volta aos beneficiários indiferentes e aos discípulos enfraquecidos, revelando a qualidade do seu Amor Excelso e Sublime pela Humanidade inteira.
Abandonar os que convivem conosco, portanto, por amor ao Evangelho, é calar os pruridos de nossa personalidade exclusivista e gritante, para ser-lhes mais úteis, no anonimato da compreensão e da caridade.
Para seguirmos ao Cristo não basta esquecer o mal e sim plantar sobre a ignorância e sobre a penúria que o produzem, a lavoura divina do verdadeiro bem.

PERANTE JESUS

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
EMMANUEL

terça-feira, 25 de setembro de 2018


Saudade

Ante os mortos queridos,
Faze silêncio e ora.

Ninguém pode apagar
A chama da saudade.

Entretanto se choras,
Chora fazendo o bem.

A morte para a vida
É apenas mudança.

A semente no solo
Mostra a ressurreição.

Todos estamos vivos
Na presença de Deus.

Emmanuel



APROVEITE O ENSEJO

Não é o companheiro dócil que exige a sua compreensão fraternal mais imediata, É aquele que ainda luta por domar a ferocidade da ira, dentro do próprio peito.

Não é o irmão cheio de entendimento evangélico que reclama suas atenções inadiáveis.

É aquele que ainda não conseguiu eliminar a víbora da malícia do campo do coração.

Não é o amigo que marcha em paz, na senda do bem, quem solicita seu cuidado insistente. É aquele que se perdeu no cipoal da discórdia e da incompreensão, sem forças para tornar ao caminho reto.

Não é a criatura que respire no trabalho normal que requisita socorro urgente.É aquela que não teve suficiente recurso para vencer as circunstâncias constrangedoras da experiência humana e se precipitou na zona escura do desequilíbrio.

É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso. É indiscutível, porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.


André Luiz

segunda-feira, 24 de setembro de 2018


Conselhos Fraternais de Emmanuel

Meu amigo, muita paz! Enquanto não se converte o homem no herdeiro divino, em plena posse das riquezas eternas e dons imperecíveis do espírito, instituindo o Reino do Senhor na Terra, o clima do cristão constituir-se-á de lutas acerbas.
Indispensável prosseguir, nas leiras da fé viva, arando e semeando para o futuro sem prender a atenção no passado.
Transforma as pedras em flores, os obstáculos em estímulos.
Todo o trabalho humano – serviço nosso na obra do Cristo – não pode apresentar características de perfeição absoluta.
O Mestre, porém, aceita-nos a boa vontade no esforço da cooperação sincera e estende-nos mão forte, sempre que a perseverança na luz e no bem vibre em nossas atitudes.
Continuemos, desse modo, atentos aos nossos deveres.
A sombra é um desafio à nossa capacidade de brilhar ao Sol do Divino Amor que tudo converte em bênçãos de realização sublime com a Boa Nova.
A incompreensão representa forte apelo ao nosso entendimento, a fim de que testemunhando, em silencio, a nossa fé, possamos aplicar todas as nossas oportunidades no abençoado serviço da redenção.
O desprezo é uma convocação à revelação das nossas possibilidades de amar como Jesus nos amou.
O caminho é longo e a missão é complexa.
Exigem desassombro e serenidade, confiança e otimismo, compreensão e fraternidade.
Não te esqueças de semelhantes armas em teu ministério.
Dissemina a boa semente, edifica no Espírito Eterno, ergue o teu santuário interior para o Mestre e atende às obrigações edificantes que te foram confiadas.
É sempre fácil sorrir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, plenos de tranquilidade e de sol.
É por isso que raros aprendizes sabem servir sob a noite tormentosa e ao logo das horas repletas de dores e dificuldades de toda sorte.
A escola, entretanto, não é outra.
Peçamos ao Divino Amigo nos conceda força para negarmos a nós mesmos, olvidando quanto possa constituir remanescentes de nosso passado delituoso e energia para nos glorificarmos em nossa cruz de cada dia, talhada nos testemunhos de trabalho, a que fomos convocados na hora presente.
Somente assim, meu irmão, poderemos seguir a Luz dos Nossos Destinos, transformando-nos em viva mensagem de seu Infinito Amor a beneficio da Terra de paz e fraternidade com o Reino dos Céus, nos bem aventurados dias que virão.

