PERDOA
Irene Ferreira de Souza Pinto*
Recebe a provação de alma serena.
Desculpa todo golpe que te doa.
Guarda contigo a paz singela e
boa,
Inda mesmo ante a voz que te
condena.
Tudo no mundo é caridade plena.
A fonte beija a pedra que a magoa
A estrela mostra o brilho na
lagoa.
A rosa enfeita o acúleo que
envenena.
A árvore esquece o vento que a
desnuda.
A Terra inteira serve, humilde e
muda.
A chuva desce ao bojo da cisterna...
Perdoa e quebrarás grilhões e
algemas,
Buscando, enfim, as vastidões
supremas
Para a glória do amor na vida
eterna.
(*) Poetisa de fino talento e
bela inspiração. A seu respeito, diz Enéas de moura (cole. Poetas Paul,
pág.97):” Começou seus estudos no Colégio Florense, de Jundiaí, e os terminou
no Sion, de São Paulo. Colaborou na Revista Feminina; foi a criadora das
crônicas sociais do Correio Paulistano.” Contista, escreveu na Feira Literária,
e em 1921 estreava como romancista, publicando Rosa Maria. No Cemitério da
consolação, de S. Paulo, os filhos da poetisa erigiram-lhe um túmulo, onde
gravaram o belíssimo soneto “Último desejo”, de autoria dela. (amparo, Estado
de São Paulo, 8 de Abril de 1887 – Rio de Janeiro, GB, 21 de Maio de 1944.)
BIBLIOGRAFIA: Primeiro Vôo;
Gorjeios; O Tutor de Célia, contos; etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário