O IRMÃO DO CAMINHO
Maria Dolores
Simeão
era muito moço ainda
Quando
escutou a história de Jesus
E,
acendendo esperanças na alma linda
Inflamou-se
de fé, amor e luz...
Morando
numa choça da montanha
Junto
de antiga estrada, sem vizinho,
Era
a bondade numa vida estranha,
O
amigo dedicado aos irmãos do caminho.
Lia
os ensinamentos do Senhor,
Mas
afirmava precisar
De
ação que lhe exprimisse o grande amor
Na
fé que decidira praticar.
Na
pequena morada, pobre e agreste,
Cavou
no solo um poço... Água de mina,
Que
ele, olhos em luz e sorriso na face
Oferecia
a quem passasse
Por
lembrança de paz da Bondade Divina...
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Simeão
alcançara os oitenta janeiros,
Trabalhando
e servindo dia a dia,
Sem
quaisquer outros companheiros
Que
não fossem viajantes
A
pedirem pousada, companhia,
Uma
noite de paz ou um copo de água fria.
Alta
noite, uma voz chamou, baixinho:
-"Simeão,
Simeão!... Meu irmão do caminho!..."
-"Quem
sois vós?" Respondeu o interpelado.
-"Um
peregrino desacompanhado...
Rogo
pousada, irmão!" -Chamou o forasteiro.
Ergueu-se
devagar o cansado hospedeiro,
Fez
luz, abriu a porta.
Mas
o vento avançou a chama semi-morta.
-"Entrai!..."
disse o velhinho.
-"Agora
sei que não estou sozinho."
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O
velhinho, entre passos mal firmados,
Sempre
movimentando a luz acesa,
Trouxe
a bacia de água morna e leve
Mergulhando-lhe
os pés ensangüentados...
Ao
ver-lhe os dedos maltratados,
Disse
ao viajor, tomado de surpresa:
-"Quanto
sangue verteis!... Como tendes andado!...
Deu-lhe
o estranho viajante esta resposta leve:
-"Deus
te abençoe, amigo, a assistência bem-vinda!...
creio
que devo andar por muito tempo ainda!..."
De
joelhos, Simeão,
Em
lhe lavando os pés com infinito carinho,
A
refletir nas pedras do caminho,
Ao
lhe tocar nas crostas das feridas
A
fim de removê-las,
Viu
as chagas abertas
Eram
duas estrelas...
O
velhinho assombrado
Buscou
fitar-lhe as mãos com ternura e respeito
E
viu que estavam nelas
Grandes
marcas da cruz, luminosas e belas,
Ampliando
o fulgor que lhe envolvia o peito...
Ele
grita, chorando de alegria:
-"Jesus!...
Sois vós Jesus?!..."
E
o Senhor, levando as mãos em luz,
Disse,
abraçando o ancião:
-"Vem
a mim, Simeão,
É
chegado o teu dia
De
repouso e de luz no Mais Além..."
Simeão
esqueceu a velhice e o cansaço
E
pousou a cabeça em seu regaço...
Depois
do amanhecer, outros viajantes
Chegaram
como dantes,
Pedindo
água, descanso, reconforto,
Mas
viram que Simeão o irmão do caminho
De
joelhos, para, ali sozinho,
Muito
embora sorrisse, estava morto...
Trechos
da mensagem "O irmão do caminho", psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier,
extraída do livro "A Vida Conta" Edição: CEU)
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