(Página recebida em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, dirigida a um amigo solicitante de orientação espiritual)

Emmanuel

domingo, 23 de setembro de 2018


RAUL TEIXEIRA E A GREVE DOS PROFESSORES


"Seria tão bom se pleiteássemos melhorias salariais na medida em que estejamos oferecendo à sociedade também um melhor trabalho, oferecendo também à sociedade algo melhor.
Será importantíssimo que a nossa dificuldade financeira não recaia sobre os outros. Seja um problema nosso. Vamos batalhar, vamos lutar, tendo muito cuidado com os movimentos que façamos em nome dessa dificuldade salarial. Quando nós pensamos, por exemplo, em parar de trabalhar, nós criamos um problema muito sério com aqueles que dependem do nosso trabalho. Porque numa greve de professores não são os filhos dos ricos que sofrem, não são os filhos dos governantes que sofrem, é o povo.
[...]
Ganhar melhor sim, mas dar, também, o nosso melhor."
***
Utilizamos as sábias palavras de José Raul Teixeira, ex-professor de física da Universidade Federal Fluminense, e também grande médium e orador espírita, para analisar nosso comportamento numa época de greves e protestos populares.
O tempo é azado para recordarmos proveitoso relato de um episódio da vida do professor Raul, relatado por ele mesmo, em palestra espírita há alguns anos.
O caso ocorreu em sua juventude, quando ainda trabalhava na educação pública em Niterói, município fluminense. A época era também de grande agitação política e social. Os professores organizavam-se ruidosamente em assembleia, a fim de realizar uma passeata ou manifestação para reivindicar, sobretudo, uma melhor remuneração do governo.
Apesar de já labutar na Causa Espírita, sobretudo no setor mediúnico, Raul era um dos mais exaltados, e preludiava palavras de ordem:
- Companheiros, não podemos permitir que a situação atual continue. Devemos lutar, protestar, gritar para que os governantes nos ouçam!
Raul, ovacionado, recebia o apoio dos "companheiros de luta". Quando, porém, preparava-se para levantar novamente a voz, observou com os olhos de médium vidente a figura do seu principal mentor desencarnado, Camilo, caminhando em sua direção vindo do fundo do salão.
Contou-nos, com humor, o que pensou no momento quando avistou o amigo invisível aos demais:
- O que Camilo faz aqui? Lugar de mentor não é no centro espírita à noite?
O Espírito orientador, bom e sereno, repreendeu-lhe:
- Meu filho, o que fazes? Não instigues a revolta! Não deverias participar disso.
Raul, ainda envolvido naquele ambiente, ainda pensou bem-humorado:
- Puxa, deve ser bom ser mentor desencarnado! Não precisa trabalhar duro para receber um salário minguado no fim do mês; não precisa comer, pagar o aluguel, a conta de água, luz, gás...
Camilo, após ouvir o pensamento do médium, sorriu para Raul e respondeu-lhe com a mansidão de sempre:
- Meu filho, não sejas leviano! Esqueceste que para estarmos aqui [como mentores espirituais] tivemos também que passar por tudo isso? As dificuldades de vós [dele e dos outros professores] não existem por acaso. Em existências pretéritas, quisestes ser mais espertos do que os outros. Explorastes os mais fracos e enriquecestes injustamente sobre eles. Não deveríeis receber nada nesta existência, mas a Espiritualidade Maior é misericordiosa. O que tu chamas de "salário minguado" é na realidade uma "ajuda de custo" que Deus vos concede para não morrerdes de fome, a fim de cumprirdes vossa jornada terrena em busca da redenção das pesadas dívidas passadas.
Neste momento da palestra, nós, ouvintes, pensamos nos escravocratas e demais capitalistas inescrupulosos do passado, que fizeram fortuna com o suor, sangue e lágrimas dos irmãos menos favorecidos.
Como Raul emudeceu por alguns segundos, os companheiros da assembleia lhe chamaram a atenção:
- Continua, Raul! O que devemos fazer? Vamos fazer greve?
Com o semblante mais calmo, o professor e espírita mudou o tom de voz:
- Companheiros, não é bem assim... Acho que devemos ter calma e paciência e procurar outros meios de reivindicação.
Sobressaltados pela mudança repentina do amigo, um deles arguiu-lhe:
- Mas Raul, você disse que deveríamos continuar!
- Mudei de ideia. Pensando bem, não é pelo grito e pela paralisação de nossas atividades que iremos melhorar a situação do ensino público. Antes de tudo, vamos pensar em nossos alunos, que não têm culpa alguma, para não prejudicá-los.
Ao deixar o recinto, não é preciso dizer que esse foi o fim da breve carreira do professor Raul Teixeira como grevista.

