sexta-feira, 2 de dezembro de 2016


Louvor do Natal

 

Senhor Jesus!

Quando vieste ao mundo numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.

Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura em que lhes fulgia a vitória, alastravam-se como rastos de sangue, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.

Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.

Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.

Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que Te ofertaram esburacada manta, por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que Te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.

 Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade. Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de Tua palavra sublime... Buscaste para companheiros de Tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os vôos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.

No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que Te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem Te dirigiste na via pública! A História que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não Te quis conhecer em pessoa ao lado de Tua revelação, mas o povo Te guardou a presença divina e as personagens de Tua epopéia chamam-se "o cego Bartimeu", "o homem de mão mirrada", "o servo do centurião", "o mancebo rico" "a mulher cananéia", "o gago de Decápolis" a sogra de Pedro", "Lázaro, o irmão de Marta e Maria"...

Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissenção e sem violência, o trabalho e      a riqueza, a tranquilidade e a alegria, como bênção de todos.

É por isso que emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:

— Salve, Cristo! os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de Teu reino e a força de Tua paz, Te glorificam e Te saúdam!...

Emmanuel

Nenhum comentário:

Postar um comentário