Variações Da Mediunidade
Leandro Gomes de Barros
Médium
de muita cultura
Que
vive de lero-lero
Ou
fica em zero estaca
Ou
retoma à estaca zero.
Mediunidade,
a rigor,
Sobre
a Terra, onde se estira,
É
um talento que o Senhor
Empresta,
aumenta ou retira.
Médium
que deixa o serviço,
Falando
em luta na estrada,
Entra
em novo compromisso
E
acha luta mais pesada.
Muito
médium que começa
Estourando
fantasias
Acaba
sempre em promessa
Na
brasa de poucos dias.
De
minha longa jornada
Tenho
esta nota do bem:
Mediunidade
guardada
Não
auxilia a ninguém.
O
médium desenvolvido
Largando
o arado que é seu,
Deixa
o mundo, antes da hora,
No
tempo que recebeu.
O
médium que anda-à-toa
E
de si próprio envaideça
Pode
ser boa pessoa
Mas
tem mosca na cabeça.
Médium
que sempre duvida,
Vacilando
a vida inteira
Parece
gangorra viva
Na
folha de bananeira.
Médium
que nunca se apronta,
Para
servir por amor,
Um
dia, fica por conta
De
espírito obsessor.
O
médium sem disciplina
Que
vive sempre em recreio
Tem
pinta de caminhão
Quando está no
desenfreio.
Grandes
médiuns que conheço
Ao
defini-los, não erro,
São
cofres fartos de ouro
Com
grandes trancas de ferro.
No
intercâmbio entre os dois mundos,
Médium
que não se degrade
Parece
uma vela acesa.
Nas sombras da
Humanidade.
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