Na Tarefa Mediúnica
(Entrevistando
o médium Francisco Cândido Xavier – Geraldo Lemos Neto, União espírita
Mineira).
-No seu
primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria falado
algo mais depois?
-Depois de haver salientado a disciplina como
elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse:
-Temos algo a realizar.
Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o
Benfeitor esclareceu:
-Trinta livros para começar.
Considerei então de minha parte:
-Como avaliar está informação se somos uma família
sem maiores recursos além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de
um livro demanda muito dinheiro...
Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu
acrescentei:
-Será que meu pai vai ganhar a sorte grande?
Emmanuel respondeu:
-Nada, nada disso, a maior sorte grande é o
trabalho com a fé viva na Providência Divina. Os livros chegarão através de
caminhos inesperados.
Algum tempo depois, enviando as poesias do “Parnaso
de Além-Túmulo” para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a
grande surpresa de ver o livro aceito e publicado em 1932.
A este livro se seguiram outros e, em 1947,
atingíamos os trinta livros.
Ficamos muito contentes e perguntei ao Amigo
Espiritual se a tarefa estava terminada.
Ele então considerou, sorrindo:
-Agora começaremos uma nova série de trinta
volumes.
Em 1958 indaguei-lhe novamente se o trabalho
finalizara.
Os sessenta livros estavam publicados e eu me
encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, aonde cheguei a 5 de
janeiro de 1959.
O grande Benfeitor explicou-me com paciência:
-Você perguntou em Pedro Leopoldo se a
nossa tarefa estava completa e quero informar-lhe que os Mentores da Vida
Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, advertiram-me que nos
cabe chegar ao limite de cem livros.
Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram.
Quando alcançamos o número de vem volumes
publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos.
Ele esclareceu, com bondade:
-Você não deve pensar em agir e trabalhar com
tanta pressa.
Agora estou na obrigação de dizer-lhe que os
Mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que
determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da
divulgação dos princípios espíritas cristãos, permanecendo a sua existência, no
ponto de vista físico, à disposição das Entidades Espirituais que possam colaborar
na execução do programa das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre
apto para as nossas atividades.
Muito desapontado, perguntei:
-Então devo trabalhar na recepção de mensagens de
livros do Mundo Espiritual até o fim da minha vida atual?
-Emmanuel, acentuou:
-Sim, não temos outra alternativa.
Naturalmente, impressionado com o que ele dizia,
voltei a interrogar:
-E se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita
nos ensina que somos portadores do livre-arbítrio para decidir sobre os nossos
próprios caminhos?
Emmanuel fez então um sorriso de benevolência
paternal e me cientificou:
-A instrução a que me refiro é semelhante a um
decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade da Terra.
Se você recusar o serviço a que me reporto,
segundo creio, os Orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo
Redivivo, de certo que eles, os Orientadores, terão autoridade bastante para
retirar você do seu atual corpo físico.
Quando eu ouvi esta declaração dele silenciei para
pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando sem a menor expectativa
de interromper ou dificultar o que passei a chamar por “Desígnios de Cima”.
(Espírito
Mineiro – Belo Horizonte, Minas, abril/junho de 1988).
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