AFLIÇÕES EXCEDENTES
Emmanuel
Diante da orientação espírita que te esclarece,
não te afastes da lógica, a fim de que não te gastes sem proveito, embaraçando
o orçamento das próprias forças com aborrecimentos inúteis.
Diariamente, batem às portas do Além aqueles que
abreviaram a quota do tempo que poderiam desfrutar na Terra, adquirindo
problemas da desencarnação prematura.
É que, por toda parte, transitam portadores de
aflições excedentes. Não satisfeitos com as responsabilidades que a existência
lhes impõe, amontoam cargas de sofrimentos imaginários.
Há os que percebem salário compensador e
desregram-se na revolta, porque determinado companheiro lhes tomou a frente no
destaque convencional, muitas vezes para sofrer o peso de compromissos que
seriam incapazes de suportar.
Há os que dispõem de excelente saúde, com
atividades leves nos deveres comuns, arrepelando-se, desgostosos, por verem
adiado o período de férias, quando, com isso, estão sendo desviados de
experiências impróprias e que seriam fatalmente impedidos pelo repouso inoportuno.
Há os que possuem recursos materiais suficientes
ao próprio conforto e se lastimam, insones, por haverem perdido certo negócio
que lhes conferiria maiores vantagens, dentro das quais talvez viessem a
conhecer a criminalidade e a loucura.
Há os que colecionam gavetas superlotadas de
adornos caros e caem no desespero com a perda de uma jóia de uso pessoal, cujo
desaparecimento é o meio de situá-los a cavaleiro de possíveis assaltos da cobiça
e da violência.
E existem, ainda, aqueles outros que se
abastecem no guarda-roupa recheado e gritam contra o costureiro que se desviou
do modelo encomendado; os que são donos ele casa sólida e adoecem por não
conseguirem abatê-la, de pronto, a fim de reconstruí-la segundo novos
caprichos; os que se aboletam em automóvel acolhedor, mas inquietam-se por não poderem
trocá-la, de imediato, pelo carro de último tipo; e os que se sentaram à mesa
provida de cinco pratos diferentes e encolerizam-se por não encontrarem o
quitute predileto.
“Bem-aventurados os aflitos!” – disse Jesus.
Felizes, sim, de todos os que carregam seus
fardos com diligência e serenidade, mas estejamos convictos de que toda aflição
excedente complica o itinerário da vida e corre por nossa conta.
Do livro
Aulas da Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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