EVANGELHO
E CARIDADE
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
Livro: Roteiro. Lição nº 16. Página 71.
Antes
de Jesus, a Caridade é desconhecida.
Os
monumentos das civilizações antigas não se reportam à Divina Virtude.
Os destroços
do palácio de Nabucodonosor, no solo em que ser erguia a grandeza de Babilônia,
falam simplesmente de fausto e poder que os séculos consumiram.
Nas
lembranças do Egito glorioso, as pirâmides não se referem à compaixão.
Os
famosos hipogeus de Persépolis são atestados de orgulho racial.
As
muralhas da China traduzem a preocupação de defesa.
Nos
velhos santuários da Índia, o Todo Poderoso é venerado por milhões de fiéis,
indiscutivelmente sinceros, mas deliberadamente afastados dos semelhantes,
nascidos na condição de párias desprezíveis.
A
acrópole de Atenas, com as suas colunas respeitáveis, é louvor à inteligência.
O
coliseu de Vespasiano, em Roma, é monumento levantado ao triunfo bélico, para
as expansões da alegria popular.
Por
milênios numerosos, o homem admitiu a hegemonia dos mais fortes e consagrou-a
através da arte e da cultura que era suscetível de criar e desenvolver.
Com
Jesus, porém, a paisagem social experimenta decisivas alterações.
O
Mestre não se limita a ensinar o bem. Desce ao convívio com a multidão e
materializa-o com o próprio esforço.
Cura
os doentes na via pública, sem cerimoniais, e ajuda a milhares de ouvintes,
amparando-os na solução dos mais complicados problemas de natureza moral, sem
valer-se das etiquetas do culto externo.
Lega
aos discípulos a parábola do bom samaritano, que exalta a missão sublime da
caridade para sempre.
A
história é simples e expressiva. Transmite Lucas a palavra do Celeste
Orientador, explicando que “descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas
mãos dos salteadores que o despojaram, espancando-o e deixando-o semimorto.
Ocasionalmente, passava pelo mesmo caminho um sacerdote e, vendo-o, passou de
largo. E, de igual modo, também um levita, abordando o mesmo lugar e
observando-o, passou a distância. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou
ao pé dele e, reparando-o, moveu-se de íntima piedade. Abeirando-se do
infortunado, aliviou-lhe as feridas e, colocando-o sobre sua cavalgadura,
cuidadosamente asilou-o numa estalagem”.
Vemos,
dentro da narrativa, que o Senhor situa no necessitado simplesmente “um homem”.
Não lhe identifica a raça, a cor, a posição social ou os pontos de vista. Nele,
enxerga a Humanidade sofredora, carecente de auxílio das criaturas que acendam
a luz da caridade, acima de todos os preconceitos de classe ou de religião.
Desde
aí, novo movimento de solidariedade humana surge na Terra.
No
curso do tempo, dispersam-se os apóstolos, ensinando, em variadas regiões do
mundo, que “mais vale dar que receber”.
E,
inspirados na Lição do Senhor, os vanguardeiros do bem substituem os vales da
imundície pelos hospitais confortáveis; combatem vícios multimilenários, com
orfanatos e creches; instalam escolas, onde a cultura jazia confiada aos
escravos; criam institutos de socorro e previdência, onde a sociedade mantinha
a mendicância para os mais fracos.
E a
Caridade, como gênio cristão na Terra, continua crescendo com os séculos,
através da bondade de um Francisco de Assis, da dedicação de um Vicente de
Paulo, da benemerência de um Rockfeller ou da fraternidade do companheiro
anônimo da via pública, salientando, valorosa e sublime, que o Espírito do
Cristo prossegue agindo conosco e por nós.
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