Mortos
Há sempre numerosos mortos em nossa luta de cada dia,
convocando-nos às preces da diligência e da bondade em favor de cada um.
Mortos que sofrem muito mais que os outros - aqueles que julgais
sentenciados à cinza e à separação.
Há usurários que se sustentam, inermes, em túmulos de ouro.
Há dominadores do mundo que se mostram distraídos em seus
imponentes sarcófagos de orgulho falaz.
Há juízes inumados em covas de lama.
Há legisladores mumificados em terríveis enganos da alma.
Há sacerdotes enterrados sob o catafalco adornado da simonia e administradores
encerrados em urnas infernais de inconfessáveis compromissos.
Há jovens mortos no vício e velhos amortalhados no frio da
negação.
Há sábios enrijecidos no gelo da indiferença e heróis paralíticos
sobre a essa de fantasias e ilusões.
Há impulsos em sepulturas de espinhos e preguiçosos em sepulcros
de miséria.
Se proclamardes a verdade perante todos eles, almas
cadaverizadas no esquecimento da Divina Lei, decerto, responder-vos-ão com a
inércia, com a ironia e com a imobilidade.
Para eles, pronunciou o Senhor as antigas palavras:- “Que os
mortos enterrem os seus mortos”.
Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho
incessante do Bem Infinito...
Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se
incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo,
vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.
Alma e Luz
Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
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