Lembremo-nos
Aceitando a luz do
Evangelho na consciência e no corarão somos, de imediato, promovidos a condição
de cooperadores do Divino Pomicultor, no campo imenso da vida.
E cada criatura possui a
gleba que lhe cabe cultivar.
É a família consanguínea a
que nos ajustamos...
É a oficina de trabalho
que nos aguarda o concurso...
E o santuário de fé
religiosa onde a bênção do Mais Alto nos felicita...
Nesses círculos de ação,,em que nossa
existência atua nas existências alheias, podemos simbolizar as almas que nos
partilham a luta como árvores vivas, de cuja produção somos de alguma sorte
responsáveis no que tange à prestação de serviço que nos compete ofertar-lhes
constantemente.
Assim considerando, não
basta estejamos dispostos a manejar o machado na destruição caprichosa do
vegetal que se tornou passível de nossa reprovação.
E preciso examinar se, à maneira do Senhor, já
fizemos o bem possível para analisar com segurança.
Antes de censurar a
plantação que nos rodeia, reparemos o teor de nosso concurso à terra confiada
ao nosso esforço.
Antes de golpear a árvore
preguiçosa; atentemos para as necessidades que lhe caracterizam o desenvolvimento
e a frutificação.
Muitos reclamam do tronco
desamparado produtos incompatíveis com o abandono em que vive e muitos entregam
frondes: e flores a vermes, raízes e a ervas sufocantes, esperando: inutilmente
a colheita frustrada pela inércia a que se associam
Recordando este símbolo, não movimente a
pesada lâmina da crítica no ambiente em que a Bondade Divina te situou, sem
antes considerar a qualidade de tua cooperação, junto daqueles que respiram
contigo o ar em que te sustentas.
Recorda que se ninguém
pode amaldiçoar a árvore que feneceu por falta de adubação e defesa, ninguém
poderá igualmente exigir seara abundante e preciosa onde apenas se espalhou o
escalracho da negligência.
Atende, enquanto é hoje,
ao círculo de trabalho que te coube no imenso pomar da vida e guarda a certeza
de que do teu suor e do teu carinho na lavoura do Eterno Bem, nascerá, em teu
favor, o celeiro de alegria e vitória com que te enriquecerás no Abençoado
Amanhã.
Renunciação
Abandonar pai e mãe, a fim
de nos confiarmos à perfeita integração com o Cristo, não será, de modo algum,
a negação de nossos deveres domésticos, o esquecimento do nosso débito para com
os progenitores e nem o deliberado abandono das nossas obrigações em família,
para nos entregarmos ao desvario da delinqüência.
A verdadeira renúncia não
é desistência da luta edificante e, sim, o trabalho silencioso no auxílio
àqueles que nos propomos auxiliar ou salvar.
Quem renuncia com Jesus
não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas
e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em
que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na
esfera do próprio "eu" para o justo soerguimento daqueles que o
cercam.
Quem sinceramente abandona
os pontos de vista inferiores, desvencilhando-se das pesadas algemas do egoísmo
inquietante, sob a inspiração do Evangelho, guarda os ensinamentos recebidos e
auxilia aos parentes e amigos, afeiçoados e conhecidos, com desvelo e
segurança.
O Apóstolo, aliás, nos
adverte: "Se não sabemos amar ao irmão que se encontra mais próximo de
nós, como poderemos amar a Deus que se encontra distante?"
Se não amparamos ao
companheiro que vemos, como conseguiremos auxiliar aos anjos que ainda não
podemos ver?
Em matéria de renunciação
não nos esqueçamos do exemplo do Senhor. Vilipendiado, escarnecido, dilacerado
e crucificado, Jesus renuncia ao contentamento de permanecer em seu Divino
Apostolado na Galiléia, aceitando o extremo sacrifício, mas, ao terceiro dia,
depois do transe da morte, sob a Eterna Claridade da Ressurreição, ei-lo que
volta aos beneficiários indiferentes e aos discípulos enfraquecidos, revelando
a qualidade do seu Amor Excelso e Sublime pela Humanidade inteira.
Abandonar os que convivem conosco,
portanto, por amor ao Evangelho, é calar os pruridos de nossa personalidade
exclusivista e gritante, para ser-lhes mais úteis, no anonimato da compreensão
e da caridade.
Para seguirmos ao Cristo
não basta esquecer o mal e sim plantar sobre a ignorância e sobre a penúria que
o produzem, a lavoura divina do verdadeiro bem.
EMMANUEL,
do livro PERANTE JESUS,
psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
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