Jen Soares

sábado, 22 de setembro de 2018


Não Podes Modificar

Não podes modificar o mundo na medida dos próprios anseios, mas podes mudar a ti próprio.
Aprende a ganhar simpatia, sabendo perder.
Ouvindo sempre mais e falando um tanto menos, conseguirás numerosos recursos que te favorecem a própria renovação.
Não reclames. Restaura.
Nem grites. Auxilia.
Asserena-te e serve.
Crê, trabalha e confia.
Não acuses ninguém.
A Justiça vê tudo.
Provações aparecem?
Silencia e trabalha.
Carência de recursos?
Deus nos supre de forças.
Plantando a felicidade dos outros, encontraremos a nossa própria felicidade.
Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do Bem Infinito...
Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.

CAMINHO ILUMINADO

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
EMMANUEL

sexta-feira, 21 de setembro de 2018


COMPAIXÃO

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
EMMANUEL
Compaixão

I
Compadece-te da terra.
Ela produz o pão que te sustenta.
Não lhe poluas a grandeza,
Nem a deixes maltratada.

II
Compadece-te da mata.
Não lhe ateies fogo inútil.
Ela é a fábrica generosa
Do oxigênio que respiras.

III
Compadece-te da árvore
Ela te alimenta com seus frutos
Dos quais não se serve
E nunca se aproveita.

IV
Compadece-te da fonte
Não lhe atires pedra ou lama.
Ela te extingue a sede
Sem nada pedir em troca.

V
Compadece-te da erva.
Não lhe pises a vida.
Provavelmente amanhã
Dela virá o remédio que te cure.

VI
Compadece-te dos animais
Eles te auxiliam a viver.
A abelha faz o mel.
A vaca oferta o leite.

VII
Compadece-te da lavoura
Que te enriquece de grãos.
Ela se arregimenta
A fim de servir-te.


VIII
Compadece-te da estrada.
Não lhe cries obstáculos
Como sejam pedras ou espinhos.
Ela é companheira do trânsito que precisas.

IX
Compadece-te da própria família,
Ainda mesmo que encontres junto aos entes amados
Aqueles que não se afinam contigo.
A família é o grupo em que nascestes para auxiliar a ser auxiliado.

X
Compadece-te de tua habitação
Não a estragues.
Seja de mármore ou de taipa
É o recanto que Deus te concedeu para morar.

XI
Compadece-te da lâmpada
Na estrutura de bojo para a luz elétrica,
Na condição de tocha, lamparina, lampião ou vela
É recurso que te livra da escuridão.

XII
Compadece-te de teu corpo.
Não faças dele instrumento para qualquer abuso.
Ele é o engenho aperfeiçoado que te serve
Ao próprio Espírito para que te aprimores.

