sábado, 11 de junho de 2016


Variações Da Mediunidade
 
Leandro Gomes de Barros
 
Médium de muita cultura
Que vive de lero-lero
Ou fica em zero estaca
Ou retoma à estaca zero.
 
Mediunidade, a rigor,
Sobre a Terra, onde se estira,
É um talento que o Senhor
Empresta, aumenta ou retira.
Médium que deixa o serviço,
Falando em luta na estrada,
Entra em novo compromisso
E acha luta mais pesada.
 
Muito médium que começa
Estourando fantasias
Acaba sempre em promessa
Na brasa de poucos dias.
 
De minha longa jornada
Tenho esta nota do bem:
Mediunidade guardada
Não auxilia a ninguém.
 
O médium desenvolvido
Largando o arado que é seu,
Deixa o mundo, antes da hora,
No tempo que recebeu.
 
O médium que anda-à-toa
E de si próprio envaideça
Pode ser boa pessoa
Mas tem mosca na cabeça.
 
Médium que sempre duvida,
Vacilando a vida inteira
Parece gangorra viva
Na folha de bananeira.
 
Médium que nunca se apronta,
Para servir por amor,
Um dia, fica por conta
De espírito obsessor.
 
O médium sem disciplina
Que vive sempre em recreio
Tem pinta de caminhão
Quando está no desenfreio.
Grandes médiuns que conheço
Ao defini-los, não erro,
São cofres fartos de ouro
Com grandes trancas de ferro.
 
No intercâmbio entre os dois mundos,
Médium que não se degrade
Parece uma vela acesa.
Nas sombras da Humanidade.

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