A Ideia
Emmanuel
Na fase
terminal de nossa reunião de 27 de outubro de 1955, fomos honrados com a palavra
do nosso benfeitor Emmanuel, que nos transmitiu a preciosa alocução, abaixo
transcrita.
Meus amigos:
A idéia é um
elemento vivo de curta ou longa duração que exteriorizamos de nossa alma e que,
exprimindo criação nossa, forma acontecimentos e realizações, atitudes e circunstâncias
que nos ajudam ou desajudam, conforme a natureza que lhe venhamos a imprimir.
Força atuante
– opera em nosso caminho, enquanto lhe asseguramos o movimento.
Raio criador –
estabelece atos e fatos, em nosso campo de ação, enquanto lhe garantimos o impulso.
Expressa flor
ou espinho, pão ou pedra, asa ou algema, que arremessamos na mente alheia e que
retornarão, inevitavelmente, até nós, trazendo-nos perfume ou chaga, suplício
ou alimento, cadeia ou liberdade.
O crime é uma
ideia-flagelação que não encontrou resistência.
A guerra de
ofensiva é um conjunto de ideias-perversidade, senhoreando milhares de consciências.
O bem é uma
ideia-luz, descerrando à vida caminhos de elevação.
A paz coletiva
é uma coleção de ideias-entendimento, promovendo o progresso geral.
É por essa
razão que o Evangelho representa uma glorificada equipe de idéias de amor puro
e fé transformadora, que Jesus trouxe à esfera dos homens, erguendo-os para o
Reino Divino.
Na manjedoura,
implanta o Mestre a ideia da humildade.
Na carpintaria
nazarena, traça a ideia do trabalho.
Nas bodas de
Caná, anuncia a ideia do auxílio desinteressado à felicidade do próximo.
No socorro aos
doentes, cria a ideia da solidariedade.
No sermão das
bem-aventuranças, plasma a ideia de exaltação dos valores imperecíveis do espírito
sobre a exaltação passageira da carne.
No Tabor,
revela a ideia da sublimação.
No jardim das
Oliveiras, insculpe a ideia da suprema lealdade a Deus.
Na cruz da
renunciação e da morte, irradia a ideia do sacrifício pessoal pelo bem dos
outros, como bênção de ressurreição para a imortalidade vitoriosa.
Nos mínimos
lances do apostolado de Jesus, vemo-lo associando verbo e ação no lançamento
das ideias renovadoras com que veio redimir o mundo.
E é por isso
que, em nossas tarefas habituais, precisamos selecionar em nossas manifestações
as ideias que nos possam garantir saúde e tranquilidade, melhoria e ascensão.
Não nos
esqueçamos de que nossos exemplos, nossas maneiras, nossos gestos e o tipo de
palavras que cunhamos para uso de nossa boca, geram ideias, que, à maneira de
ondas criadoras, vão e vêm, partindo de nós para os outros e voltando dos
outros para nós, com a qualidade de sentimento e pensamento que lhes
infundimos, levantando-nos para o triunfo, ou impulsionando-nos para a derrota.
Evitemos o
calão, a queixa, a irritação, o apontamento insensato, a gíria deprimente e a
frase pejorativa, não apenas em nosso santuário de preces, mas em nosso
intercâmbio vulgar, porque toda expressão conduz à inspiração e pagaremos alto
preço pela autoria indireta do mal.
Somos hoje
responsáveis pela ideia do Senhor no círculo de luta em que nos situamos. E é
indispensável viver à procura do Cristo, para que a ideia do Cristo viva em
nós.
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