XIII
Compadece-te do jardim.
Não lhe tolhas as flores sem necessidade.
Elas te embelezam a casa
E te perfumam o ambiente.

XIV
Compadece-te do teu vizinho
Talvez não te seja amigo íntimo,
No entanto, conforme a necessidade
Agirá junto de ti, qual se te fosse um parente próximo.





XV
Compadece-te de teu pai.
Se souberes amá-lo.
Ser-te-á na Terra o melhor amigo.
Ama-o sempre. Ele te deu o corpo.

XVI
Compadece-te de tua mãe.
Ainda que ela não possa ser como desejarias,
Ei-la na condição de valente heroína
Pelas dificuldades e obstáculos que venceu para trazer-te à luz!

XVII
Compadece-te de teu filho.
Hoje ele é teu enlevo e tua esperança,
Amanhã será o fruto de teus ensinos
E o retrato de teus exemplos.

XVIII
Compadece-te de tua filha.
Por traumas de passadas existências
É possível que ela te dê problema e preocupação.
Abençoa-lhe a presença.
Ela vem de Deus.

XIX
Compadece-te dos jovens.
Muitos deles, por inexperiência ou ingenuidade, poderão entrar
Em perigosos enganos, reclamando-te paciência e tolerância.
De qualquer modo, recorda que a vida cuidará deles.

XX
Compadece-te de teus irmãos.
Perante a Divina Providência, todos somos irmãos.
Entretanto, temos aqueles da consangüinidade.
Justo sabermos viver em paz uns com os outros.
Se alguns deles, porém, fugirem à lealdade fraternal,
desculpa-lhes a fraqueza e entrega-os a Deus.

XXI
Compadece-te da criança.
Seja ela dessa ou daquela procedência,
Dá-lhe bondade, instrução e conforto.
No futuro, ele será o que lhe deres.


XXII
Compadece-te do amigo.
Guarda profunda estima por aqueles que te conquistou a amizade.
Em certo momento ele falhou para contigo;
Perdoa e esquece. Estamos muito longe da perfeição.

XXIII
Compadece-te do doente.
Provavelmente estará ele impaciente e nervoso.
Auxilia-o com entendimento e compreensão.
Não sabes se amanhã serás o enfermo com necessidades semelhantes.

XXIV
Compadece-te do estrangeiro.
Ele estará chegando de terras remotas,
Não sabe falar em teu idioma, nem te conhece os costumes.
Lembra-te, porém, que, diante de Deus, todos somos irmãos.

XXV
Compadece-te dos idosos.
Auxilia aos idosos, sejam teus parentes ou não.
Eles fizeram longa jornada no tempo
A fim de fazerem as experiências
Das quais te aproveitas.

XXVI
Compadece-te do chefe
Quem te mantém o trabalho para que não falte o pão de cada dia.
Espera a tua lealdade e o teu respeito.
Ainda mesmo quando errado merece a tua estima e consideração.

XXVII
Compadece-te do empregado.
Não lhe sobrecarregues com cargas e encargos superiores às suas forças.
Trata-o com atenção e dá-lhe instruções com bondade.
Ele te pede trabalho sem escravidão.

XXVIII
Compadece-te dos errados.
Guarda a certeza de que Deus te permite errar
A fim de que reconheças a tua fraqueza e imperfeição.
Nem todos os errados possuem consciência do que fazem.
Lembra-te dos momentos em que te desequilibras sem querer.



XXIX
Compadece-te dos bons.
Auxilia-os para que prossigam fiéis a eles mesmos.
Na comunidade humana não existem criaturas infalíveis.
Somente Jesus Cristo e alguns raros heróis da fé viveram sem cair.

XXX
Compadece-te dos maus.
Na Terra não existem os totalmente bons, nem os totalmente maus.
Os maus são vítimas de delírios, cuja origem eles próprios desconhecem.
Ante as faltas de qualquer delinqüente, seja ele quem for, compadece-te.