A ÚNICA
RIQUEZA
Emmanuel
Nos
tempos modernos, o "auri sacra fames" dos antigos tem para as
criaturas humanas um sentido novo.
Sentindo
mais terrível, em virtude da depravação moral em que se mergulha a maioria dos
homens, neste amargurado transe da civilização.
*
A fome do
ouro não se contenta mais com a aquisição das facilidades da vida.
Sua
finalidade não é a busca incessante de conforto e de defesa, no seio da
inquietação da existência material.
*
Nos tempos
que passam, o ouro deve comprar também as consciências para a amplificação de
todas as zonas da ambição e do poder.
O homem
terrestre busca, em toda parte, a posse do metal que se ligou, por atrações
insondáveis e misteriosas, aos seus destinos no mundo, não tanto porque precise
de pão e de agasalho.
A máquina,
com os seus aparelhos de transformação solucionou os mais fortes problemas de
necessidade material da civilização.
*
O mais
pobre operário, nos tempos que correm, em se tratando das condições econômicas
da América, tem mais comodidades na sua casa do que Luiz XIV, há dois séculos
atrás, nos esplendores dos seus palácios.
*
O homem
precisa da expressão financeira para acobertar as suas próprias deficiências
morais.
*
O ouro
mascara-lhe os defeitos, cobrindo a sua personalidade de respeito ao poder, aos
olhos do mundo.
Conquistado
expressões bancárias, conquista os primeiros lugares em quase todos os planos
sociais.
*
Conquistando
o campo das grandes possibilidades materiais, o homem examina a sua amplidão de
domínio, voltando-se, então, para o terreno intelectual, onde efetua a sua
provisão de conhecimentos, mas quase sempre dá provas de sua miopia espiritual,
em face da árvore imensa da ciência e da sabedoria.
*
Aos frutos
sãos, prefere os apodrecidos.
A força de
hábito, na canalização da fortuna para todos os desvios da autoridade, a
serviço de sua ambição e de seu egoísmo desenfreados, viciou as fontes da
cultura universitária, intoxicando-a com as mais falsas concepções da vida.
*
Enquanto há
banqueiros em luta pela culminância financeira nas bolsas, existem sábios
disputando a melhor posição de conhecimento, no capítulo da guerra e do
extermínio, nos laboratórios.
*
Quase
sempre, aliando-se a expressão intelectual à possibilidade financeira, temos o
político do tempo, em caminho para os lugares mais destacados no grande
banquete do domínio universal.
Entretanto,
todas as criaturas, um dia, contemplam detidamente o relógio da ambição, o
procurando parar os seus ponteiros.
*
Napoleão,
em Santa Helena, considera o caráter transitório de suas conquistas.
Bismarck,
com todas as suas expressões de poder, prepara-se para a morte, depois das
vitórias de 70.
Édson
examina as possibilidades de se comunicar com o mundo invisível, após as suas
grandes e maravilhosas descobertas.
Marconi,
depois de aperfeiçoar a radiotelefonia, auxiliado pelos seus guias espirituais,
é chamado à Pátria Espiritual, justamente quando estudava o problema de um raio
mortífero à distância, com o fim de servir às expressões da política
transitória.
*
Um
poder mais alto que o de todos os ditadores do mundo dirige os eternos
movimentos do cosmo; uma inteligência inapreensível, pelas suas expressões
Divinas, se sobrepõe, no infinito do tempo e do espaço, ao raciocínio de todos
os inventores, estabelecendo a verdadeira harmonia da vida e uma justiça
compassiva e misericordiosa preside o destino de todas as almas, nas mais
variadas posições da existência.
Os verdadeiros
ricos da Terra são os que procuram conhecer a magnitude desse poder, dessa
sabedoria e dessa misericórdia, dispondo-se a servir nas suas leis que são as
da prática do Bem e do Amor puro e simples.
*
Nas suas
mãos, as moedas de ouro já não representam a pedra fria dos cofres, mas as
flores de luz para a alegria de todos os semelhantes.
*
Nos seus
cérebros, a educação universitária não constitui uma teoria de domínio para o
culto de suas vaidades pessoais, mas um dom de Deus, a caminho para a perfeição
da beleza espiritual, nas suas mais sublimadas afirmações.
*
Esses
espíritos, ainda raros no caminho comum, transformarão, de fato, a superfície
do planeta, plantando o bem, a caridade, o amor, a crença e a esperança, à luz
dos ensinamentos de Jesus, em todas as direções e são esses desvelados
precursores do porvir que hão de modificar todas as concepções da riqueza, no
ambiente terrestre, demonstrando que longe de ser um sinônimo de inquietação,
de vaidade, de força bruta, de interesse mesquinho, de extermínio e destruição,
a única riqueza verdadeira do homem é a que reside no patrimônio dos seus
conhecimentos espirituais, aliados à prática da Lei do Amor e
do Bem, sobre a face da Terra.
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