ANTE O OFENSOR
Emmanuel
Aquele que nos fere terá
assumido, aos nossos olhos, a feição de inimigo terrível, no entanto, o Divino
Mestre que tomamos por guia de nosso pensamento e conduta, determina venhamos a
perdoá-lo setenta vezes sete.
Por outro lado as ciências
psicológicas da atualidade, absolutamente concordes com Jesus, asseveram que é
preciso desinibir o coração de quaisquer ressentimentos e estabelecer o
equilíbrio na governança de nossas potências mentais a fim que a tranquilidade
se nos expresse na existência em termos de saúde e harmonia.
Como, porém, realizar semelhante
feito?
Entendendo-se que a compreensão
não é fruto de afirmativas labiais, é forçoso reconhecer que o perdão exige
operações profundas nas estruturas da consciência.
Se um problema desse nos aflora
ao cotidiano, - à nós, os que aspiramos a seguir o Cristo, - pensemos
primeiramente em nosso opositor na condição de filho de Deus, tanto quanto nós,
e situando-nos no lugar dele, imaginemos em como estimaríamos que a Lei de Deus
nos tratasse, em circustâncias análogas.
De imediato observaremos que Deus
está em nosso assunto desagradável tanto quanto um pai amoroso e sábio se
encontra moralmente na contenda dos filhos.
Então, à luz do sentimento novo
que nos brotará do ser, examinaremos espontaneamente até que ponto teremos
ditado o comportamento do adversário para conosco.
Muito difícil nos vejamos com alguma parte de
culpa nos sucessos indesejáveis de que nos fizemos vítimas, mas ao influxo da
Divina Providência, a cujo patrocínio recorremos, ser-nos-á possível recordar
os nossos próprios impulsos menos felizes, as sugestões delituosas que teremos
lançado a esmo, as pequenas acusações indébitas e as diminutas desconsiderações
que perpetramos, às vezes, até impensadamente, sobre o companheiro que não mais
resistiu à persistência de nossas provocações, caindo, por fim, na situação de
inimigo perante nós outros.
Efetuando o auto exame, a visão
do montante de nossas falhas não mais nos permitirá emitir qualquer censura em
prejuízo de alguém.
Muito pelo contrário, proclamemos, de pronto,
no mundo íntimo a urgente necessidade da Misericórdia Divina para o nosso
adversário e para nós.
Então, não mais falaremos no
singular, diante daquele que nos fere: - "eu te perdôo" e sim,
perante qualquer ofensor com que sejamos defrontados no caminho da vida,
diremos sinceramente a Deus em oração: - "Pai de Infinita Bondade, perdoai
a nós dois."
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