Cadinho
Reunião
pública de 30/1/59 - Questão nº 260 - O Livro dos Espíritos
Muitas vezes,
na Terra, na posição de cultores da delinquência, conseguimos escapar das
sentinelas da punição.
Faltas não
previstas na legislação terrestre, como sejam certos atos de crueldade e muitos
crimes da ingratidão, muros a dentro de nossa vida particular, quase sempre
acarretam a queda e a perturbação, a enfermidade e a morte de criaturas que a
Divina Bondade nos põe no caminho.
De outra
feita, quando positivamente enodoados com o ferrete da culpa, conseguimos
aligeirar nossas penas ou delas nos exonerar, subornando consciências dolosas,
no recinto dos tribunais.
Todavia, a
reta justiça nos espera, infalível, e além da morte, ainda mesmo quando tenhamos
legado ao mundo vastas parcelas de cultura e benemerência, eis que as marcas de
ignomínia se nos destacam do ser, então expostas à Grande Luz.
Nessa crise
inesperada, imploramos nós mesmos retorno e readmissão nos cursos de trabalho
em que se nos desmandaram a deserção e a falência, a fim de ressarcirmos os
débitos que os homens não conheceram, mas que vibram, obcecantes, no imo de
nossas almas.
É assim que
voltamos ao cadinho fervente da purgação, retomando nos fios da consanguinidade
a presença daqueles que mais ferimos, para devolver-lhes em ternura e
devotamento os patrimônios dilapidados, rearticulando os elos da harmonia que
nos ligam a todos, na universalidade da vida, perante a Lei.
Reverenciemos,
desse modo, no lar humano, não apenas o templo de carinho em que se nos
reabastecem as forças, no exercício do bem eterno, mas igualmente a rude escola
da regeneração, em que retomamos o convívio dos velhos adversários que nós
mesmos criamos, a ressurgirem na forma de aversões instintivas e desafetos ocultos,
que nos constrangem cada hora à lição da renúncia e à mensagem do sacrifício.
E por mais
inquietante se nos afigure a experiência no educandário doméstico, guardemos,
dentro dele, extrema devoção ao dever, perdoando e ajudando, compreendendo e
amparando sem descansar, pois somente aquele que se engrandeceu, entre as quatro
paredes da própria casa, é que pode, em verdade, servir à obra de Deus no campo
vasto do mundo.
Francisco
Cândido Xavier
Religião
dos Espíritos
Estudos
e dissertações em torno da obra
“O
Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec
Ditado
pelo Espírito
Emmanuel
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